segunda-feira, 31 de outubro de 2011

VALORES

Paulão vive a rotina que desgasta e dilacera relacionamentos. É do trabalho para casa, da casa para o trabalho e nos últimos tempos ainda dá uma passada no bar do Jacaré onde no começo tomava dois martelinhos de cachaça com biter, agora são dois copos grandes.  Chega em casa todo dia tão cansado com o rosto preocupado, sem palavras tão calado. Vai direto para o quarto sem perceber que alguém em seu caminho segurando um livrinho tinha algo para mostrar. Era o retrato de um pai e seu filhinho, caminhando lado a lado de mãos dadas por um caminho florido. O tempo passou e Paulão seguia sua rotina, sem saber ganhava tudo, mas perdia muito. Não deixava faltar nada em casa, mas faltou o principal. O menino do desenho cresceu sozinho; adolescente revoltado, de viciado logo passou a traficar e Paulão a reclamar que vivia só a trabalhar para não deixar nada faltar e às vezes até exclamava: “Viu o que a Rede Globo fez com meu filho”. Hoje o desenho que tem para mostrar é o retrato do filho pendurado com a palavra procurado. E eu me pergunto: será que um pouco de amor não teria levado esta história para outro final?  A história de Paulão e de sua família é a história de muitos seres humanos que priorizaram o carro novo, a reforma da casa, a pós graduação, mas esqueceram do principal: a família. A luta pela sobrevivência, a competição maldita da sociedade que valoriza mais o ter que o ser vem gerando pessoas doentes. Uma sociedade que envelhece piorando, onde os valores elementares cairam no esquecimento. Experimente falar no seu grupo de amigos, de trabalho, de escola em três coisas: fidelidade, Bíblia e família e se sentirá como um velho dinossauro; um “animal em extinção” A família precisa ser cuidada, porque é a partir da família que vamos ter uma sociedade sadia e equilibrada, conseqüentemente um mundo melhor. As famílias não dialogam mais, são estranhos que vivem no mesmo teto. Pais e filhos que seguem sua tétrica romaria de final do dia, ou é ler o jornal do dia, ou assistir aquele programa de final de tarde onde se virar a televisão sai dois litros de sangue e quem sabe algumas vísceras e depois segue com as novelas, onde os valores são invertidos e traição e outras mazelas entram na nossa casa sem pedir licença. Ninguém senta para conversar e perguntar como foi o dia. Um conhecido meu contou que certa feita no MSN fez amizade com um jovem e o diálogo se aprofundou, a amizade foi se tornando forte, até que um dia ele perguntou: onde você mora? E o garoto informou: Em Campo Bom”  Meu amigo estupefato disse: “Talvez a gente se conheça, porque eu também sou de Campo Bom”. O dialogo foi ampliado: “Em que rua você mora?”, perguntou o guri. E resposta: “Moro na rua (.....), número (...)”. Meu amigo gelou e disse: “Ué, mas espera aí, eu também moro neste endereço. No outro lado do computador lágrimas molharam a face daquele amigo, porque na verdade ele estava dialogando com seu filho que estava no quarto ao lado, tão perto e tão longe, e com o qual não conversava fazia muito tempo em função de desavenças tolas. Famílias vivendo feito ilhas de solidão. Até quando? Até quando? Valores apenas valores....
  
Para Meditar: Muitos pais investem somente nos pés dos filhos quando deveriam investir na cabeça, ou seja, ao invés de tênis com luzinha, amortecedor, qual foi a última vez que você comprou um livro e mais do que isto, qual foi a última vez que você sentou com ele para ler? Pense nisso.

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