quarta-feira, 26 de novembro de 2014

UM PAPA EM MORUNGAVA

E o pior é que tem gente que não acredita quando escrevo sobre Morungava... Estou quase desistindo... Já escrevi de uma festa que fizemos no Morungava lembra?  Na verdade não foi uma festa grande, digamos que foi uma festinha, coisa pequena, para comemorar a vitória do Olívio Dutra (o galo Missioneiro), em 1998 a gente preparou algo bem simples. Foram mais ou menos 20 bois, 14 ovelhas e 350 galinhas.  A churrasqueira foi aberta de retro-escavadeira e tinha 540 metros de comprimento, dois e meio de altura por dois de largura. Como era uma quantidade razoável de carne tivemos dificuldades em espetos, aí surgiu à idéia: derrubamos um capãozinho de camboim, onde depois a Prefeitura construiu cerca de 180 casas populares, mas que fique claro reflorestamos em outra área depois.  Outro problema foi salgar esta quantidade de carne, mas como morungavense não se aperta, compramos todo sal de Gravataí, Cachoerinha, Alvorada, Glorinha e Taquara.  E salgar tudo isto? Foi ai que tio Dino teve a idéia, falou com o Loth que tinha um avião agrícola, colocaram a salmoura e os temperos no tanque e o avião sobrevoa a churrasqueira e em rasantes pulverizou tudo. A festa durou três dias, culminando com um baile no Salão do Anselmo que reuniu tanta gente que a orquestra teve que tocar pelo lado de fora do salão. Sabe aqueles janelões de madeira com tampões? Pois é os músicos abriram e colocaram os instrumentos por ali para animar o baile. O salão lotou tanto que um velho lá do Vira Machado dançando no meio do salão teve um piripaque e morreu, isto por volta das 4 horas da madrugada, mas o corpo só caiu por volta das 6 horas da manhã quando o salão esvaziou.  Ah é bom lembrar que em Morungava antigamente dava muitas brigas nos bailes, inclusive tinha uma placa bem no palco em letras garrafais onde se lia: “Proibido atirar nos músicos”  E para completar a introdução, o valo onde foi feita a churrasqueira encheu de sal e tempero, depois choveu se transformando num Pesque e Pague e por causa do sal tem até peixe do mar! Pois lá em Morungava teve uma época que tio Dino atuou como taxista, sendo que o ponto ficava ali na faixa perto do Bar e Restaurante do “Antonio “Porão” (Pohren). O táxi era um Opalão cor de vinho, quatro portas. Corria o ano de 1978 e descobriu-se que de forma secreta o Papa João Paulo II ou Karol Józef Wojtyła que estava no Estado viria a Morungava visitar um parente seu, o polaco Augusto como conhecíamos. Segundo falava-se o  polaco  era primo do Papa e vivia no sopé do Morro do Itacolomi onde plantava bananas, bergamotas, produzia mel e queijos finos que eram vendidos em um hotel famoso da capital.  O bispo articulou para que o Papa fosse levado escondido a Morungava e tio Dino teve a incumbência. Naquele dia  lavou o carro e até aquele cheirinho que comprava no Posto de Gasolina  do Almiro ele colocou.  O vigário de Roma chegou ao sitio de seu parente por volta das 10 da manhã, depois almoçou e solicitou que tio Dino o levasse até Porto Alegre, mas alertou num português meio atrapalhado “Vaaaamossss paaara Pooorto Alegreee... Beeeemmmm raaaapiiiido, porqueee estooou atraaasadoooo. Deeixa que eu voou dirigiinnndoooo...”. Tio Dino relutou, mas uma ordem do Papa deve ser cumprida. O velho Dino passou para o banco de trás e o Papa assumiu a direção. Atrasado o vigário de Roma “carcou a muzanga”, “sentou o sarrafo” e o Opalão seguiu em direção a Porto Alegre bem ao estilo do Ayrton Senna, só que mais adiante próximo do Pampa Safari havia uma barreira da Policia Rodoviária que interceptou o táxi. O policial ao verificar o motorista ficou assustado e foi até o rádio e pediu orientação: “Atenção base, copiando QSV... Parei um Opala que estava a 150 por hora, o que faço?”. Do outro lado o superior disse: “Cumpre a lei soldado, multa por excesso de velocidade, entendido?”perguntou e do outro  lado do rádio o soldado afirmou: “Chefe é que é gente importante que vem dentro do carro... Para o senhor ter uma idéia, talvez possa pensar que estou louco ou que bebi, mas chefe é gente muito importante que vem dentro do táxi porque o motorista desta pessoa para ter uma idéia é o Papa”. Se eu conto ninguém acredita. Tem que ter concurso -  100% Morungava -

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