terça-feira, 16 de agosto de 2011

MOHAMED - O DONO DA LOJA

Um dos folclóricos personagens do Morungava se chamava Mohamed Mustaph todos o conheciam por turco, o que  no começo o deixava bravo, pois na verdade ele era libanês. O que se sabe é que os passaportes eram tirados na Turquia e deste país os libaneses e tantos outros filhos de Abraão vinham para o Brasil em busca de dias melhores. Trabalho, seriedade e honestidade foram marcas deste povo que ajudou a construir a história do Rio Grande do Sul, bem como, aqui puderam escrever sua própria história. Homem de bem, zeloso pai de família e extremamente religioso, seu Mohamed chegou a Morungava como mascate nos anos 40 em plena guerra mundial.  A pé ou no lombo de duas mulas carregava suas mercadorias que eram comercializadas em toda região, incluindo – Glorinha, Maracanã, Mato Fino, Concórdia, Paredão, Santa Cruz, São João do Deserto, Passo da caveira, Passo do Hilário, Vira machado, Figueirão, Pega Fogo e outros. Nas malas perfumes, pasta de dente, colônia Lancaster, remédio para vermes, espelhos, pentes, sombrinhas, guarda-chuvas, sandálias e chinelos.  Econômico e organizado Mohamed logo juntou dinheiro e abriu loja no Morungava e deixou de mascatear. Casado e com família constituída, seu Mohamed se tornou uma figura respeitada na região. Mas dele conta-se histórias que não sabemos ao certo até que ponto são verídicas, mas como dizia Jayme Caetano Braun, o pajador dos pajadores “Em bruxas não acredito, mas que elas existem, existem”. Uma vez conta-se que numa reunião do Rotary Club todos saiam para pegar seus carros no estacionamento e deixavam uma gorjeta no bolso do guardador de veículos. Uns davam 2 reais, outros 5 reais e alguns até deixavam uma nota de 10 reais sem exigir troco. Como de costume ao colocarem a “gorjeta” no bolso do velho Aparício, o guardador de carros, as pessoas diziam: “Ó Aparício isto é para você tomar um uisquinho” E assim passavam um por um: “Isto é para você  tomar um uisquinho”. Chegada à vez de seu Mohamed este com sorriso de orelha a orelha com a mão fechada vai em direção ao bolso do Aparício sentencia: “Ó Abaricia esta é pra du domar um visquinhooo” e segue seu caminho. Minutos depois seu Aparício sente algo estranho no bolso e leva a mão e constata uma pedra de gelo deixada pelo seu Mohamed que se preocupava com os detalhes, afinal todos deram dinheiro, mas e o gelo? Como diria o Nelson Weiss (e o gelo é bom?). Outra que entrou para história, Mohamed chega ao banco em Morungava, aliás, quando abriu uma agência do Banco de Boston em Morungava, tio Dino tentou depositar três quilos (não aceitaram) e fala para o gerente: “Eu quer faze uma embréstimo!!! Surpreso, o gerente pergunta para Mohamed: “O senhor seu Mohamed  querendo um empréstimo? De quanto?”“, questiona. “Uma real”, responde Mohamed. “Um real? Ah, isso eu mesmo te dou”, diz o gerente sorrindo. “Não, não! Eu querer embrestado da banco mesmo! Uma real!”, observa Mohamed. O gerente então afirma: “Bem são 12% de juros, para 30 dias...” Mohamed pensa, coça a cabeça e destaca: “Zem broblema! Vai dar uma real e doze zentavos. Onde eu assina?”, pergunta
O gerente interrompe e alerta: “Um momento, seu Mohamed, o banco precisa de uma garantia. Sabe como é, são as normas”. O velho Mohamed negociante como poucos diz: “Bode begar meu Mercedes zerinha, que tá aí fora e deixai guardado no garagem da banco, até eu bagar a embréstimo. Tá bom azim?”, questiona. O gerente todo feliz e contente como excelente negócio observa: “Feito!!!”
Chegando em casa, Mohamed diz para Jamile sua esposa: “Bronto, nóis já bode viajar bra Balestina zem breogubazon. Conzegui dexar a Mercedes num garagem do Banco do Brasil bor 30 dias, e eu só vai bagar doze zentavos de estacionamento” comenta seu Mohamed. E por falar em gerente de banco, Tio Dino quando vai ao banco em Morungava jamais chama a tia Miúda de bem, com medo que o gerente tome ela por conta das dividas. Tem que ter concurso! 100% Morungava

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