segunda-feira, 31 de março de 2014

OS VOLANTES



Não sei se a gente fica mais velho e mais exigente, ou seria ranzinza, cri-cri, chato e outros adjetivos, ou seria tudo junto? Porém agora que sou um senhor cinquentão, ou melhor, entrei no time do 5.0, já começo os cuidados com o colesterol, triglicérides, glicose, acido úrico, pressão arterial, aliás, o último check up sinalizou alguns cuidados e já começamos uma dieta reduzindo carboidratos, adeus cacetinho com maionese, mortadela (chester), queijo e  café com leite a noite.  Adeus refrigerantes, frituras; ah aquele pastelzinho lá do Luciano é uma verdadeira tentação. Pão quentinho com leite condensado (hummm), nunca mais... Quase uma tragédia grega. Exercicios físicos, retomei as caminhadas e agora aos poucos já estou correndo na ciclovia. E uma companheira que já faz três meses que não desgruda, a sinvastatina 20mg. Outro dia passou por mim algo que num primeiro momento não identifiquei, pois parecia o “the flash”, só na sinaleira da Unimed pude constatar se tratar do Dr. Cirano de Carli que como dizia o Gilberto Passetto Tim “tá na ponta dos cascos; voando baixo”. Aos 50 anos muitas coisas mudam na vida e os valores são outros, a canção determina: “ando devagar porque já tive pressa”... Ao olhar o espelho vejo as marcas do tempo, mas os cabelos brancos já começaram uma operação de ocupação, porém a natureza é sábia e os cabelos brancos estão surgindo dos lados da cabeça e em atitude covarde, para não se tornarem brancos os de cima estão fugindo, criando bem no meio da cabeça um aeroporto de mosquitos... Mas continuando a linha de raciocínio quando garoto tive o privilégio de fazer parte de uma geração abençoada em termos de futebol. Vi craques com C maiúsculo jogarem. Hoje assistindo os jogos da dupla grenal principalmente me nego a ver jogadores como Edinho, Ramiro estes dois do Grêmio, aliás, o Edinho já era contestado no Internacional em 2006, pois de cada 10 passes, ele consegue errar 11.  Já Ramiro também do Grêmio e o Williams do Internacional estes dois não pegariam o 15 de Novembro nos tempos de Amador, com Ismar e Celso Bock, pegariam? Não dá para entender tamanha ruindade. No Brasil normalmente os volantes são quebradores de bola, violentos. Os melhores volantes do mundo são da escola clássica Argentina, pois sabem sair jogando, marcam bem, mas sobretudo tem técnica apurada. No Brasil está vigente a escola dos brucutus que só sabem desarmar, dar pontapés e carrinhos bandidos que deveriam ser banidos do futebol. A impressão é que o sujeito que não conseguiu ser meia armador, nem zagueiro, o técnico coloca ali na frente da área para dar chutões, mas isso é de agora, porque não me leve a mal, mas tive o prazer de ver craques com a 5 como – Falcão “Toscanini”, o melhor de todos, tendo inclusive se tornado o 8º Rei de Roma, Adílio, Andrade, Zé Carlos; ex-Cruzeiro e campeão brasileiro no Guarani em 1978, Toninho Cerezzo, Clodoaldo e  sem contar craques fora do Brasil como Franz Beckembauer, Veron “La bruja”. Estes volantes sabiam jogar e faziam sinfonias com a bola.  Exemplos clássicos aqui na região, no Oriente, Carlinhos Klaus, no 15, o eterno maestro Dr. Ismar Reichert que não canso de repetir que para o bem da estética futebolística e plasticidade do espetáculo deveria jogar de terno, gravata e chapéu panamá. No Americano de Canudos, o Flavião um exímio marcador, mas que sabia sair jogando, a bola saia sempre redonda. No Cairú e Associação Sapiranga, Chico Preto que também jogava na meia, mas como volante era magistral, visceral e sobretudo cerebral.  Ainda no 15, já nos anos 80, quem não lembra do Popa? Jogava muito, pois aliava a garra na marcação, com toques rápidos e lançamentos. E na Várzea, quem não lembra do magnífico Jorge Tabajara? Exímio volante do Rio-grandense “o glorioso Gandense da baixada” e do Fillis nos certames do SESI. O “Taba”, conhecia o rengo sentado e o cego dormindo; sabia os atalhos e chamava a bola de tu. Todos estes atletas da região e que atuavam como amadores certamente seriam titulares da dupla grenal e de qualquer outra equipe do futebol brasileiro. Volantes que atuavam de cabeça erguida, tratavam a bola de tu e faziam do futebol verdadeiras obras de arte nos domingos a tarde. Por favor, perdoe-me os pernas de paus como Edinho, Williams, Ramiro e tantos outros que estão por ai enganando, mas beleza, digo talento é fundamental.  

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