quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

MORREU ABRAHÃO LERMAN

Massagista do Cruzeiro de Porto Alegre por mais de 40 anos, Abrahão Lerman morreu na terça-feira 14.02, aos 87 anos, após complicações decorrentes de uma cirurgia no intestino. Ele estava internado no Hospital de Pronto Socorro (HPS) da Capital.O Cruzeiro sempre foi uma paixão de Lerman. No clube, começou como goleiro. Depois, com 22 anos, tornou-se massagista do time, função que exerceu por mais de quatro décadas. Por isso, é comum vê-lo nas fotos históricas da equipe. Abrahão integrou a equipe do Cruzeiro; primeiro clube gaúcho a excursionar pela Europa em 14 jogos (1953/54).
Em 1987, com o departamento de futebol do Cruzeiro desativado, Lerman passou a trabalhar com os árbitros. Foi massagista do Sindicato dos Árbitros de Futebol do Rio Grande do Sul até novembro passado. Além dos juízes gaúchos, costumava atender a profissionais de outros Estados que vinham apitar jogos de Grêmio e Inter em Porto Alegre.Ele fez amizade com gente como o Arnaldo Cezar Coelho (ex-árbitro, hoje comentarista) e o Armando Marques (ex-presidente da Comissão Nacional de Arbitragem).
O seu Abrahão como era carinhosamente chamado era considerado um dos melhores massagista do Brasil. Ele tinha em Campo Bom grandes amizades especialmente com o técnico Gilberto Wingert (15 de Novembro, Oriente, Cairú, Lomba-grandense e outros). Quando um atleta tinha um caso grave, para Porto Alegre se deslocava o Gilberto levando o jogador até o seu Abrahão que sempre  recebia em seu apartamento os pacientes com sorriso largo e cheio de histórias; uma verdadeira enciclopédia do futebol. Valia a pena ouvi-lo. Um homem de bem que fez de sua profissão uma lição de amor, honestidade e abnegação.  Sua esposa dona Amantina; colorada doente sempre nos recebia com carinho e não obstante convidava para uma xícara de café ou chá acompanhado de biscoito. Em muitas oportunidade dona Amantina e seu Abrahão foram presenteados com sapatos produzidos em Campo Bom, principalmente da marca Fillis.  Posteriormente dona Amantina adoeceu e a gente sentia que seu Abrahão sofria junto e o olhar do velho massagista perdia o brilho em função da enfermidade da eterna companheira que o acompanhava aos estádios; principalmente no Beira Rio. Na mesa de massagem com um aparelho “milagroso”, inventado pelo próprio, o velho e bom Judeu fazia milagres. Recordo uma oportunidade em que perguntado sobre o um atleta de Campo Bom que ele estava fazendo a massagem, se o mesmo poderia jogar no domingo, com um charuto cubano no meio dos dentes, com sorriso maroto e olhar aquilineo, o velho Abrahão lascou: “Olha Gilberto, ele só não joga se for mascarado, do contrário poderá jogar”. O último contato que tive com seu Abrahão e pude abraçá-lo foi em 2005 na final do gauchão contra o Inter no Estádio Sady Schmidt. Naquela decisão onde o Colorado venceu na prorrogação com dois gols de Souza; aquele que atua no Bahia. Seu Abrahão atuou nesta partida como massagista do trio de árbitros. A partida foi dirigida por Carlos Simon. Morreu o homem mas ficou sua fama de amigo leal, bom pai de família e acima de tudo um profissional de alta performance.
Natural de Porto Alegre, Lerman era viúvo de Amantina da Silva Lerman há sete anos. Tinha dois filhos -  Otilia e Miguel que também é massagista como o pai, bem como,quatro netos e dois bisnetos. O sepultamento de Abraão Lerman ocorreu  na quarta-feira no Cemitério Israelita, na rua Guilherme Schell 315, em Porto Alegre. – Jair Wingert – jornalista.

Nenhum comentário:

Postar um comentário