segunda-feira, 26 de novembro de 2012

O PODER DO BEIJO

Dom Ramon, conhecido como seu Madruga antes de ser famoso morou no Morungava e foi vizinho do sítio do Tio Dino.
Nos anos 70 final o Brasil vivia o grande milagre, construção da Transamazônica, éramos tri no México e a “dita” dura continuava a todo vapor com Emilio Garrastazu Médici, abro um parêntese, o Juca Chaves tecia comentários contra  o regime e fazia piadas do “presidente ditador”. Juquinha fazia um show em São Paulo e avisaram. “Olha Juca o homem está na cidade e vai vir assistir o teu show, por favor, (o homem era o próprio Médici). Os produtores do evento  alertaram para Juca não fizesse piadas contra o regime para evitar complicações. O show estava quase no final e como diz o Tio Dino a gente perde o amigo, mas não perde a piada e com maior calma Juquinha pergunta para a platéia: “Você sabe como  se faz para saber o tamanho de um burro?” questiona o menestrel. De pronto o público responde não e Juquinha olhando bem para a primeira fileira onde está sentado o “homem” e responde: “É fácil,  medisse da cabeça aos pés”. Resultado  Juquinha teve que dar explicações no DOI/CODI, alias este mesmo órgão que torturou e matou o jornalista Wladimir Herzog e Marcelo Rubens Paiva. No Rio Grande do Sul, O sargento Raymundo aparecia morto com as mãos amarradas no Guaiba e no teatro de Arena Jairo de Andrade encenava Mockipot e fazia a juventude pensar e sonhar, já no mundo da bola Falcão e Figueroa faziam e aconteciam, Hermes Aquino apresentava a nuvem passageira e os Almodengas atacavam com Sombra Fresca e Rock no Quintal “Quero sentir o sol batendo nas minhas pernas. Minha roupa. Eu quero ver a cor do céu ao natural. Eu quero um beijo que não seja de alumínio. E os edifícios longe das bananas do quintal”  e o professor Fogaça escreveu Vento Negro.  E em Morungava a rotina continuava, os bois no campo, as vacas dando leite, galinhas comendo milho... Tio Dino continuava comandando a cidade e dando as cartas.  Morungava  é um local paradisíaco com belas fontes de água, cascatas, sítios e um povo hospitaleiro uma barbaridade, alíás, as cidades ali ao redor – Gravatai, Alvorada, Cachoeirinha, faço uma saudação ao Marcos leitor assíduo do nosso Blog e amigo do Celso Montauri Ferreira de Campo Bom, Glorinha e Taquara fazem parte da Grande Morungava. No nosso recanto onde a natureza foi morar seguidamente um grupo de motoqueiros vindo de Porto Alegre passava e comboio. Jaquetas de couro, barbudos pareciam personagens do filme Mad Max. O ronco das motos assustava os  moradores e os animais, mas fazia parte porque eles traziam divisas turísticas uma vez que ao meio almoçavam no restaurante do Antonio “Porão “ Pohren que ficava as margens da RS 20. Um determinado dia vinha pela estrada uma caravana de motociclistas fortes, bigodudos em suas poderosas motos, quando de repente eles vêem uma garota a ponto de saltar de uma ponte a um rio.  Eles param e o seu líder - particularmente corpulento e de aspecto rude - salta, se dirige a ela e pergunta:  “ Que absurdo você está fazendo? ” Vou me suicidar” - Responde suavemente a delicada garota com a voz cadenciada e ameaçando pular. O motociclista pensa por alguns segundos e finalmente diz:  “Bom, antes de saltar por que não me dá um beijo?” Ela acena com a cabeça, bota de lado os cabelos compridos encaracolados e dá um beijo longo e apaixonado na boca do motociclista parrudão. Depois desta intensa experiência, a gangue de motoqueiros aplaude, o líder recupera o fôlego, alisa a barba e admite: “Este foi o melhor beijo que me deram na vida”, disse a garota. O motoqueiro todo contente olhando para os amigos diz para a jovem: “ É um talento que se perderá caso você se suicide. Por que quer morrer?” E ela olhando para ele afirma: “Meus pais não gostam que eu me vista de mulher!!!”  (Parece que o caso terminou classificado como homicídio e não suicídio) Tem que ter concurso – 100% Morungava.

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