segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

UM CASO DE POLÍCIA EM MORUNGAVA

Morungava foi abalada com um caso que parou nas páginas nos periódicos nacionais. O ano de 1975 foi marcado em termos futebolístico com o primeiro título brasileiro do Internacional na decisão no Beira Rio (estádio da Copa 2014), na tarde de 14 de dezembro com o gol iluminado “Capitão Brander, Elias Figueroa, o três do Beira Rio estufa os cordéis da cidadela de Raul e agora tchê as bandeiras estão tremulando, tremulando...” Narração do Magrão Haroldo de Souza,  hoje na super Rádio Grenal, contra o Cruzeiro de Dirceu Lopes, Raul, Piazza, Palhinha, Roberto Batata e Nelinho, já o técnico era Zézé Moreira. O Inter de Rubens Minelli havia eliminado a máquina tricolor “Fluminense” em pleno Maracanã por 2 a 0 com gols de Lula e Carpegiani, um dos gols mais lindos do futebol brasileiro. A Academia do Povo tinha um dos melhores times do mundo com Manga, Claudio, Figueroa, Vacaria, Falcão, Caçapava, Paulo Cesar, Valdomiro Flávio e Lula. Se o Brasil ficou vermelho em 75, depois 76 e em 79 de forma invicta, no Brasil da ditadura militar patrocinada pelos Estados Unidos a coisa estava preta com muitos de nossos irmãos nossos sendo presos, torturados ou mortos nos porões do DOI-CODI sob a chancela do famigerado Paranhos Fleury. O sargento Raymundo um brasileiro que não concordava com o regime apareceu morto, boiando no Guaíba morto por agentes do Dops. Em São Paulo os facínoras golpistas e torturadores mataram Wladimir Herzog, o Wlado jornalista numa sessão de torturas e depois aplicaram que ele se enforcou. Na musica, Chico Buarque canta a Augusto Boal “a coisa aqui está preta” e a Elis Regina sonhava com a volta do irmão do Henfil e tanta gente que sumiu num rabo de foguete.  Em Porto Alegre, os Almôndegas faziam sucesso, bem como, o Hermes Aquino cantava nuvem passageira. Os manos Kleiton e Kledir iniciavam uma trajetória de sucesso e nos altos da Borges, o velho Jairo de Andrade e seu Teatro de Arena era um dos berços da resistência ao tirano regime aqui no Rio Grande do Sul.  A operação Condor que na verdade era um intercâmbio entre as ditaduras da America Latina vigiava Jango e quem sabe preparava aquela pilulazinha mágica para resolver um problema que teriam resolvido em 1976 e quanto a JK  também teria uma solução caseira, um “acidente” também em 1976 (que coincidência) até hoje não explicado tiraria a vida do ex-presidente Juscelino. Mas em Morungava muitos sonhavam com a volta do Brizola e com a democracia plena. A vida na bucólica Morungava corria tranqüila com o comércio vendendo, as vacas dando leite na hora de sempre, o Morungava jogando aos domingos e vencendo a maioria das vezes com os gols do maior atacante de todos os tempos, o grande Sula. Nesta época o único taxista que havia na cidade era ele, quem? Quem poderia ser? Tio Dino com seu opala bordô, quatro portas. Naquele mês a comunidade morungavense estava atônita, pois havia um caso ocorrido no Passo do Hilário, onde supostamente uma Kombi havia capturado duas crianças e retirado o sangue das mesmas. Verdade ou mentira ninguém sabia, naquela época a comunicação era rudimentar. Os vampiros das Kombi eram noticia em todas as cidades do Rio Grande do Sul. Tempos depois em Estância Velha de forma “mágica” um urubu extirpou os dois olhos de um colono que voltava para casa numa estrada vicinal. O Pronto Socorro de Porto Alegre tentou descobrir o urubu para contratá-lo tamanha eficiência cirúrgica do mesmo. O caso não evoluiu e nada foi apurado, mistérios da magia e das forças ocultas? À tardinha as mães precavidas de Morungava recolhiam as crianças cedo. Havia um pânico velado com relação aos vampiros. E não tem nada