quarta-feira, 10 de junho de 2015

A NOITE E SUA MAGIA TRANSCENDENTAL

O entardecer na pampa nos traz relembranças dos tempos de infância... Cadernos na sacola feita de saquinho de pano mais brancos que as nossas almas inocentes de crianças com os dizeres: Moinhos Riograndense S.A.. Merenda no saquinho de cristalçúcar... Pão com chimia e quem tinha ovo cozido... nossa!!! Danone? Bah ai o sujeito era burguês. Alunos da dona Sally, alguns da Isolina, outros da Dorinha; coordenados pela diretora Leilaine. Todos tiveram o caráter forjado no Emilio... Tabuada na ponta língua e merenda da dona Ernesta, mãe da Leontina... E o gordo no gol? Putz isso hoje seria bullyng. Mas gordo só não vai para o gol em duas situações: se é o dono da bola ou se tivesse mana bonita. Ai o gordo já nem era tão gordo e senão fosse bravo era chamado de cunhado! Não havia internet, facebook e toda essa parafernália... O mais lúdico que vivenciavamos era o Circo Lambari onde não era cinco estrelas, mas pelos furos da lona a gente conseguia ver todas as estrelas... Domingo a gente torcia pelo Oriente e sonhava junto do velho Jairo de Andrade que nos apresentou um sujeito de nome estranho: Marx e senão me falha a memória, o primeiro nome era Karl que nós logo aportuguesamos e passamos a chamar de Carlos. Os mais íntimos de Carlinhos...Guerra? Só de travesseiros quando dormiamos na casa do Edmilson Nunes. Pauleira? Muitas vezes nos jogos de taco - Licença para dois. E a jogada de mestre quando a gente estava jogando pinica e perdendo "Mãos a ibá" e rumo a casa. Enquanto corro minha mãe tem filho! Carrinho de lomba estilo Fitipaldi e joelhos esfolados, dedão destroncado nada que o mercúrio não curasse. E em casos mais graves o seu Grun benzia (Benzia em alemão... Benzedura internacional e não cobrava nada). Eu odiava o mertiolate "Assopra mãeeeeee!!!!"
Seguiamos pela Tapajós felizes sem qualquer medo da vida. Só o que nos assustava era a kombi dos vampiros que tiravam sangue da gurizada. Ninguém nunca viu tal veículo, mas como dizia Jayme Caetano Braum: "Em bruxas não acredito mas 'Pero que las hay, las hay'.“ Naqueles tempos craque para nós do Rio Branco era quem jogava bem futebol... A vida seguiu e aos poucos o menino cresceu e a vida nos tirou muitos doces e nos deixou de tabuleiro vazio chupando os dedos. Uma coisa não mudou nos finais de tarde invernais: o entardecer de minha terra... Em berço esplêndido o impávido gigante, aliás, os dois irmãos acolhem um campo bom e o céu num lusco fusco dão a nítida impressão de uma obra de Portinari numa mescla da poesia de Neruda com fundo das Sete Estações de um Vivaldi sapateiro. Pensei em escrever uma poesia, mas a lente da máquina captou o momento mágico... E a poesia? Poesia? Para que poesia, pois ela já está ai nas duas fotos. Meus amigos da terra e do céu: confesso que vivi!

Fotos: Terça-feira (09.06) às 17h e 46 minutos

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