segunda-feira, 27 de julho de 2015

COMO UM DIA DE DOMINGO

Sempre sonhei com domingos alegres, repletos de sol e família reunida para o churrasco. Bate papo descontraído sobre o gre-nal, sobre o gol anulado e a flauta comendo solta  debates acalorados sobre política.
Mas a vida é semelhante a uma peça de teatro onde te dão um papel sem perguntar se você quer interpretar. Jogam-te no palco e uma voz então grita: “Em cena”.
Os domingos são meus piores dias, pois invariavelmente estou só. Meus filhos seguiram seus caminhos e como um velho pássaro que permaneceu no ninho; sozinho.
Nestes dias sinto uma saudade enorme de minha esposa que se foi já faz muito tempo. Ela era a grande referência do lar. Hoje estou completamente só. Não tenho problemas financeiros, passei muitas privações para garantir aos meus filhos um futuro melhor que o meu. Vou esquentar o jantar de ontem, pois este será o meu almoço, tendo como sobremesa um mousse de limão solidão com creme de amargura.
Este é um texto fictício, mas que demonstra o dilema enfrentado pela sociedade moderna: a solidão. Nem sempre o poder aquisitivo, as viagens, presentes, casa luxuosa, faculdade é sinônimo de felicidade. Existe muito pobre morando em mansões e muitos ricos morando em favelas.
A sociedade moderna vem criando “seres humanos” doentes. Mentes aceleradas que não conseguem se desconectar dos meios de comunicação. Já parou para observar que a sua volta as pessoas estão com seus celulares a posto, enviando mensagens e fotos, mas esquecem de conversar com quem está próximo?
Tenho medo que o ser humano em função do whats e outras bostas desaprenda algo inerente à raça humana: falar! Numa mesa de almoço estava com mais cinco amigos e um destes estava junto só de corpo presente, pois ficava o tempo inteiro conectado ao telefone. Aproveitei e enviei uma mensagem para ele perguntando se poderíamos conversar. Atônito me olhou e disse: “Tu não muda sempre de brincadeira”, mas captou a mensagem, pois desligou o celular e passou a conversar.
Mas a pior das doenças do século XXI é a solidão que dilacera o ser humano. Nos países ricos da Europa o índice de suicídio aumenta assustadoramente. Estes números não são enfatizados pela mídia para não aumentar estes números. O que falta a estas pessoas? Dinheiro? Carro? Lazer? Segurança? Não, o que falta é esperança. Ah se a tal esperança fosse encontrada em uma farmácia de esquina, poderia ser original ou genérica, não importa o preço seria o medicamento mais vendido.
A sociedade capitalista é a responsável pelos distúrbios sociais, pois forma seres consumistas, individualistas e que hoje adoeceram em função desta competição tresloucada. O mundo é assim competitivo ao extremo. Querer ser um vencedor é a tônica, mas espere um pouco, para haver um vencedor tem existir um perdedor, certo?
O mundo carece de uma retomada de valores a começar pela simplicidade.
O amor, a família e a espiritualidade são o tripé de uma revolução que pode devolver ao ser humano a esperança. Somos da geração que não sabe o que é ler um livro. Que não sabe o que é o calor de um abraço. Estamos vivendo relações virtuais. Somos da geração dos quartos escuros e das telas de computador. Não conhecemos mais o sol e não andamos de pés descalços. Mantemos contatos com gente de Tóquio, Roma, Cingapura, Sumatra, Nova Iorque ou Nova Deli, mas não conhecemos quem mora em nossa casa. Somos filhos da rede (de fazer loucos). Somos filhos da geração Coca-Cola que avançou para o Skype, Facebook. E-mail, whats, mas que dormimos solitários e agendamos consultas caríssimas com o terapeuta mais famoso do Vale.
Pagamos R$ 300,00 reais para alguém nos ouvir e para dormir bem vai ai um Frisium 10 mg? Ou o fenobarbital para te manter tranquilo e conectado com a rede?
Jair Wingert; Jornalista.

