quinta-feira, 6 de agosto de 2015

CARLINHOS DO BAIANO

Jair Wingert  ao lado do  advogado e empreendedor Carlos Silveira formado pela Feevale.
A canção do Milton Nascimento diz que amigo é coisa pra se guardar do lado esquerdo do peito; dentro do coração. Já o poeta Moacir Franco na canção “Amizade” fala: “Amizade, felicidade, ainda é tempo. Me abrace agora que amanhã pode ser tarde, amor bonito é amizade”.
Há amigos que mesmo a gente não estando sempre juntos são amigos eternos. Amigos na verdade são anjos disfarçados de pessoas que estão aqui por alguma razão. O escritor Saint Exuperry  “Pai do Pequeno Principe” afirmou que a gente se torna eternamente responsável por aquilo que cativamos. Eu dentro da minha vã filosofia vou além:  nossos amigos são os bens mais preciosos que existem. A vida sem os amigos é como o céu sem a mágica presença das estrelas. E quando um amigo vence uma etapa, quebra um paradigma a gente se alegra.
Particularmente estou exultante com a vitória do Carlos Silveira; o Carlinhos do Baiano; amigo do Vitor  Hugo “Torugo”, do Chico Louco, do Strack e de tantos outros nos bons tempos do Rio Branco; quando ainda éramos o Morro das Pulgas.
Conheci o Carlinhos em 1977 quando morou com sua família no estádio do Oriente. O velho Baiano vendia pasteis numa Variant azul clara. E nós nas tardes primaveris intercalávamos momentos de chutes a gol dentro do campo do Oriente sempre de olho no Xóxi, mas também ajudávamos o Carlinhos no cilindro, espichando a massa para os pasteis que abasteciam os armazéns de Campo Bom. Dona Amélia mãe do Carlinhos cuidava do Daniel “Béco” que na época ainda era um bebê.
Amizade pura, futebol nos campinhos do bairro, além de torcer pelo Oriente aos domingos e pelo colorado. Seguíamos sem qualquer medo da vida, Carlinhos no Ferrari “Pre Man” ou Polivalente como queiram e eu no Emilio Vetter, depois no glorioso Ildefonso Pinto. Carlinhos  habilidoso volante da Cebem campeã  da região metropolitana, treinado pelo seu Gildo Pacheco e supervisionado pela dona Juraci Reichert.
Tempos difíceis também, pobreza romântica, mas espere ai pobreza romântica você vai dizer? Sim pois éramos pobres, mas  tínhamos sonhos e o pão de cada dia mesmo sendo pouco jamais faltava na mesa. A família se reunia e havia mais diálogo menos facebook, tablet, whats e televisão. A tecnologia era o fogão a lenha com um bule de café feito no saco, ovo frito (só no girassol), salada de tomate, arroz, feijão, aipim... Um banquete... Domingo? Bah ai sim, principalmente no natal e ano novo, salada de maionese, galeto e costela assada e uma Pepsi família (garrafa de vidro) comprada no Bar do seu Moraes e a sobremesa, uma lata de doce de Pêssego (eu tomava até o caldinho).
Hoje contando isso talvez os mais jovens estarão pensando: o tio pirou, comeu bolinha de sinamão (sinamomo). Nós éramos felizes e sabíamos!
Hoje a pobreza é outra, porque um jovem senão tem um tênis da marca tal, se sente pobre. Não tendo um telefone de última geração se sente pobre e não  tendo uma roupa de marca famosa também é pobre. Na pastelaria do Baiano aprendi as primeiras lições de solidariedade e socialismo, pois no final da tarde muitas vezes nós entre vários amigos  dividíamos alguns pasteis ofertados pela dona Amelia. Retornávamos para casa alimentados e felizes. Aqueles pasteis  de carne tinham um tempero especial: esperança.
Os anos se passaram e a família Silveira seguiu seu caminho, o Baiano abriu uma Borracharia na São José em Novo  Hamburgo, depois retornou a Campo Bom e na  Avenida dos Estados esquina com Adriano Dias, onde funciona um posto de combustíveis, ali o velho Baiano de guerra iniciou uma borracharia. Os filhos cresceram e o espirito empreendedor do Baiano e a inovação e a ousadia dos guris, Carlinhos e Daniel transformou a borracharia num centro de referência na cidade com prédio próprio.
A Baiano Pneus é mais que uma loja. A empresa muito além de oferecer serviços prima pela excelência de seus serviços com preceitos de qualidade total e satisfação dos clientes que se tornam impreterivelmente em amigos.
Pois no ultimo sábado (01.08) tomado pela emoção  tive a alegria de participar de uma  conquista do meu amigo, meu irmão Carlinhos do Baiano, agora o advogado Carlos Silveira. Formado pela Feevale em Direito, o Dr. Carlos é um exemplo de que sonhar é preciso. O velho  Baiano plantou uma semente que germinou. Festa bonita, amigos celebrando a vitória. Família reunida, emoção da esposa e da filha que leu uma terna mensagem que levou o pai (Carlinhos) às lágrimas. Mas as lágrimas não tiraram dos olhos do Carlinhos a imagem estampada no olhar perdido em um momento ao recordar dos pais que não mais estão presentes, mas foram decisivos na construção do caráter desta família de empreendedores.
Para mim foi uma vitória compartilhada, sim, porque quando um amigo vence, todos nós vencemos.
Carlinhos que Deus abençoe tua nova caminhada e continues assim sonhador, ético, sério, com o espírito de  empreendedor e sobretudo sonhador.
Tudo vale a pena quando a alma não é pequena.
Um beijo no teu coração meu irmão.
Jair Wingert; jornalista.
Cebem de Campo Bom - 1977 ( escola em turno oposto) do  Rio Branco. Equipe campeã da Grande Porto Alegre - Em pé da esquerda para a direita – Paulo Vargas, Paulinho Apollo, Jorge Moreira, Laone, Jair Wingert, Sidnei da Ajar, Carlinhos do Baiano, Paulinho Arteiro, Elvio André, Everaldo, Carlos Moreira e Altemir Pereira.

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