quarta-feira, 5 de agosto de 2015

EDUCAR É ABRIR JANELAS

Jorge Trevisol um dos melhores palestrantes que já esteve em Campo Bom.
A educação é a ferramenta que vai transformar o Brasil e torná-lo aquela nação preconizada por Tiradentes; aquele herói enlouquecido de esperança. È verdade que desde 2002 para os dias atuais o país avançou muito, sobretudo possibilitando acesso aos filhos dos trabalhadores a faculdades e universidades. O nosso Leonel de Moura Brizola um apaixonado pela educação e defensor de que projetos educacionais são ferramentas de inclusão e que contribuirão para o surgimento do novo homem; um ser formador de opinião e não repetidor informação; um pensador na essência da palavra “Se penso logo existo”. Brizola e Darcy Ribeiro quando implantaram os CIEPs no Rio Janeiro nos anos 80, os “Brizolões” eram escolas de turno integral nas quais  a criança chegava pela manhã tomava café, assistia aula, lanchava, depois ao meio dia almoçava e a tarde participava de oficinas em turno oposto. A tarde lanche, à tardinha tomavam banho e jantavam. Voltavam para casa com o corpo e a alma alimentado. Havia  transporte gratuito para estas crianças e aulas de inglês e francês. Foram construídos 550  CIEPs, porém quando mudou o governo carioca aos poucos os governadores (a serviço de  quem?) foram fechando os CIEPs, transformando em escolas de apenas um turno. Para que? Para sobrar mais dinheiro para ser desviado para seus bolsos. Hoje dos 550 Brizolões não chega a 20 o número de escolas em turno integral, ou seja, 530 escolas de formar cidadãos  foram fechadas. Isso tudo a serviço de quem? Sociólogos, pedagogos e educadores chegaram à conclusão de que se o sistema educacional  implantado por Brizola e Darcy Ribeiro tivesse continuidade e ampliação, o Rio de Janeiro não estaria enfrentando o caos, onde existe um “estado” paralelo no qual facções criminosas comandam  favelas e morros, levando violência e morte.  A prevenção à criminalidade esta diretamente associada à existência de políticas sociais básicas e não à repressão, pois não é a severidade da pena que previne a criminalidade, mas sim a certeza de sua aplicação e sua capacidade de inclusão social. Independente da ideologia ou gres partidária, até porque acredito que isso apenas separa, ou seja, não une, desagrega, fico estupefato com o projeto educacional desenvolvido em nossa cidade. Campo Bom possui desde 2008 um projeto de educação libertário e que é referencia no Brasil. O projeto sob o comando do prefeito Faisal Karam sob a chancela da secretária de Educação, Eliane dos Reis e sua equipe é reconhecido internacionalmente com ênfase na inclusão. Na semana passada, (31.07) no auditório Marlise Sauressig no CEI tive a alegria de participar do Seminário envolvendo educadores e profissionais da educação infantil. Um momento de rara beleza e encantamento. A começar pelo grupo musical da Escola Presidente Vargas da Operária coordenado pelo professor Rondinelli que com talento e maestria conduz estas crianças. Aliás, este grupo é uma oficina de cidadania, uma verdadeira “Padaria d'alma”. Os alunos participam deste grupo em turno oposto ao da escola. Olha o Brizola ai gente! Escola em turno integral tira as criança e adolescente das ruas e os transforma em cidadãos de bem. A emoção de ver aquela garotada tocando instrumentos e levando a magia da musica que transforma a alma foi algo que transcendeu minha finita compreensão. Nossa,  filhos de sapateiros tocando instrumento que maravilha! O que é aquele garoto solando “Dona” do Roupa Nova” com sax? Um momento lúdico e que nos deixou emocionados, porque educar é preciso. Já o palestrante dispensa comentários. O teólogo, compositor, filosofo e terapeuta Jorge Trevisol é uma autoridade. Sua palestra é algo magnifico que leva a pensar, a “não ficar distraído”. Fala de anjos, de amigos e de tantas reflexões “Como Zaqueu”.  Trevisol sentenciou que  o ser humano mais potente não é aquele que conquista coisas materiais mas, aquele que vai, no passar dos dias da vida dele se descobrindo nas experiências que vai fazendo. Isso na (área da)educação é fundamental pois a educação poderia ser chamada 'a arte de despertar a alma que há em cada um.  A divisão maior da sociedade não está entre pobres e ricos, mas sim entre os distraídos e os que são atentos aos sinais. Os que estão mais atentos conferem sentido as coisas que acontecem ao seu mundo, se mantém alertas, enquanto os distraídos as vezes simplesmente veem a vida passar, entregam-se demais ao acaso.”, disse, pregando que a auto avaliação é um exercício indispensável para quem busca conhecer a si mesmo. Andando pelo palco com seu sotaque no melhor estilo descendente de italianos, o psicoterapeuta orientou o público a observar melhor as pessoas de seu convívio mais próximo. “Quer saber quem você é? observe quem é que vive ao seu lado, quem está sempre com você; analise que livros você lê, que filmes você assiste; isso revela muito sobre sua alma.”  Trevisol enfatizou a importância de monitorarmos nossos pensamentos para que possamos viver com equilíbrio. Em síntese, explicou que atraímos aquilo que pensamos. “Pessoas tristes atraem pessoas tristes e duas pessoas tristes às vezes dão muito certo, até que um deixe de ser triste. Isso porque um triste não suporta a felicidade do outro, a felicidade do outro machuca”.  No final da palestra saímos com a sensação que se quiséssemos voaríamos. Mais leves, sem cargas, mais perdoadores, cheios de esperança e com a certeza de que é possível construir um novo homem a partir do maior de todos os dons: o amor. Também conclui que cada centavo aplicado em educação pelos gestores públicos retorna sempre em forma de cidadania plena. Mais investimentos hoje em escolas e seres humanos serão menos presídios amanhã. O menino e a menina que hoje toca um sax ou flauta doce no turno oposto, amanhã não vai “ tocar um cachimbo de crack” e se tiver que fumar cachimbo será o da paz.  Educar é abrir janelas e construir estradas nos átrios do  coração! Não sei se disse, mas tentei.

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