segunda-feira, 13 de julho de 2015

DUAS LENDAS DO FUTEBOL

Manguita debaixo dos paus era mágico. No Inter foi o maior de todos os goleiros. Jogava finais com dedos quebrados e o bicho garantido na noite anterior.
A posição de goleiro é algo muito importante, pois debaixo dos paus estes homens que no passado vestiam preto viviam a glória e a maldição em questão de noventa minutos. Amados, odiados, aplaudidos, vaiados atuam numa posição tão ingrata que nem grama nasce no local onde  jogam. “Todo goleiro é louco ou é ...” bem a última parte não vou escrever para evitar constrangimento ao autor da frase que me afirmou que ainda não definiu bem qual é sua opção se a primeira, a segunda ou as duas. 
Sem nostalgia e pieguices confesso que fui testemunha ocular de um período mágico do futebol. Anos 70 e 80 gerações de ouro. Quem vai esquecer  da seleção de Telê Santana em 1982, a melhor de todos os tempos na minha opinião, mas não ganhou nada. Desculpem-me os incautos, e amantes dos brucutus, mas no futebol a arte conta e muito.
Perdoem-me os pernas de pau, mas ser craque é fundamental. Um meio campo com Cerezo, Falcão, Zico e Sócrates e um ataque com Serginho e Éder é algo magnifico. Serginho não era uma Brastemp, Reinaldo era dez vezes melhor, mas vivia de contusões em contusões. A defesa com Leandro na lateral direita, Junior na esquerda e na zaga Oscar e Luizinho. No gol Waldir Peres que não era dos melhores, ou seja, era um ponto frágil. Carlos da Ponte Preta e Paulo Sérgio do Botafogo eram melhores.
Quer como boleiro, como jornalista esportivo ou torcedor tive o privilégio de ver muitos grandes goleiros atuando. Não vi o Raul Blos no 15, mas disseram que embaixo dos paus se agigantava e fazia chover em plena tarde ensolarada. Os mais antigos afirmam que Lev Yashin; russo nascido em  Moscou em 22 de outubro de 1929 era o maior de todos. Na América do Sul ficou conhecido como “Aranha Negra” na Europa o “Pantera Negra” devido seu uniforme todo preto. Foi o primeiro goleiro a ganhar uma Bola de Ouro na Europa em 1963. Aposentou-se em 1971 e  deixou a vida em  20 de março de 1990 em Moscou vitimado por um câncer no estômago. Yashin foi o maior de todos, mas não o vi jogar. Mas vi Benites fechar o gol do Inter. Tive a alegria de ver Taffarel jogar e por aqui vi o Decão no 15 e Cairú, o Renê do 15, do Cairú, o Jorge Baleia do Guarani, do Oriente e do Gandense e o super Zé Carlos da FCC e do Oriente. Mas estes eram humanos, agora me reporto a dois que não eram deste planeta. O primeiro  era um pernambucano  que chegou no Internacional em 1974 sob a desconfiança da torcida e da exigente crônica gaúcha. Hailton Correa de Arruda; o Manguita foi o maior goleiro brasileiro de todos os tempos. Jogou no Sport do Recife, Botafogo de Garrincha, fez parte do insucesso da Copa da Inglaterra em 66 e depois foi para o Nacional do Uruguai onde  se tornou uma lenda, vencendo a Libertadores e o Mundial de clubes. O Inter que montou um dos melhores times do mundo trouxe Manguita com 38 anos, mas alguns diziam que já tinha mais de 40 anos.  Apaixonado por carteado, Manga jogava o bicho do grenal de domingo na concentração com os colegas. Jogava com os dedos quebrados e costumava dizer  “Mim vai todo arrebentado”, numa mistura de espanhol com português. Meus olhos  vislumbraram aos 11 anos de idade na social do Beira Rio em 14 de dezembro de 1975, Manguita fazer milagres como pegar um escanteio de Nelinho só com uma mão. Nelinho exímio cobrador bateu um falta na goleira do Gigantinho na segunda etapa, a bola veio forte e, Manga já havia se atirado para o lado esquerdo, só que a bola fez uma curva novamente e mudou de direção; Manguita em pleno vôo mudou o rumo e retornou em pleno ar, tocando com a mão direita, evitando o gol. Nós nos olhamos na social e nos beliscávamos, pois presenciamos uma das maiores defesas do futebol. Inclusive você que tem menos de 30 anos, vá ao Youtube e acesse final Inter e Cruzeiro 1975 e confira o que estou escrevendo. Manga jogou por vários clubes no Brasil inclusive no tradicional adversário do Internacional, mas encerrou a carreira no Equador. Manga tinha uma das faces mais feias do futebol brasileiro. Para irritá-lo, seus companheiros contavam a seguinte história: disseram que certa vez, em uma visita a uma boate do exterior quando o Botafogo excursionava, Manga conseguiu a companhia de uma esplendorosa mulher. Contudo, antes que deixasse o local com sua acompanhante, seus companheiros o alertaram de que ela não era mulher de verdade, mas sim um homem vestido de mulher (transexual). Manga não se alterou e respondeu: "Não faz mal, ela pensa que eu sou o Jairzinho." Em 1979, ele se aproveitou dessa fama e emprestou sua imagem ao anúncio de um rádio da Philco, onde se lia: "Dura tanto quanto o Manga e é muito mais bonito.”
Em 27 de novembro de 1965 em um amistoso pela Seleção Brasileira, em jogo realizado no Estádio Maracanã contra a União Soviética; cobrou um tiro de meta e voltou para o seu gol sossegadamente, dando as costas para o campo, a bola bateu na cabeça de um jogador adversário que estava agachado, e entrou no gol de Manga fazendo o gol, o jogo terminou empatado em 2 a 2. Em 2010, o Inter trouxe Manga  para Porto Alegre onde atuava como embaixador do colorado, viajando  pelo interior e pelo Brasil nas visitas do Consulado. Em 2012, Manguita  com saudades dos familiares voltou a Guaquil no Equador onde vive.

