quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

D`ALESSANDRO É UMA LENDA



A quinta-feira (04.02) amanheceu cinza com chuva e um vento, algo melancólico. Até os Dois Irmãos (Morros) estavam sombrios e entristecidos. Não havia poesia nem encantamento.
A ficha ainda não caiu. Nosso maior jogador, nosso maior ídolo dos últimos dez anos está deixando o Colorado. Ele faz parte da galeria dos heróis da Academia do Povo e com Tesourinha, Larry, Manga, Claudiomiro, Valdomiro, Falcão, Figueroa, Carpegiani, Yarlei, Clemer, Fernandão, D´Alessandro “El Cabezon” tem seu quadro emoldurado não na parede, mas nos corações da Família Colorada.
Confesso que levei um drible cruel, a quinta-feira me aplicou uma “la boba”. Este dia é muito parecido com fevereiro de 1976, quando o nosso capitão Elias Figueroa anunciou que estava deixando o Colorado e retornado ao Chile (Palestino). Eu um menino de apenas de 12 anos me escondi para chorar. Senti uma angústia terrível, como se estivesse perdendo um familiar e a história se repete, agora aos 52 anos de existência, o sentimento é o mesmo.
Hoje as palavras me faltam, mas sobram saudades.
Homem de caráter e de grandeza ímpar. Pai de família zeloso e apaixonado pela esposa e pelos filhos. Jamais sairás da retina dos colorados, braços cerrados, as veias do pescoço querendo pular para fora e os olhos arregalados correndo em direção a torcida para comemorar mais um gol.
Ah, D´Ale como faz falta jogadores viscerais como você. Atleta abnegado, homem de grupo e de entrega a causa. D´Alessandro era um líder proativo, alguém que transcendia e nos momentos de maiores dificuldades chamava a responsabilidade para si.
Só quem ama chora e choraste na coletiva ao sentir no coração a saudade antecipada e isso não é para qualquer um.
Não comemorava os gols com dancinhas bobas, mas buscava a cumplicidade da torcida, seguindo o rumo das batidas do próprio coração! Eras e serás sempre o nosso ídolo. Ganhou grenais, fez gols em grenais, sabia provocar o eterno adversário ali do bairro Humaitá. Apitava jogos, pegava guris afoitos pelo pescoço como quem diz: “Aqui quem manda sou eu piá. Te aquieta”. Fazia gestos imitando um binóculo. Não mandava dizer, era direto.
Após as conquistas e foram tantas (11 títulos) em sete anos e meio de Beira Rio, corria como louco em direção a torcida pegava um tambor ou um caixão em tom provocativo. E no final do ano ainda nos emocionava com uma partida beneficente; num gesto de grandeza extrema.
A bem da verdade a saída de D´Alessandro deixa o futebol brasileiro mais pobre e triste, afinal e agora quem vai aplicar a “la boba”? Quem vai fazer gols de tudo que é jeito no Vitor (velho freguês)? Perdemos a referência. Perdemos o líder. Perdemos a voz. D`Alessandro vestiu a camisa colorada e a honrou como poucos.
Nós torcedores só temos a agradecer e dizer: Obrigado capitão e até a volta. O Gigante te espera para começar a festa!
* Jair Wingert- jornalista – Campo Bom. RS

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