sexta-feira, 6 de maio de 2011

FIAT 147 ANDANDO A 240 POR HORA



Sabe a filosofia de pára-choque de caminhão? Tem muita bobagem, mas têm algumas muito interessantes....Outro dia na fatídica BR 116 e seu caos contundente,  contemplei em um caminhão a seguinte frase: “Ter ciúme mulher feia é o mesmo que colocar alarme em Fiat 147”, pois  este veículo fazia um grande sucesso e lá pelos anos 80 na bucólica Morungava , tio Dino comprou um destes bólidos de segunda mão. Na transação entrou três ovelhas, uma novilha e um saco de feijão preto! De posse do Fiat vermelho, o qual foi apelidado de “vermelhão”, tio Dino aos domingos pela manhã se deslocava para a missa com a tia Miúda e a tarde assistia as partidas do Morungava conduzido pelo “vermelhão”.  Aliás, quero deixar claro para os meus amigos que ficam tirando sarro que não sabem onde fica Morungava, faço minhas as palavras do poeta João Chagas Leite (é claro que é uma adaptação a minha realidade). “Quem segue o rastro do sol sempre chega a Morungava....Pois não conhece o Rio Grande quem não foi a  Morungava”. Hoje o nosso território não é grande, mas já foi grande por demais... Vocês conhecem Gravataí? Cachoerinha? Alvorada? Glorinha? Tudo faz parte da grande Morungava. Na verdade Morungava iniciava  próximo ao Chuí e seu limite final era na Praia dos Ingleses, depois começaram as emancipações...   Mas voltando ao tio Dino, os anos passaram e o Fiat foi ficando velho, faltava manutenção, sabe como é carro velho, sempre é sinônimo de problema, como todo morungavense, “invocado”, não enfesado, porque enfesado é alguém cheio de fezes (empatado, constipado), tio Dino tomou uma resolução drástica, colocou um cartaz no Fiat onde dizia “Doa-se este carro”. O vermelhão ficou ali seis meses na frente da porteira do sítio e ninguém se habilitava. Numa noite de inverno, tia Miúda ouviu o Peri latindo e imediatamente acordou o tio Dino e avisou: “Olha Arcedino tem ladrão querendo roubar o vermelhão”. Cauteloso tio Dino em voz baixa disse: “Miúda não faz barulho para não atrapalhar o trabalho dos guris, vai que eles se assustam e desistem... Deixa” O velho Dino foi dormir tranqüilo, mas às 5 horas tia Miúda o acorda e grita: “Dino vem ver o que aconteceu” Para surpresa do tio havia outro Fiat 147, só que preto na frente de casa e com um cartaz  “Quem doa um, doa dois”. Um determinado dia tio Dino precisava ir a Taquara fazer um negócio, pegou o amarelão que saiu tossindo e dando tiros estrada a fora, assustando os lagartos e cobras. Ao adentrar na faixa  o amarelão parou e tio Dino ficou ali a espera de ajuda e não demorou muito , um jovem pilotando uma Ferrari parou e ofereceu ajuda. Tio Dino agradeceu e pediu ao jovem se seria possível rebocá-lo até uma oficina que ficava distante uns 22 quilômetros. O rapaz gentilmente atendeu ao pedido.  Munidos de corda, tio Dino amarrou o amarelão na traseira da Ferrari, mas alertou: “Olha tu não anda muito ligeiro senão o carro se desmancha”. O jovem combinou que quando estivesse andando ligeiro demais, meu tio acionaria os faróis dando sinal (os faróis não, só o direito, pois o esquerdo estava queimado). Estrada a fora andando a 40 por horas seguia a Ferrari e o vermelhão, mas o motorista apertou um pouco e andou a 70 e imediatamente tio Dino começou a acionar o farol, apontando o perigo. Velocidade reduzida tudo seguia bem até que um Porche de luxo encostou ao lado da Ferrari e o motorista desafiou o jovem piloto da Ferrari para um pega e não deu outra, o guri atolou o pé, 70, 80, 100, 150, 200 e 240 quilômetros por hora. Escondido atrás de uma árvore um azulzinho com um “secador de cabelos” ou caça níqueis da indústria de multas, detectou na batata 240 quilômetros horários. Imediatamente o guardinha de posse do rádio fez contato com a barreira disposta a cerca de cinco quilômetros a frente “Atenção base chamando... Copiando.... QSV,  Chefe  tem uma Ferrari e um Porche lado a lado fazendo pega se deslocando para ai, os dois passaram aqui a 240 quilômetros por hora e o senhor não vai acreditar, mas eu juro pela minha mãe, tinha um Fiat 147 vermelho grudado nos dois e dando sinal de luz para ultrapassar...”

Um comentário: