quinta-feira, 5 de abril de 2012

MEU CORAÇÃO É VERMELHO

Internacional 103 anos de glórias e conquistas, o campeão de tudo. O Campeão do Mundo FIFA 2006
Dia 4 de abril o Sport Club Internacional completou 103 anos de fundação. Mais que um clube, o Colorado é uma nação. É uma paixão inebriante que nos enternece e às vezes nos leva aos píncaros da glória, outras vezes nos deixa tristes; abatidos, mas jamais derrotado. Quantas vezes, o Gilmar Ulrich dizia “Nunca mais vou ao Gigante, foi a ultima vez”, após uma derrota, na outra semana, jogo decisivo e o Gilmar ligava “Vamos ver o Colorado Domingo?” E lá seguíamos nós no Corcel II metálico. Fiquei a me questionar quando e por que me tornei Colorado? E sabe que não sei, na verdade 99% dos Wingert que conheço são Colorados, alguns eram do outro lado até dois três meses de vida, mas então o milagre aconteceu e os seus cérebros passaram a funcionar de forma normal e se transformaram em Colorados. Se você que está lendo esta crônica é Wingert e torce para o outro time, aviso: tem alguma coisa errada contigo. Persistindo os sintomas procure um médico, quem sabe o Paulo Bobsin ou a Luciana Benetti Rhoden; dois excelentes profissionais da área de psicologia (depois vai à fatura do comercial neste Blog seleto). Nasci em 1964 ano do golpe militar (golpe sim, não teve nada de revolução) e nesta época o outro time é quem comandava e enfileirou títulos até 68 e em 69 inauguramos o Gigante e aí conquistamos 8 títulos gaúchos seguidos, dois brasileiros, 75 e 76 e em 79 ficamos campeão  brasileiro invictos. Nada acontece por acaso. A vida é feita de momentos e estes são os únicos que ficam guardados na nossa memória, porque, eles é que fazem a vida valer à pena. Aqueles jovens visionários e sonhadores em 1909 não tinham noção do que estavam criando, eles não criaram um time, não criaram um clube e sim uma paixão arrebatadora. Eu acredito sempre, alías, todo Colorado é alguém que acredita sempre... Me pego pensando no gol iluminado, o que será que pensou Dom Elias Figueroa em 14 de dezembro de 1975 quando dentro do facho de luz cabeceou aquela bola alçada pelo Valdomiro, contra o Cruzeiro? O que pensava o Escurinho eterno camisa 14 a cada grenal que entrava e fazia a alegria de um povo? O que pensou Geraldão quando fez cinco gols em dois grenais? Todo Colorado sabe que para nós tem que ser difícil senão não tem graça. Para nós tem que ser no sofrimento. Jogo fácil? Ah só quando acaba. Nossas conquistas têm que ser tipo drama mexicano ou estilo Hamlet de Shakespeare. Sabe, com o Colorado tem que ter lágrimas, roeção de unhas (das mãos e dos pés), quem esquece o jogo contra o Estudiantes em La Plata, o gol da fumaça aos 45 minutos, bendito Juliano “Talismã”? E a vitória em cima do Barcelona em 2006? No último minuto aquela bola chutada pelo Ronaldinho (que estava com a camisa do outro time por baixo, para mostrar no final do jogo), que nós todos colorados tiramos com os olhos junto com o Clemer. Até hoje quando assisto aquela falta tenho a impressão que a bola ainda vai entrar. E o Rolo Compressor? E o que será que sentiu Larry quando fez 4 gols, dos 6 a 2 no grenal de inauguração do estádio do outro time em 1954. Fernandão, nosso capitão campeão do Mundo FIFA estréia num grenal fazendo o gol mil, nada é por acaso. E no ano passado fomos para o estádio do nosso adversário com o campeonato já perdido, mas quem disse que para nós existe lógica e que história é esta jogo ganho, lembro o grenal do século que afirmam, nossos adversários abriram uma champanha no vestiário, o primeiro tempo terminou 1 a 0 para eles e nós com apenas 10 jogadores. Viramos, Nilson fez dois gols e vencemos. Pois em 2011 eles podiam perder por até um gol de diferença e saíram vencendo, viramos de forma heróica, ganhamos o título gaúcho pela 40ª vez. Mérito de Falcão, o grande injustiçado, a exemplo de Fossati.  Todo Colorado é um pouco Manga, Taffarel, Clemer, Sóbis, Tesourinha, Indio, Yarlei, Carlitos, D’Alessandro, Nilmar, Alex, Taysson, Claudiomiro, Bolívar, Fernandão, Gabirú, ídolos, heróis, lendas que ajudaram a construir nossa história. Agora nos preparamos para sediar a Copa do Mundo, uma conquista do nosso povo, da direção do Inter e que contou com o apoio decisivo da nossa Presidente Dilma Rousseff. Temos certeza que o Gigante ficará lindo, um estádio a altura de um clube que terá até final do ano 200 mil sócios, o terceiro maior do mundo em sócios. Não é nada pessoal, mas a obra alí na entrada de Porto Alegre, a nova casa do nosso adversário também está ficando bonita, um estádio a altura de um campo de treinos para os jogos da Copa do Mundo de 2014, uma vez que os jogos oficiais serão no Gigante. Também dentro da política do respeito e do bom relacionamento acredito que seremos, nós o Colorado convidados a inaugurar o novo estádio assim como fizemos em 1954, do mesmo jeito!  Mas o que é ser Colorado? Não sei explicar, é algo mágico, visceral, epidérmico e as vezes me bate uma saudade das tardes no Gigante no final dos anos 70, lembro com nostalgia o Fritz, Claudio, Altemir, Gilmar Ulrich,  Jorge, Careca, Leonel, Sula, Everaldo, Laone, Nata, Schimia, Alcione, Gilberto e o Ferrari, a “turma do Morro”,  saíamos no ar e a festa seguia pela Padre Cacique, Borges em direção a Rodoviária. Íamos a pé para poupar e no caminho juntávamos o dinheiro e não raro a gente tinha que dividir o cachorro quente e o refri, mas Colorado é assim solidário, unidos na hora boa e ruim, unidos até no repartir o cachorro quente. Não esqueço, nestes 103 anos que o Colorado desde 1927 aceitou em seus quadros jogadores negros, mostrando porque é o clube do povo, um clube sem preconceitos. Outros clubes só aceitaram negros muitos anos depois. Dentro do Gigante o ambiente transcende e ali você passa a fazer parte de uma família e quando o bicho pega e da arquibancada o mar vermelho se movimenta, o Gigante ruge “Inter tua és minha paixão.... O Gigante me espera para começar a festa... Sempre estarei contigo...”  “Vamooooo... Vamoooo.... Inteeeerrr...”, neste instante é a regra da  lógica cartesiana e aí ao invés do time ter uma torcida a torcida tem um time e isto é digno até de uma análise por parte do Dr. Rebelatto “O Freud dos Pampas” como diz o jornalista Bibo Nunes, porque lá dentro o time arrepia. No Gigante a gente se transforma numa família, cuida de uma criança para o pai ir ao banheiro, conversa sobre a escalação com quem você nunca viu antes, mas parece que já conhece a “trocentos anos”.  É por isso e muito mais que ao completar 103 anos de fundação, bato no peito e grito: Meu Coração é Vermelho, de vermelho vive o coração!

Nenhum comentário:

Postar um comentário