segunda-feira, 2 de junho de 2014

EU QUERO MORAR NO FACEBOOK

“Apagaram tudo pintaram tudo de cinza. A palavra no muro ficou coberta de tinta. Apagaram tudo pintaram tudo de cinza. Só ficou no muro tristeza e tinta fresca.”
O mundo envelhece piorando, a violência campeia solta, a desestruturação da família vem gerando sérios distúrbios sociais. Hoje a maior fome que as pessoas enfrentam é a fome de paz interior e harmonização. Não vi nenhum candidato a cargos eletivos colocar em sua agenda de propostas o apoio e o desenvolvimento de projetos de políticas públicas permanentes que atendam a família. Tudo começa na família. Para levar meu voto e meu apoio, pergunto: tem projeto para família? Por outro lado a sociedade consumista é a responsável pela maioria dos delitos e crimes. O mundo vive uma crise sem precedentes e nós estamos enxugando gelo, ou seja, focalizamos a consequência e não a causa. As pessoas estão agitadas, sem tempo para a família, para os amigos, para as coisas simples da vida e aí entra o tremendo malefício que as chamadas redes sociais estão causando. Já notou que as pessoas, especialmente os jovens estão o tempo inteiro ligados no face, instagram, whatsApp e outras parafernálias que estão nos deixando perto de todos nesta aldeia global, mas afastados de nós mesmos e dos outros. Nada substitui um sorriso, um abraço e uma conversa animada. Outro dia estávamos reunidos em grupo de amigos e constatei que ali naquela mesa a gente, no passado  falava de poesia, de livros, filmes, política e sobretudo de sonhos, mas os tempos mudaram e não escapamos deste monstro que vem nos tornando menos humanos. Um dos nossos amigos está literalmente viciado no whatsApp. Na mesa ele não desgrudava do celular e providencialmente liguei para seu telefone. Atendeu com um alô um tanto quanto contrariado, reclamou: “Que sacanagem Jair”  Então apliquei o que o Analista de Bagé classifica de “joelhaço no saco”, tratamento forte e direto ao afirmar ao dileto amigo viciado nas redes sociais. “É mais fácil conversar contigo por telefone. Tu está aqui conosco somente de corpo presente” Mesmo contrariado nosso herói guardou o telefone, mas quinze minutos depois se despediu e rumo ao automóvel sacou do bolso o telefone e se conectou ao “mundo” outra vez. Estamos esquecendo do diálogo, de ouvir a voz das pessoas. Em algumas casas, a cena é tétrica e digna de uma analise freudiana, num sofá a mãe plugada “numa máquina”, na cozinha enquanto janta, o pai está plugado também e num dos quartos, a menina está em contato com o mundo e no outro quarto o garotão de 17 anos conversa com seus “amigos virtuais”.  Muitas vezes a família nem vê o William Bonner e a Poeta dizer “boa noite”, mas o cúmulo é quando a mãe pelo face manda um recado para a filha “Mana vai lá cozinha lavar a louça tb”. Famílias que esqueceram o diálogo, que moram na mesma casa, mas são estranhos; distantes. Outra grande farsa é o chamado facebook. Já viram que as pessoas vivem algo que não são suas vidas. Viajam, tiram fotos e postam fotos, fotografam o que comem. Tiram fotos íntimas que beira o ridículo da exposição. O face é usado para fazer ciúmes e viver algo que não existe. Tudo mentira. No facebook assim como nas novelas tudo é bonito, tudo é maravilhoso que as vezes chego a pensar: eu quero viver no facebook, eu quero viver neste mundo onde tudo é belo! No face não tem desemprego, não existe violência, ninguém está doente. Não existe conta a pagar. Que legal, o face é a solução para os problemas do mundo. Te liga Obama, tá ligada Dilma, Angela Markel e Mujica? Estas ferramentas são importantes, mas tudo requer equilíbrio de nossa parte. Nada substitui o olho no olho, o sorriso, o toque, o abraço fraterno (quem sabe você seu cara pálida está aí se perguntando: o que é abraço? Tenho uma vaga lembrança, deve ser aquele negócio que a gente usa para dar brilho em metais e encontramos no Unidão. Não, isso é brasso e é com dois “Ss” mesmo e se trata de um abrasivo que limpa e dá polimento aos metais, abraço é outra coisa). A beleza está na singeleza das coisas simples e a vida? É bonita e é bonita. Num planeta que agoniza e cambaleia como um bêbado esquecemos da gentileza, aliás, gentileza gera gentileza e como diz a poeta Marisa Monte: “Nós que passamos apressados pelas ruas da cidade merecemos ler as letras e as palavras de gentileza”. Por isso eu pergunto a você no mundo se é mais inteligente o livro ou a sabedoria. O mundo é uma escola, a vida é um circo. Amor palavra que liberta já dizia um profeta.
Não sei se disse, mas tentei.

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