terça-feira, 27 de outubro de 2015

MORUNGAVA EM DOSES HOMEOPÁTICAS (parte I): "ESTES SÃO OUTROS 500"

Vista aérea de Morungava
Morungava é um dos lugares mais bonitos do mundo. Cascatas belíssimas, sítios de lazer, fábrica de farinha e a hospitalidade de um povo que não tem pressa e portanto vive mais. 
Cascata de Morungava
O Dr. Domênico de Masi, italiano  que defende o Ócio Criativo deveria conhecer Morungava  e quem sabe  transformá-lo num laboratório. Estrada de chão batido com flores do campo serpenteando o caminho e uma orquestra de  passarinhos, tendo como pano de fundo o imponente Morro do Itacolomi. Os finais de tarde são mágicos e nestas épocas do ano que antecede os finados sopra um vento vindo da praia o tempo todo. Pois lá em Morungava vive um centauro do Rio Grande, o velho tio Dino firme, forte e rijo como pescoço de corvo. E dentre as muitas histórias envolvendo tio Dino separei duas interessantes que vão te fazer se mijar de tanto rir. Vou escrevê-las em duas partes, ou seja, em doses homeopáticas. 
Lá em Morungava assim como em todas as cidades existe os velhacos, calaveiras, caloteiros... Em Campo Bom, eu conheço uns quantos com nome e sobrenome, alguns até da alta classe. Em  1967 nos tempos  bicudos onde muita gente sucumbia nos porões do DOI-CODI e outras sumiam num rabo de foguete. Tempos em que a esperança andava na corda bamba no solo do Brasil. Nesta época o maior calaveira do Morungava  era o  Aércio do Pó. Alguns afirmam que o nome seria Laercio porém o pai embriagado não se fez entendido pelo escrivão do Cartório, já o do pó não tem nada a ver com Minas Gerais, explico: a  chácara onde Aércio morava ficava num grotão perto da estrada do cemitério que era conhecida como estrada do Pó em função da poeira terrível. 
Igreja Católica de Morungava
Pois num belo dia de primavera com os jasmins dando um perfume  magistral pelas estradas, Aércio chegou na porta da Igreja e perguntou ao padre Albano: “Padre  vou viajar semana que vem para Cacequi, por uma causa o senhor não guardaria para mim 500 mil cruzeiros até eu voltar?” O padre Albano, italiano gente muito boa  afirmou: “Claro meu filho, pode trazer o dinheiro que guardo para ti com maior satisfação”. Havia além do tio Dino, mais umas dez pessoas que ouviram a conversa. Só que o Aércio que  era um baita mentiroso e caloteiro não entregou dinheiro algum ao pároco. No mês seguinte ao voltar de Cacequi chegou a cavalo na frente da Igreja e foi intimando o padre: “Seu padre voltei de viagem e vim pegar meus 500 mil cruzeiros que pedi para o senhor guardar” O padre Albano  retrucou: “Olha seu Aércio, o senhor disse que iria deixar, mas não me entregou dinheiro algum”. O Aércio acostumado a mentir inclusive em debates, putz estou misturando as histórias. O Aércio do Pó que não é de Minas, mas de Morungava engrossou: “Olha seu padre se o senhor esqueceu não quero saber. Preciso dos meus 500 mil cruzeiros”. O padre  italiano, mais vermelho que a camisa do colorado e mais bravo que marimbondo cutucado por taquara foi para o ataque: “Olha aqui seu Aércio não fiquei com teu dinheiro. Tu estás enganado”. O caloteiro Aércio mais uma vez disse: “Olha padre se o senhor está caduco não sei, mas pedi para o senhor ficar com os meus 500 mil cruzeiros e aqui tem gente que estava na frente da Igreja no dia que lhe pedi este favor. Tem gente de prova, portanto quero os meus 500 mil cruzeiros”.  Chegando na frente da Igreja,  Artidor de Souto que era um dos grandes fazendeiros de Morungava e só perdia em terras para o tio Dino que tinha muita terra (embaixo das unhas), vendo o constrangimento do padre Albano Luzzatti e sabendo da fama do Aércio do Pó gritou de cima do cavalo: “O Aércio tu não deu os 500 mil cruzeiros para o padre, tu deu para mim guardar”. O Aércio do Pó olhou para o fazendeiro e não titubeou: “Seu Artidor estes são outros 500, agora eu quero o que deixei com o padre”.  Tem que ter concurso – 100% Morungava. 

Morungava também é ciência
Canela: é um órgão do corpo que serve para encontrar móveis no escuro.

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