“Este transformava o inusitado em cotidiano e isso é arte”.
As mãos do velho Manga são provas vivas de quem fez da profissão de goleiro algo extraordinário.
 O segundo  grande goleiro ainda tem muito gás. Também vi Bilú jogar no grande time do 15 de Novembro, “Os professores de futebol”. Debaixo dos paus era  mágico. De média estatura poderia ser considerado baixo, mas voava como um sabiá e possuía uma das melhores reposições de bola com a mão que já vi. Suas reposições muitas vezes ao habilidoso Luzinho na ponta esquerda decretavam contra-ataques mortais. Exímio defensor de pênaltis, Bilú treinava muito. Nos tempos em que o 15 era amador, as empresas de calçados liberavam os jogadores do 15 para treinar as terças e quintas-feiras das 11 da manhã até as 12h e 30min, depois o grupo almoçava e retornava para suas fábricas, resultado, o 15 vencia campeonatos e mais campeonatos. Na segunda etapa as equipes adversárias babavam na gravata. Alguns treinos eram à tardinha, mas sempre após os treinos, Bilú recrutava alguns atletas e permanecia treinando chutes a gol. Sua fama se tornou tão grande que ao falar em goleiro o sinônimo era Bilú.

Bilú defende milagrosamente um chute do lateral Eurico na partida em Campo Bom contra a seleção de Luciano do Vale.
No veterano do 15 de Novembro em 1986 a seleção de másters do Luciano do Vale (TV Bandeirantes – canal 10) não havia empatado nem perdido para nenhuma das equipes do Brasil e numa tarde bucólica, no então estádios dos Eucaliptos, hoje Sady Arnildo Schmidt, os veteranos do 15, com Ismar, Celso, Prego, Naldo, Schuetz, Luia e Cia encararam a seleção de Rivelino, Clodoaldo, Cafuringa, Gil, Lela, Eurico, Ado e foi o próprio 15 quem abriu o placar com um golaço do atacante Prego. A seleção conseguiu o empate, mas o nome da partida foi Bilú que fechou o gol com defesas monumentais, tanto que o técnico Luciano do Vale convocou o gaúcho campo-bonense para o selecionado. Bilú defendeu a seleção brasileira de másters em três amistoso – São Paulo e Minas Gerais e depois voltou para casa com o dever cumprido. Hoje ainda jogando com os amigos quem o vê  atuando na sua empresa que comercializa gás de cozinha, carregando os botijões pelo centro da cidade, sorrindo e dialogando com os amigos do Café do Luciano Taschetto, talvez os mais novos desconheçam, mas este homem foi um lenda. Bilú foi o maior goleiro que Campo Bom já produziu até o momento.
Manga e Bilú me desculpem os mais novos, mas este escriba teve o privilégio, a grata satisfação de vê-los não jogar, porque craque não joga... Se apresenta.
Jair Wingert – jornalista – Reg. Prof. MTb/RS. 10.366.
Na histórica excursão do veterano do 15 para a Europa, Bilú foi um dos destaques. Na foto os campo-bonenses pousam junto com a equipe da Adidas na Alemanha. Bilú é o quinto da esquerda para direita no meio de dois alemães.

