quarta-feira, 4 de novembro de 2015

MORUNGAVA EM DOSES HOMEOPÁTICAS - PARTE II - DR. PLACENTA E O PADRE REÜS.

Lá em Morungava dificilmente alguém morre de problemas cardíacos e sabe qual o segredo deste feito? As pessoas de Morungava não tem pressa. Fala mansa, tranquilidade e o consumismo passa longe principalmente os nativos do lugar. A ciesta depois do meio dia, o sorriso largo. O Morungavense quando passa por ti te cumprimenta, tira o chapéu e o aperto de mão é forte. Coisas de Morungava , um pedacinho de chão onde a paz impera. 
Pois dentre as muitas histórias que tio Dino me contava no galpão a beira do fogo de chão, aliás, adorava nas noites de sexta-feira ficar junto do galpão ouvindo os causos dos antigos. O chimarrão corria de mão em mão num ritual essencialmente democrático, enquanto a carne era assada com lenha e os espetos de camboin e ao invés de sal grosso; salmoura. Tio Dino num ritual  “benzia” a carne com galhos de bergamoteira. Na verdade embebecia os galhos na salmoura e batizava a carne. Amava sentar ao pé do fogo e atento ouvia as histórias  destes Confúcios galponeiros que estão de bota e bombacha nos galpões da nossa pátria; o Rio Grande. 
Tio Dino contava que nos anos 60 um sujeito metido a esperto comprara uma moto que na época se chamava motociclo. O sujeito de nome  Almiro se gabava de não ter carteira  de motorista e andava por todos os lugares. Um dia  quando se deslocava para Taquara que assim como Gravataí faz parte da Grande Morungava, vislumbrou de longe uma barreira da Policia Rodoviária. Esperto como mascate turco, Almiro engendrou um plano, desceu da moto e uns quinhentos metros veio empurrando a “bichinha”. Quando chegou perto da barreira, o policial perguntou: “Problemas na moto amigo?”. Almiro respondeu de pronto: “Não seu guarda é fé mesmo. Fiz uma promessa que se conseguisse comprar uma moto pagaria uma promessa, empurrando a moto até o Padre Reüs em São Leopoldo”. O policial bem católico se emocionou e mandou Almiro seguir adiante e nem pediu documentos, nem carteira de motorista. Para manter a cena, Almiro seguiu pela faixa empurrando a moto. Quando pensou em sentar na moto e seguir para Taquara, a viatura da Policia Rodoviária encosta e o policial com os olhos marejados desce e diz: “Olha contei teu caso para meu superior pelo rádio e ele me autorizou te escoltar até o Padre Reüs. Pode seguir que estamos juntos”, disse o policial.
A outra história é referente ao  Paulo Lagarto, sujeito que  adorava praticar pequenos furtos. O prazer do Lagarto era roubar uma enxada, um balde, um arreio de cavalo, uma galinha, um garrafão de vinho. O que deixasse na reta, o Lagarto levantava. 
Um dia o Lagarto roubou um violão do Dr. Placenta, explico, o médico se chamava Onofre e era tão feio que o pessoal brincava  que a parteira teria jogado a criança fora e criado a placenta e ai ficou Dr. Placenta.  Pois o dizem que o Dr. Placenta andou com dois meses de idade, porque ninguém queria pega-lo no colo. O Dr. Placenta levou o caso do roubo do violão ao delegado Duarte. Na delegacia o delegado chamou cinco testemunhas. Todos sabiam que o Lagarto tinha roubado o violão. O Delegado Duarte habilidoso policial e nos domingos centromédio do time do Morungava perguntou as testemunhas: “Vocês viram o seu Paulo que atende pela alcunha de Lagarto roubar o violão do Dr. Onofre?”. Todas as testemunhas foram unânimes em dizer que não viram, mas que sabiam que era o Lagarto autor do delito. Delegado Duarte experiente, coçou o queixo e disse: “Olha se não tem provas não posso prender o seu Paulo” e olhando para o acusado que estava de olhos arregalados afirmou peremptoriamente: “O senhor seu Paulo está absolvido entendeu?” questionou o delegado. “Absolvido Dr. Duarte, mas  e dai eu devolvo o violão ou não?” Perguntou Paulo Lagarto que ficou duas  semanas no xilindró. Tem que ter concurso – 100% Morungava.

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