quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

ANTONIETA: UM ENCANTO DE MENINA!

Antonieta, Antonia ou simplesmente Tonha em vários momentos.
O responsável pelo padrão de jogo da seleção de 1970, João Saldanha foi derrubado pelo ditador Medici que queria escalar Dário no lugar de Tostão, era uma das grandes cabeças pensantes da América Latina, pois o gaúcho João Saldanha amava os gatos e afirmava “Não confio em uma pessoa que não gosta de gatos”. 
Os animais nos encantam e neste mundo conturbado de inversão de valores eles nos oportunizam lições de amor, respeito e fidelidade. Os Wingert sempre tiveram uma excelente relação com os gatos. Os felinos são independentes, leais e carinhosos e esta história de que gato não gosta do dono e sim da casa foi escrita por algum idiota que não entendia nada de gatos. 
De férias da labuta e recarregando as baterias para este ano de 2016 que promete em todos os sentidos, dentre as muitas tarefas outorgada a este escriba que está vereador surge a missão de cuidar por 16 dias da pequena Antonieta (que nós já batizamos de Antonia e já estamos chamando até de Tonha). A Antonieta é conterrânea do ex-governador Tarso Genro, vinda de Santa Maria da Boca do Monte foi um presente da família do Jander, os Martins à Vitória. Espera que eu explico: O Jander é meu genro, casado com minha filha Vitória. 
Muito bem, a Antonieta é uma fofura, toda branquinha, mas extremamente hiperativa, sempre correndo, pulando e procurando algo para morder e brincar. (Será que esta gata não tem que tomar gardenal? Oh, telefone da Manéli “Cala esta boca!) A pequena gatinha tem seis meses de vida mas é um encanto. A cada descoberta é uma festa para desespero de nosso velho gato Koda que com seus 12 anos tem que enfrentar com muita paciência as ações intempestivas da pequena “Tonha” que apenas quer brincar. A vinda da Antonieta para nosso lar serviu para que o Koda pudesse exercitar a paciência e a calma, porque muitas vezes ele sai em retirada estratégica para não bater na pequena arteira. Não sem antes bufar e mostar os dentes afiados ( mas galo velho, quer dizer gato velho). 
Ela vive no centro da cidade (Planeta Campo Bom) com a Vitória e o Jander mas ao chegar no bairro já passamos a chama-la de Antonia ou Tonha pois fica mais proletário, Antonieta é nome de gato de apartamento; de centro, agora a Tonha é vileira pelo menos por 16 dias. Um pássaro voando, uma flor tudo é novidade. Provocar no muro a Chica e o Fred, os cachorros da nossa vizinha é um prato cheio. Ou quando foge pulando a janela da sala e invade a casa da Vera, do Evandro e da Grazi nossos vizinhos. A folgada entra sorrateiramente pela garagem e quando os vizinhos descobrem ela já esta assistindo televisão sentada no sofá. Não raro ao cheirar uma formiga recebe uma mordida na boca e segue em disparada com as orelhas murchas e o rabo enorme em direção ao sofá. A noite tudo pronto, cama da Tonha na sala, luz apagada, portas dos quartos fechadas e quem diz que a branquela se aquieta. Entre miados altíssimos e arranhões na porta, somos obrigados a deixá-la adentrar ao quarto e após algumas investigações, mordidas nos dedões que nós classificamos de “Hora da Sofrência”, o pequeno floquinho de neve se acomoda entre eu e a Lidia e segue a noite ronronando e ao amanhecer, acorda como todo ser humano deveria acordar, feliz, alegre, de bem com a vida. 
Na Inglaterra temos um exemplo clássico da relação de amizade e amor entre um gato e um humano, inclusive até livro virou. Usando um vistoso lenço Union Jack em volta do pescoço e cercado por uma multidão de 30 espectadores de boca aberta, Bob, o gatinho cor de laranja, sorri — é, sorri — timidamente. Próximo a ele, está seu dono James Bowen, com seu violão surrado, cantando músicas do Oasis. Então, ele para de tocar e se abaixa para Bob: “Vamos, Bob, cumprimente!”, diz. Bob mexe os bigodes, levanta uma pata e a estende para James. A multidão assobia. Não é todo dia que se vê um gato sentado, calmamente, no centro de Londres, aparentemente sem se abalar com o barulho das sirenes, os carros passando e todo aquele movimento — mas Bob não é um gato comum... O livro é da editora Saraiva – Um gato de rua chamado Bob. No Brasil também temos o exemplo do Chico que faz o maior sucesso, com blog e agora livro – (Cansei de ser gato- http://www.canseidesergato.com.br) O Chico foi encontrado no interior de São Paulo quando tinha aproximadamente 2 meses. Cheio de pulgas, vermes, um pouco machucado e cansado de ser renegado foi adotado, amado e cresceu. Hoje trabalha, dorme e come. Come muito, podem reparar na pancinha. Adora as fotos, por um carinho no queixo e faz tudo numa boa. Mas voltando a Antonieta, Antonia ou Tonha a presença dela encheu a casa de uma certa magia e encantamento. Andar por cima dos sofás, balcão, mesa do computador e atacar o mouse (realmente gato e rato não se toleram), uma das coisas que a floquinho de neve mais gosta de fazer é morder. Não sei se é inerente a idade gostar de estripulias, ou tem a ver com a dentição que é nova. Os dentinhos são umas agulhas. Em alguns momentos travamos uma luta em estilo samurai. Antonia de quimono branco, patinhas cor de rosa, baixa as orelhas fica em duas patas e ataca como um ninja minha mão. O objetivo sempre é morder. Minha mão vive lanhada dos arranhões e mordidas. Ao conseguir prender a minha mão com as patas dianteiras, ela com as patinhas traseiras faz um movimento como se estivesse pedalando e ai é o que classificamos de momento de sofrência. 
Tudo isso termina neste domingo (24.01), um dia após este escriba e aprendiz da vida ter completado 5.2 (putz já são 52 janeiros!), pois no domingo Jander e Vitória retornam da viagem pelo Mercosul (Argentina, Chile, Peru) e a floquinho de neve vai ser novamente a Antonieta, uma gata de apartamento, mas tenho convicção que ela viveu momentos grandiosos em nosso lar e fez descobertas fantásticas. Por outro lado, a gente aprendeu muito com este animalzinho que com suas lições nos deixou mais humanos e esperançosos, na certeza de que “um outro mundo é possível e necessário”. Um mundo onde as pessoas sejam leais como os animais, sejam de alma branquinha como a Antonieta, o nosso floquinho de neve, um amor de gatinha que nos deu uma grande lição de vida. (Jair Wingert; jornalista.)
O velho Koda exercitou a paciência com a Tonha. A maquina de lavar foi um dos refúgios para fugir da “pentelhação” da branquela agitada.

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