quinta-feira, 1 de setembro de 2011

BRIZOLA E SEU LEGADO

O Brasil nos últimos anos avançou muito em muitas áreas, especialmente na esfera social com projetos que beneficiam os menos favorecidos, com ênfase aos programas  que possibilitam filhos de trabalhadores chegarem a faculdade. Mas vejo que a grande mazela que aflige a sociedade brasileira ainda é a corrupção que precisa ser combatida e os ladrões precisam ser punidos com cadeia e devolução do dinheiro usurpado do povo. Meditando no cenário político nacional vem em minha mente um nome, Leonel de Moura Brizola.  Gaúcho que contrariou as regras, menino pobre natural Cruzinha, nasceu em 1922. Órfão de pai que tombou na revolução de 1923, lutando ao lado dos Maragatos; lenço vermelho. Veio para Viamão aos 14 anos onde estudou com bolsa de estudo na Escola Técnica Agricola – ETA. Atuou como engraxate em Porto Alegre e continuou estudando vindo a se formar em engenharia. Foi prefeito de Porto Alegre, deputado estadual e governador do Rio Grande do Sul, deputado federal pelo Rio Grande do Sul e pelo extinto estado da Guanabara, e duas vezes governador do Rio de Janeiro. Por duas vezes foi candidato a presidente do Brasil pelo PDT, partido que fundou em 1980, não conseguindo se eleger. Morreu aos 82 anos de idade, vitimado por problemas cardíacos.[ Ingressou na política partidária no antigo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), tendo assumido sua primeira candidatura a cargo eletivo por recomendação pessoal de Getúlio Vargas – seu padrinho de casamento. Foi eleito deputado estadual às 38ª e 39ª Legislaturas da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, de 1947 a 1955. Casado com Neusa Goulart, irmã do ex-presidente João Goulart, com ela teve 3 filhos: Neusa, José Vicente e Otávio. Exerceu considerável influência política durante o mandato de seu cunhado. Alguns historiadores citam que Brizola, por muito tempo, pressionava Goulart para ser nomeado Ministro da Fazenda, e que suas pretensões eleitorais para com uma Reforma Agrária (bem como de outros líderes da esquerda, como Miguel Arraes) tenham sido um dos ignitores do Golpe de 1964, provocado pelos militares e setores conservadores da sociedade. Brizola não se fartava de usar a frase "Cunhado não é parente, Brizola pra presidente" como slogan pré-eleitoral (na época, havia lei que impedia que parentes do presidente concorressem à sua sucessão). Pesquisas eleitorais visando o não realizado pleito presidencial de 1965 apontavam Brizola como um dos 3 candidatos com reais chances de vitória, ao lado de Juscelino Kubitschek e Carlos Lacerda, os dois primeiros não agradando nem aos Estados Unidos da América nem às oligarquias brasileiras. Em meios as crise de valores e o mar de lama que o Brasil vive fico imaginando, as analises de conjuntura de Leonel Brizola na TV, com seu sotaque gaúcho falando dos “intérésses”. Você pode não concordar com a ideologia trabalhista de Brizola mas deve respeitá-lo. Nunca se levantou uma hipotese de Brizola fosse desonesto ou que estivesse envolvido em corrupção. Apaixonado pela educação criou os “Brizolões”  escolas integrais onde envolviam as crianças o dia inteiro. Era a escola de graça e as crianças com a barriguinha cheia no final do dia voltando para casa. Graças a Brizola milhões de crianças cariocas não seguiram para o crime e a marginalidade. Ao lado de Darcy Ribeiro, Brizola sabia que a educação seria e é o caminho para alavancar o Brasil. Depois de vários anos chegou-se a conclusão: Brizola tinha razão. Aprendi a admirar Brizola por sua ética, por sua convicção e por seu nacionalismo. Uma de suas últimas frases: “Cavalo de raça morre na pista” Quem esquece os debates em 1989 para presidente “Filhote da ditadura” ao se referir a Maluff.  Muitos até hoje (inclusive eu) põe em dúvida a não passagem de Brizola para o segundo turno, porque convenhamos, Brizola seria muito mais adversário a Collor do que foi o Lula naquela eleição. Em bruxas não acredito, mas pero que las hay, las hay.  Recordo com nitidez o tirocinio e visão aguçada de Brizola quando em 1986 em pleno Plano Cruzado do qual eu também acreditei, ele veio para a imprensa e denunciou que o Plano Cruzado era um engodo de Sarney e do PMDB para eleger a maioria dos deputados e governadores e que o Plano não daria certo e mais uma vez Brizola tinha razão. Sempre fui Brizolista e não abro mão de minhas convicções porque acredito nos ideais de Leonel Brizola. Campo Bom e a região do Vale do Sapato deve muito ao ex-governador Brizola, talvez  muitos não saibam, mas quando o Dr. Claudio Strassburger decidiu abrir caminho para exportações de calçados foi justamente Brizola, quem concedeu apoio e passagens aéreas para que o timoneiro do sapato de mala e cuia abrisse as portas para o mercado que alavancou o desenvolvimento de nossa região.  Leonel de Moura Brizola um político na essência da palavra e que faz uma falta enorme nos dias de hoje e assim como Getulio Vargas saiu da vida para entrar para a história, porque cavalo de raça morre na pista.  O legado de Brizola serve como bússola para as gerações futuras. Ele foi um politico honesto e que fazia da politica um sacerdócio. Uma pena que não deram a oportunidade deste gaúcho ter comandado a nação. Brizola ainda no futuro será estudado e redimido, porque foi um estadista, um homem a frente de seu tempo.  – Jair Wingert; jornalista e brizolista. 

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