terça-feira, 7 de julho de 2015

O CLÁSSICO DOS CLÁSSICOS - MORUNGAVA X GLORINHA

A educação é chave para transformar o meio em que vivemos. O novo homem só surgirá com investimentos pesados em educação. Também creio que o esporte é uma forte ferramenta de inclusão. Você já parou para pensar, quantos campinhos de futebol existem no seu bairro? No Rio Branco anos 70 e 80 havia no mínimo cinco campinhos e todos sempre estavam lotados. O menino que hoje corre atrás de uma bola, amanhã não vai correr da Policia com um três oitão na cintura. No meu tempo craque era quem jogava bem futebol e só. Tem coisas que se eu contar ninguém acredita. Um dos grandes clássicos da região que integra a Grande Morungava, era justamente Morungava e Glorinha. O torneio chegou aos finalmente e a grande final envolvia dois adversários ferrenhos. Não raro os encontros do esporte bretão, ou seja, os prélios entre Morungava e Glorinha terminava em brigas históricas que varavam a noite (prélio, esporte bretão e varavam, o que é a cultura???) Facão, tiros, pedradas, taquaradas eram uma constante. Uma vez numa decisão a briga foi tão grande com tanto tiro que furou a taipa do açude dos Schreiber e deu enchente no Morungava. O árbitro desta partida foi o lendário... Arcedino Vieira Nunes; o tio Dino. Ele apitou a partida final com dois revólveres na cintura e uma caixa de balas nos bolsos. Cada falta apitada ou cartão dado, tio Dino dava um tiro para cima. Encerrada a partida, o velho Dino de tanto tiro que deu inchou os dedos indicadores que não conseguiu tirar as armas das mãos. Somente na segunda-feira ao meio quando os dedos desincharam é que conseguiu tirar os revólveres das mãos. Contando ninguém acredita. Três anos depois outra final. O primeiro encontro aconteceu no campo do Glorinha; chamado de Maracanã. O clássico terminou empatado em 4 a 4 com o Glorinha marcando o gol de empate aos 54 minutos do segundo tempo, lembrando um jogo entre um time da capital e o Caxias. O interessante é que o árbitro era indicado pelo dono da casa, ou seja, em Morungava a arbitragem estaria a cargo do trio – Arcedino “tio Dino”, e como auxiliares – Heitor e Ismael. A semana inteira o Morungava se preparou. Os jogadores até exercícios fizeram, correndo ao redor do campo. A direção liberou verba para comprar em Porto Alegre na Ughini uma bola nova de couro. Coisa linda, um gomo branco e outro preto. Domingo pela manhã mês de julho, cerração baixa, gramado molhado e um frio enorme, mas nós estávamos lá ajudando a marcar o campo com cal. Os vestiários e a copa também foram caiados. Rede nova, goleiras novas com eucaliptos cortados na sexta-feira. Atrás da copa a equipe dos foguetes traçava um plano para soltar três mil tiros quando o Morungava entrasse em campo. Na copa tudo preparado, pasteis, ovo cortido, biju, rapadura e novidade um negócio chamado chiclé Ping Pong que vinha com as figurinhas do campeonato brasileiro de 1975. As bebidas eram sódinha da Cassel, Água da Pedra de Rolante e as cervejas Serramalte e Polar. A cerração levantou e o sol rachou. Para preservar o gramado os jogos do veterano pela manhã e do segundo quadro foram cancelados. A equipe de Glorinha veio em duas Kombi e a torcida chegou soltando foguetes em seis caminhões clima ficou tenso lembrando o clássico Boca Juniors e River Plate salvo é obvio as devidas proporções. Dentro do ritual do futebol, as camisas do Morungava foram benzidas pela dona Lilóca; poderosa nas preces. O técnico do Morungava era o Duarte; delegado em Porto Alegre que treinava a equipe e atuava como volante. O grande ídolo do Morungava era o atacante Sula; goleador da competição com 17 gols e que já atuara nos juvenis do Internacional e como profissional do São José de Porto Alegre, treinado pelo então iniciante Ênio Andrade. Sula chutava com os dois pés, cabeceava bem (sabia fazer gol) e tinha um drible nojento. Era o ídolo da torcida ao lado do meia Alceu e do zagueiro Loth. A equipe do Morungava concentrou no Hotel do Antônio Pohren que todos chamavam de Antônio Porão. O hotel e restaurante ficava na beira da estrada que liga Taquara a Porto Alegre, a RS 020 bem na entrada para o centro de