terça-feira, 31 de maio de 2011

O VARZEANO NOSSO DE CADA DOMINGO

O futebol varzeano de Campo Bom mesmo com as dificuldades inerentes que possui, sobrevive graças à luta, dedicação e abnegação de dirigentes que são apaixonados pelo esporte bretão. Fico a imaginar a magia que envolve o futebol e as nuances. Em 1993 lembro que enquanto articulista esportivo (Bola na Rede) de um jornal da cidade sugeri a criação do Fórum do Futebol Varzeano. Um encontro envolvendo, dirigentes, técnicos, árbitros e até atletas, onde num domingo pela manhã e tarde era discutido o nosso futebol. Méritos do Rivo Querino Berghann um dos maiores presidentes que a Liga de Futebol Varzeano já teve, porque além de ser competente, era democrático e possuía uma condição primordial: amava o futebol. O Rivo em sintonia com este escriba criou o Fórum do Futebol Varzeano; bons tempos aqueles!
O futebol varzeano ou “vargiano” como diria o filosofo Chutina possui muitas histórias, lendas e mitos. Um dos mitos é o Albeni pai do Saroba e ex-técnico de várias equipes inclusive a consagrada equipe do Saci com seu campo as margens do Rio dos Sinos, ali à direita antes de chegar à Prainha Chico Mendes. E quem não lembra dos incansáveis do Internacionalzinho – Gauchinho, tio Ari, Ireno da Banda e tantos outros guerreiros. O campo do Coloradinho ficava ali próximo da antiga sede da Kolartica na Avenida dos Municípios. E do outro lado da rua onde hoje é o Parque do Trabalhador (antigo CTG Campo Verde era o campo do Avenida time fundado pelo “Sponei” e outros apaixonados pela bola. Também é importante citar o saudoso Onze Garotos com Valeriano, Cau Fischborn, Ita, Pachequinho, Cambota, Zé do Lulu e do grande Decão. E o Gandense?  Time com a mais vibrante e apaixonada torcida da Várzea. O Riograndense também com seus guerreiros – Celso Fagundes, Iraldo dos Reis, Juarez Vargas, Tabajara, Nanico, Luia, Mangel, Tio Dalirio, Chuchu e outros tantos... Poderiamos citar ainda o Primavera do Jorginho, do Valdeci,  do seu Darci Lauck e o Greminho do Tio Lauro, Betão, Edegar e outros. E lá do outro lado da cidade o Independente do Zé Balão, do Rui, do Zezinho e do Oli Zacarias... Já na Metzler o grande Mengo e sua fanática torcida... Flamenguinho do Gilmar Benech, do Crioulo, do Waltair Drusian “Badanha” e o União do Nego, Candinho e tantos abnegados que não deixam o futebol morrer... Quem não recorda com saudades do Palmeirinha de Quatro Colônias, do União da Serra, do São Paulo, do Alto Paulista e do Santa Maria. Na Aurora tinha também o Bangú. E os lutadores lá do 25 de Julho e os guerreiros do Sempre Unidos, do Floresta e do BAE (Bar e Armazém Elemar) com aquele alemãozinho meia direita chamado Gilmar Ulrich que gastava a bola. 
Dentre as muitas histórias lembro que o Gandense foi o primeiro clube varzeano a ter veiculo próprio, quem não lembra da “Leleca” uma Kombi cor de café com leite que foi comprada sem entrada, sem entrada mesmo, durante muito tempo a gente entrava pela parte de trás porque a porta lateral não abria. Em dia de chuva a gente tinha que levar guarda-chuvas em função das goteiras da Leleca. Numa das muitas excursões internacionais, o Gandense se deslocou para Novo Hamburgo onde realizamos um amistoso lá na Boa Saúde (no Buraco do Raio). Numa subida muito forte a gente começou a sentir um cheiro forte de fumaça e então ouvimos o Capilé dizer para o Muçum que era o motorista, ou melhor, piloto, porque a Leleca  tinha piloto e co-piloto, neste caso o co-piloto era o Capilé que fez o alerta: “Compadre a Leleca tá pegando fogo”  Contrariado o Muçum estacionou e a gente desembarcou apavorados e tossindo, porque realmente havia pego fogo na instalação. Depois de alguns anos chegou-se a conclusão de vender a Leleca pois a gente mais empurrava a Kombi do que andava nela. Um dia atrasados para uma partida contra o Palmeirinha em Quatro Colônias, o Luis Paulo; o Purga grande atacante da Baixada estava na boléia numa velocidade de 35 por hora... Nas imediações da Madeireira Campo Bom, o Dica (Leonel Vargas) perguntou: “Ô Purga não dá para ir mais ligeiro?”. O Purga parou a Leleca e o pessoal reclamou: “Pô Purga aqui não é o campo do Palmeirinha” E o atacante motorista saiu com esta pérola: “Ué vocês não queriam ir mais ligeiro? Então estacionei para a gente ir a pé”... Outra vez a gente estava se deslocando para jogar em Lomba Grande e havia um pedágio de uma escola e um grupo de pais gritou: “25 cruzeiros... é para ajudar gente”. Na hora o Porcão (Leandro Lenhard) um baita  volante e quarto zagueiro, desceu e foi entregando a chave da Leleca para os realizadores do pedágio. Ele achou que era uma oferta de compra pela Kombi.  O Gandense vai jogar no Balalaica atrás do Cemitério, campo do São Paulo.... O grupo vai seguindo a pé por aquela trilha lembra? Uns carregando a sacola de fardamentos, outros a de massagem, chuteiras... E aí o Iraldo lembra e pergunta: “Mangel as carteirinhas dos jogadores estão contigo?” O Mangel já indignado saiu filosofando: “Puxa vida... Mas bah Iraldo sou eu pra tudo”. As carteirinhas haviam ficado na sede do Gandense lá na Presidente Vargas. Jogar no Gandense era garantia de não pagar ingresso na discoteca sábado à noite (Chama o Seninho....) Na época o Chutina que era colaborador do time residia no porão da sede e uma noite já etilicamente alterado recordo que ele estava dormindo com a cabeça dentro de uma caixa de som e com aquele barulhão todo eu, o Jorge Baleia (um dos grandes goleiros de Campo Bom) e o Dica (lateral esquerdo dos bons ou melhor dos “marvados” que carcava a muzanga e tirava o pó do osso), ficamos compadecidos e acordamos o Chutina e propomos: “Chutina a gente te leva para dormir lá embaixo no teu quatro” E veja a resposta do nosso herói ainda com cabeça dentro da caixa de som “Vocês são tudo uns abobados quem é que vai dormir lá embaixo? Não dá é muito barulho... Ninguém agüenta”  E para encerrar lembro que uma vez o tio Dalirio treinava o segundinho  do Gandense e jogávamos contra o time do Fridolino em Sapiranga e na segunda etapa tio Dalirio substitui o Purga e o Julinho (irmão do Tonho) que saíram bem indignados, mas no vestiário eles encontram a máquina fotográfica do tio Dalirio... Uma Kodak  daquelas com filme (24 fotos) e ainda faltavam umas oito ou nove fotos.... Adivinha... Purga e Julinho fizeram uma sessão de fotos pelados no vestiário e guardaram a máquina bem quietinhos... Um mês depois que as fotos foram reveladas, Purga e Julinho foram suspensos por um bom tempo... Toda nudez será castigada avisou tio Dalirio no vestiário. Estas são algumas das muitas reminiscências do nosso futebol varzeano de cada domingo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário