terça-feira, 17 de maio de 2011

PROFESSOR: O FAROL NA TRAVESSIA

Acredito naquilo que pregava Leonel Brizola, Darci Ribeiro que afirmavam que a educação é o caminho para nos tirar do atoleiro. Nosso país nos últimos anos apresentou avanços na educação. Os programas implantados pelo governo Lula oportunizaram acesso aos filhos dos trabalhadores a faculdade, ou seja, a formação acadêmica se tornou possível aos pobres e com isto avançamos, mas ainda é pouco. A gente quer mais e que mais! Mas se a educação avançou porque o ser humano se encontra tão violento? Nunca a sociedade viveu uma crise de valores tão grande. O mundo em que vivemos oportuniza distorções absurdas como, por exemplo: o planeta parar para assistir um “casamento” de um pseudo príncipe da Inglaterra. Tem lógica?  A luta desenfreada para conquistar bens materiais faz a gente esquecer que é humano. A sociedade vem gerando doentes terríveis e muitos não agüentam o rojão e acabam pegando uma arma e muitas vezes cometendo atrocidades terríveis. Regras são ditadas pelo consumismo e estão levando pessoas a loucura. Por falar em loucura o que é loucura? Quem determinou os parâmetros da loucura? Num hospital psiquiátrico da capital havia uma frase no muro: “Aqui nem todos que estão são e nem todos os são estão” O consumismo gera pessoas tensas, doentes ao ponto de um pai quem sabe viciado em trabalho esquecer o seu bem mais precioso (uma filhinha de sete meses), dentro de um carro no estacionamento. Particularmente tenho uma opinião sobre esta crise de valores. Primeiro: tudo começa na família, mas passa pela escola, pois estas instituições tem falhado. As famílias passam lutas para sobreviver e aos poucos deixaram os filhos aos cuidados da escola, quando a primeira escola inicia no lar. Hoje os pais chegam até a escola e dizem: “Cuidem de meu filho. Façam dele um vencedor”. A estrutura educacional está errada, pois premia os melhores alunos e senão vejamos: para ter um vencedor é preciso que exista um perdedor. O sucesso pelo sucesso está asfixiando o prazer e a singeleza de viver. A loucura de ser sempre o número um, criada pelo sistema e desenvolvida nas escolas, para servir as empresas ali adiante é insana. È possível sim ser digno, sendo o quinto, sexto ou décimo. Tudo vale à pena se a alma não é pequena, sentenciou Fernando Pessoa, poeta português. Vivemos um período de avanços tecnológicos fenomenais, mas por outro lado nunca se gerou tantos distúrbios emocionais.  Veja bem, o pedido dos pais deveria ser: “Faça do meu filho, um homem de bem”. A bem da verdade as duas instituições não recebem dos governos a atenção necessária. (Formar pensadores é perigoso para o sistema, pensar é perigoso já se dizia isto em 1964 - cruz credo, bate na madeira!) Sempre defendi a criação de secretarias da Família (município e estado) e um Ministério da Família para desenvolver políticas especificas. Outro ponto importante para exacerbar a crise que vivemos: quando a escola tirou a Bíblia, ou melhor expulsou Deus  de dentro da sala de aula pagamos um preço altíssimo. A escola atual segue um modelo ultrapassado, onde forma repetidores de informação e não livres pensadores capazes de mudar o meio em que vive pelo questionamento. A sociedade é hipócrita e vem pagando um preço alto demais por formar seres agressivos que depois os exclui do seu interior como lixo como se jamais tivessem pertencido a ela. O educador tem papel importante na formação de seres humanos na essência da palavra. Quem apenas investe nos jovens que lhe dão retorno não é digno de ser chamado de professor. Um excelente professor abraça os alienados, atrai os que o decepcionam, cativa os rebeldes e aposta nos fracos que erram com freqüência. O verdadeiro professor aposta naqueles em quem ninguém mais acredita. O modelo de educação vigente é o modelo americanizado que está a serviço da indústria de consumo e do domínio. Hoje as crianças não querem mais brincar de bulita, carrinho de lomba, boneca de  sabugo de milho ( tá louco o negócio é a Barbie do Tio San, ah e não pode ser de camelô, tem que ser aquela que é igual, mas é bem cara, porque a amiguinha também tem), bilboquê, jogar taco, fazer carrinho com carretel de linha, nem mesmo fazer rolos com latas de leite e arame, lembra? Não, tem que ser o brinquedo eletrônico e o mais caro. As meninas e meninos não vestem mais roupas simples, a novela é quem dita o que vão usar como roupas e calçados, mas e na cabeça?  O modelo educacional está falido, pois paga mal os professores é ditatorial em certos níveis, porque ainda hoje não existe eleição direta para diretores de escolas municipais. Os prédios das escolas lembram presídios ou hospitais. Os alunos não sentem prazer de estar na escola. A escola deveria ser um espaço tão agradável que os alunos e pais exigiram que a mesma estivesse aberta nos finais de semana para uma grande integração, com oficinas, com a troca de experiências e vivencias lúdicas. No entanto os pais nem nas reuniões vão, por quê? O modelo é equivocado e não é atraente.  Você ainda acredita num modelo de escola onde os alunos sentam um atrás do outro? A nova escola precisa surgir a partir da indignação e do sentimento de romper paradigmas. O professor precisa ter em mente que o cérebro não tem por objetivo funcionar como um deposito de informações, mas como suporte para a criatividade, um canteiro de idéias. É possível dar nota máxima para quem errou todos os dados, mas infelizmente o atual modelo faz com que as provas não possam medir estas qualidades. Hoje mais de 90% do que é ensinado em sala de aula não tem utilidade alguma. A ditadura da resposta pronta na educação assassinou a arte da pergunta; do questionamento.  A escola vem estressando alunos e professores com excesso de dados e informações. Os grandes gênios da humanidade – Sócrates, Platão, Einstein,  tinham bem menos informações  que a maioria dos profissionais que hoje os idolatram. Por que tiveram sucesso? Não porque tiraram as melhores notas, nem porque a memória era superavantajada, mas sim porque foram insurgentes, indignados, intuitivos, não tinham medo de correr riscos e não eram mentes engessadas.  Caro professor humanize a sala de aula. Façam de suas aulas uma festa; uma sinfonia de amor e culto a vida! Subvertam um pouco o conteúdo programático (assista com seus alunos: Patch Adams – O amor é contagioso) Feche um pouco o livro didático e abra o livro de suas próprias histórias, fale de si mesmo para seus alunos e aí você estará contribuindo para formar pensadores humanistas e não repetidores de informações. Não esqueça meu caríssimo professor que a travessia é mais importante que a chegada e lembre-se sempre: o que mata a sede não é o copo e sim a água! Não sei se disse, mas tentei!

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