Morungava. Nesta estrada nos anos 60 havia as corridas de carros (baratas), onde os Morungavense ficavam no barranco esperando passar a barata do Catarina Andreatta, do Rosito ou do José Asmuz. O local era local parada obrigatória a quem se deslocava para praia. Não havia a Free Way e Morungava era a rota certa dos veranistas que no restaurante do Antônio Porão saboreavam o almoço caseiro, ou o café com cuca, linguiça do Alebrandt, ovos estrelado com pão caseiro quentinho feito pela dona Verena. Havia no campo no mínimo três mil pessoas, os parapeitos foram logo ocupados. No vestiário do Morungava, Duarte pedia calma e marcação sob pressão. O massagista Lealdino dava um gole de um produto que ninguém sabia ao certo o que era, mas esquentava até as orelhas dos atletas. Uns diziam que a poção mágica do massagista era composta por dez comprimidos de “Reativan”, um tubo de cebion 2 gramas e muita água, mas o velho massagista nunca revelou a fórmula mágica. O Morungava entrou em campo para o aquecimento e ainda hoje lembro o cheiro do óleo verde, produto usado para esquentar a musculatura e muito utilizado pelos jogadores inclusive profissionais. O óleo verde era fabricado pelo Laboratório Catarinense. Aquecimento feito, o Morungava voltou ao vestiário e logo em seguida entra em campo sob uma chuva de papel picado e três mil tiros de foguetes. A “bombonera” era ali meu povo! O jogo apitado pelo tio Dino iniciou e logo o Glorinha chutou uma bola no travessão. O Morungava não se encontrava em campo, errava passes. A bola não chegava até o centroavante Sula que estava como um leão a espera de uma bola, uma única bola. Sula era do tipo dos atacantes que agem como aqueles cachorros que ficam ali no portão deitados dormindo e ai tu entra, pensando “esse guaipeca” só dorme, mas quando tu estás a dois passos da porta, sente uma mordida e uma dor lancinante no calcanhar, olhando para trás e eis que o guaipeca está grudado no teu pé. Assim são os atacantes matadores que se fazem de morto para comer o coveiro. Assim era Flávio Bicudo, Dário “Dadá Maravilha”, Romário, Geraldão, Fernandão, Nilmar, Baltazar, Andrè Catimba e o Sula. O Glorinha abriu o placar numa falha da zaga, fez 2, 3, 4, 5. O primeiro tempo terminou 6 a 0 para o Glorinha. Dizem que no vestiário como fez um presidente de um clube da capital anos depois abriram um garrafão de vinho para comemorar. A torcida do Morungava não acreditava no que estava vendo. Alguns torcedores mais incrédulos disfarçaram e entraram num canavial e foram embora. Os torcedores mais supersticiosos afirmavam que o Glorinha havia encomendado uma mandinga para ganhar o clássico e amarraram os jogadores do Morungava. Se isso funcionasse o campeonato baiano terminava empatado. Segundo tempo inicia e a catástrofe avança num estilo de épico grego. O Glorinha faz 7, 8, 9 e aos 36 minutos faz 10 a zero. Aos 38 minutos pênalti contra o Morungava, a cobrança com perfeição decreta 11 a zero, vexame pior só 7 a 1 contra a Alemanha anos depois sob a chancela do prepotente “Felipão Scolari”. A torcida do Glorinha comemorava e apenas uns 150 torcedores do Morungava aguardavam o término da partida presenciaram algo inacreditável. Aos 42 minutos, o lateral Orlando (irmão da Iolanda Margarida) pegou a bola tabelou com o meia Alceu que alçou a chinóca. Na entrada da área na goleira da estrada, Sula mata no peito e de voleio acerta uma bomba, a bola bate na junção entre a trave e o poste, na forquilha, ali onde a coruja dorme, porém não entra. A goleira fora pregada as traves e para reforçar foi colocado um arame que se soltou ficando um fio de no máximo dez centímetros. Pois não é que a bola ficou pendurada neste fio e com a força do chute ficou balançando, para dentro de para fora do gol e a cada vez que ultrapassava a linha tio Dino atento apitava gol. Quando chegou a 12 gols a bola esvaziou em função do furo com o arame. A partida terminou em confusão, mas o Morungava comemorou mais um título. O Glorinha tentou protestar, mas o ditado é certo troféu no armário ninguém mais tira. Contando ninguém acredita, parece mentira, mas não é. – 100% Morungava – Tem que ter concurso. Jair Wingert; jornalista.

