quinta-feira, 14 de julho de 2011

MORUNGAVA: GUERRA & PAZ

Numa de minhas recentes crônicas abordei as festas que são realizadas lá no Morungava e quando as pessoas citam as festinhas que são feitas por aqui fico com pena dos viventes. Para começar as festas lá na minha terra agora são apenas sete dias, mas bem antigamente eram 20 dias de puro divertimento. Para ter uma idéia para comemorar uma eleição municipal a gente fez aquela festa que citei outro dia. Foram 10 bois, 17 ovelhas, 5 búfalos e 500 frangos, fora os 3 mil quilos de salsichão para o pessoal aperitivar. Foi um troço por demais macanudo!  Fazer a festa não é difícil, o brabo é operacionalizar, ou seja, organizar a logística do negócio e não deu outra chamaram Tio Dino que cuidou dos detalhes com extrema maestria. Para ter uma idéia os espetos tudo de madeira foram retirados de um mato de eucalipto que depois no local foram construídas 190 casas populares (Minha Casa Minha Vida) Num total de 5. 423 espetos de madeira. Tio Dino contratou uma retro-escavadeira que abriu um valinho de três quilômetros de cumprimento, num total de 2 metros de altura por 2 de largura. O brabo foi salgar esta carnaiama toda, mas como todo bom morungavense, Tio Dino encontrou a solução contratou um piloto amigo seu que pulveriza as lavouras de arroz ali pelas bandas do Caraá. Fizeram 3.500 litros de salmoura, para ter uma idéia, o estoque de sal, manjerona, cominho, salsa, temperinho verde da região ali de Taquara, Pega Fogo, Morro Pelado, Fialho, Glórinha, Monjolo e Gravataí terminou. Esta pequena festa em Morungava resultou num super aquecimento da economia regional. De posse da salmoura, tio Dino e Juca o piloto, sobrevoaram os 3 quilômetros de churrasqueira e pulverizaram a carne; coisa linda de se vê! A festa durou 7 dias e os bailes no salão do Ancelmo lotados todas as noites, a bandinha tinha que tocar pelo lado de fora do salão, ou seja, se abria os tampões (janela) e os músicos colocavam os instrumentos pela janela para animar a turma.  Brigava não dava mais nos bailes, mas havia uma placa dos tempos antigos, onde podia se ler junto ao palco em letras garrafais, a frase: É expressamente proibido atirar nos músicos! Tinha tanta gente nos bailes que num dos dias, um senhor quase idoso de 122 anos, sofreu um infarto no meio do salão, isto por volta das 3 horas da madrugas, mas só veio a cair às 6h e 30min no finalzinho do baile, quando esvaziou o salão. Depois da festa provando que a natureza é sabia e que devemos manter o desenvolvimento sustentável, para ter uma idéia, os 3 quilômetros de churrasqueira ficaram repletos de sal, mas muito sal, acabou dando uma forte chuva que encheu o valinho e não se sabe como, mas no local hoje tem peixe e em função do cloreto de sódio, os peixes são do mar. Resumindo: em Morungava criou-se um Pesque Pague Municipal.  E para aqueles que acham que é mentira me socorri da velha mala da Tia Miúda onde estão as fotos históricas e pasmem, encontrei duas fotos desta pequena festa realizada no Morungava.
 Todos sabem que a rivalidade entre as cidades sempre existiram – Campo Bom x Sapiranga, descendo a lomba da Brasil, meus amigos hamburguenses costumam dizer que Campo Bom é um excelente bairro de Novo Hamburgo para se viver. Mas nos anos 40 Tio Dino disse que os morungavenses, motivados etilicamente e lembrando os feitos farroupilhas resolveram fazer uma revolução  e enviaram uma mensagem a Gravataí:
"Cambada de frouxos: declaramos guerra! Temos 385 Cavalos e 2 mil homens morungavenses". Gravataí então responde: "Aceitamos a declaração. O nosso Exército  tem 38 tanques, 16 aviões, 98 caicos e 25 mil de soldados." Após dois longos dias de intensa discussão e almoços na Prainha dos Schreiber, o Estado Maior da Guerra morungavense, coordenado pelo general Arcedino Nunes, que também atendia pelo codinome de Dino, o meu Tio Dino, aliás, general de duas patentes, uma delas ainda continuava sendo usada, mesmo depois da construção do banheiro com água encanada. O velho Dino estrategista de guerra se aconselhou com dois generais que eram seus amigos e conselheiros – General Eletric e General Motors e depois de muito analisar, responde ao Exército de Gravataí: "Retiramos a declaração de guerra...Não temos como alojar tantos prisioneiros". Mais ahhh!!!!! Tem que ter concurso – 100% Morungava!

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