a ver com o Serra. Uma sexta-feira pela manhã tio Dino atendeu uma passageira que solicitou que o mesmo a levasse até a Rodoviária de Gravataí. O velho Dino que é mais ladino que apostador de carreira ou lagarto espreitando caixa de abelhas, desconfiou da cliente, pois mesmo com calor de quase 30 graus a  referida passageira estava de casaco, chapéu e óculos escuro. Mulher estranha e de poucas palavras. A passageira falando baixo, quase inaudível,  apenas indicou o destino e pediu que tio Dino colocasse uma sacola no porta-malas do Opala. A viagem até Gravataí foi marcada pelo silêncio. O velho Dino escutava o Repórter Esso, diminuiu o volume do rádio e puxou uma conversa sobre um assunto trivial, porém a senhora não deu saída e a viagem seguiu em silêncio. Na frente da Rodoviária de Gravataí a passageira pagou a corrida e solicitou que tio Dino esperasse uns minutos, pois iria ao banheiro e voltaria para pegar a sacola. Passado uns 15 minutos, tio Dino ficou apreensivo, pois a senhora não retornava. O velho Dino a principio pensou que a mulher pudesse ter um passado mal no banheiro. Aguardou 30 minutos e como à senhora não apareceu foi até o banheiro das mulheres e questionou sobre a mesma, para sua surpresa uma mulher que cuidava da limpeza e manutenção do mesmo, confirmou que a passageira descrita esteve no banheiro e foi embora, mostrando a direção. Tio Dino ficou preocupadíssimo, retornou ao Táxi, abriu o porta- malas e observou que ao lado da sacola havia uma enorme mancha vermelha, o que seria? Sangue? Bateu  um pavor no velho Dino que decidiu não abrir a sacola. Precavido como barata que não atravessa galinheiro foi até a Delegacia de Polícia e contou o episódio ao Duarte; inspetor de plantão naquela  fatídica sexta-feira. O policial com olhar desconfiado, remexeu  as gavetas, coçou o queixo e efetuou várias perguntas. Logo após decidiu ir até o opala bordô e solicitou que tio Dino abrisse o porta-malas do táxi.  A sacola branca  estava ali com uma enorme mancha vermelha ao lado e dentro um grande volume. O policial solicitou que tio Dino se afastasse um pouco e encarnando um dos policias da dupla “Starcks e Hutch” avançou em direção a sacola e ao abrir a mesma de forma assustada não escondeu a emoção e a surpresa: “Minha nossa, uma cabeça”, vociferou o policial com os olhos assustados. Tio Dino também preocupado se aproximou passos lentos e comprovou o que o policial havia dito: Uma cabeça!!! E agora? Uma cabeça dentro do carro do velho Dino.... Como a crônica esta ficando muito grande acho que vamos continuar somente em 2014, o que vocês acham? Não vale dizer isso que você esta pensando, minha mãe era uma pessoa boa! O que vocês acham daquele suspense tipo “Quem matou Odete Roytmann?” Quem matou Salomão Ayala? Mas como aqui é a vida real vamos lá: Estava ali na frente do policial e do taxista aquela cabeça e agora? Você está se perguntando seria uma cabeça de homem ou de mulher? Calma como diria Jack um famoso açougueiro de Londres “Vamos por parte”. O caso da cabeça como ficou famoso na região tinha como protagonistas  uma passageira estranha, um taxista, um policial e uma sacola com uma cabeça e uma mancha vermelha, seria sangue? Estava ali tio Dino e o inspetor Duarte pasmos com a tétrica visão de uma sacola semi-aberta e uma cabeça exposta: O cheiro não era dos melhores e moscas começavam a sobrevoar cabeça. Cabeça de gente? De homem ou mulher? Não apenas uma cabeça de repolho! Pode  xingar, pode mandar e-mail, mas não vale enviar palavrão.Nem dizer que não vai mais acessar o Blog. Não esqueçam eu amo vocês meus leitores. Graças a vocês atingimos em 2013 quase 50 mil acessos neste Blog.

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