segunda-feira, 6 de julho de 2015

VEREADOR RECEBE VISITA ILUSTRE

A cultura é uma das muitas ferramentas de inclusão, mas a cultura descentralizada, porque como diz o poeta: “Todo artista deve ir onde o povo está”. O vereador Jair Wingert sempre apoiou e incentivou as manifestações culturais, inclusive defende a criação em Campo Bom de um projeto “Cultura no Bairro”, onde  através de  recursos Federais  o município adquira uma espécie de “Circo Voador” e este se instala  nos bairros, onde  durante a semana, pela manhã e tarde aconteçam oficinas de pintura, música, teatro, palestras e no final de semana apresentação da Banda Municipal de Campo Bom numa retreta, bem como, a noite neste “Circo Voador” os talentos locais (músicos, cantores, declamadores) fariam suas apresentações em turno oposto para as crianças e adolescentes, porém esta sugestão do vereador foi reprovada na Câmara de Vereadores  pela bancada do governo PMDB, PP e PPS. 
Esta semana o gabinete do socialista recebeu a ilustre visita do sargento aposentado da Brigada Militar, Adilson Lopes Machado que também é comunicador de rádio e poeta com  vários livros  editados. O sargento Adilson recentemente foi homenageado na Câmara de Vereadores pelos  serviços prestados a comunidade na área de segurança pública e cultural. A homenagem foi proposta pelo vereador Jair Wingert do PSB. 
Sargento Adilson entregou ao vereador Jair Wingert um exemplar de seu livro e um CD contendo poemas e reflexões.
“A escrita do Adilson fala direto ao coração das pessoas deste século marcado pela falta de fé e de esperança”

Na tarde de quinta-feira (02.07), o poeta e comunicador visitou o vereador Jair Wingert para presenteá-lo com um exemplar autografado do seu mais recente trabalho, o livro “Lágrimas de uma mãe”, editado pela Papuesta. Além do livro o sargento Adilson entregou ao vereador um CD contendo 20 mensagens de reflexão de sua autoria.  O poeta também deixou com o vereador um CD para presentear ao vereador Alexandre Hoffmeister (PP); presidente do Legislativo campo-bonense. O poeta trouxe presentes, mas recebeu, pois o vereador entregou ao sargento Adilson, um DVD contendo toda a sessão na qual foi homenageado e um CD com as fotos tiradas na noite da homenagem que o Parlamento prestou. O trabalho foi produzido pelo assessor do vereador Jair Wingert, o publicitário Cláudio Cunha.  O socialista mais uma vez enalteceu o trabalho do sargento Adilson quer como policial, comunicador ou poeta. “Temos que dizer para as pessoas que elas são importantes e que as admiramos enquanto as mesmas estão conosco. O Adilson Lopes Machado, além de meu amigo é uma pessoa do bem e merece nosso reconhecimento. Seus livros servem como um bálsamo curador para muitas pessoas, porque ele escreve  coisas do coração. Fala direto a alma das pessoas solitárias deste século, sem fé, sem amor e sem esperança”, destacou o vereador Jair Wingert.
O vereador repassou as mãos do  poeta   DVD e CD com a gravação e fotos   da sessão em homenagem  na Câmara.