Não sei se a gente fica
mais velho e mais exigente, ou seria ranzinza, cri-cri, chato e outros
adjetivos, ou seria tudo junto? Porém agora que sou um senhor cinquentão, ou
melhor, entrei no time do 5.0, já começo os cuidados com o colesterol, triglicérides,
glicose, acido úrico, pressão arterial, aliás, o último check up sinalizou
alguns cuidados e já começamos uma dieta reduzindo carboidratos, adeus cacetinho
com maionese, mortadela (chester), queijo e café com leite a noite. Adeus refrigerantes, frituras; ah aquele
pastelzinho lá do Luciano é uma verdadeira tentação. Pão quentinho com leite
condensado (hummm), nunca mais... Quase uma tragédia grega. Exercicios físicos,
retomei as caminhadas e agora aos poucos já estou correndo na ciclovia. E uma
companheira que já faz três meses que não desgruda, a sinvastatina 20mg. Outro
dia passou por mim algo que num primeiro momento não identifiquei, pois parecia
o “the flash”, só na sinaleira da Unimed pude constatar se tratar do Dr. Cirano
de Carli que como dizia o Gilberto Passetto Tim “tá na ponta dos cascos; voando
baixo”. Aos 50 anos muitas coisas mudam na vida e os valores são outros, a
canção determina: “ando devagar porque já tive pressa”... Ao olhar o espelho
vejo as marcas do tempo, mas os cabelos brancos já começaram uma operação de
ocupação, porém a natureza é sábia e os cabelos brancos estão surgindo dos
lados da cabeça e em atitude covarde, para não se tornarem brancos os de cima
estão fugindo, criando bem no meio da cabeça um aeroporto de mosquitos... Mas
continuando a linha de raciocínio quando garoto tive o privilégio de fazer
parte de uma geração abençoada em termos de futebol. Vi craques com C maiúsculo
jogarem. Hoje assistindo os jogos da dupla grenal principalmente me nego a ver
jogadores como Edinho, Ramiro estes dois do Grêmio, aliás, o Edinho já era
contestado no Internacional em 2006, pois de cada 10 passes, ele consegue errar
11. Já Ramiro também do Grêmio e o
Williams do Internacional estes dois não pegariam o 15 de Novembro nos tempos
de Amador, com Ismar e Celso Bock, pegariam? Não dá para entender tamanha
ruindade. No Brasil normalmente os volantes são quebradores de bola, violentos.
Os melhores volantes do mundo são da escola clássica Argentina, pois sabem sair
jogando, marcam bem, mas sobretudo tem técnica apurada. No Brasil está vigente
a escola dos brucutus que só sabem desarmar, dar pontapés e carrinhos bandidos
que deveriam ser banidos do futebol. A impressão é que o sujeito que não
conseguiu ser meia armador, nem zagueiro, o técnico coloca ali na frente da
área para dar chutões, mas isso é de agora, porque não me leve a mal, mas tive
o prazer de ver craques com a 5 como – Falcão “Toscanini”, o melhor de todos,
tendo inclusive se tornado o 8º Rei de Roma, Adílio, Andrade, Zé Carlos;
ex-Cruzeiro e campeão brasileiro no Guarani em 1978, Toninho Cerezzo, Clodoaldo
e sem contar craques fora do Brasil como
Franz Beckembauer, Veron “La bruja”. Estes volantes sabiam jogar e faziam
sinfonias com a bola. Exemplos clássicos
aqui na região, no Oriente, Carlinhos Klaus, no 15, o eterno maestro Dr. Ismar
Reichert que não canso de repetir que para o bem da estética futebolística e
plasticidade do espetáculo deveria jogar de terno, gravata e chapéu panamá. No
Americano de Canudos, o Flavião um exímio marcador, mas que sabia sair jogando,
a bola saia sempre redonda. No Cairú e Associação Sapiranga, Chico Preto que
também jogava na meia, mas como volante era magistral, visceral e sobretudo
cerebral. Ainda no 15, já nos anos 80,
quem não lembra do Popa? Jogava muito, pois aliava a garra na marcação, com
toques rápidos e lançamentos. E na Várzea, quem não lembra do magnífico Jorge
Tabajara? Exímio volante do Rio-grandense “o glorioso Gandense da baixada” e do
Fillis nos certames do SESI. O “Taba”, conhecia o rengo sentado e o cego
dormindo; sabia os atalhos e chamava a bola de tu. Todos estes atletas da
região e que atuavam como amadores certamente seriam titulares da dupla grenal
e de qualquer outra equipe do futebol brasileiro. Volantes que atuavam de
cabeça erguida, tratavam a bola de tu e faziam do futebol verdadeiras obras de
arte nos domingos a tarde. Por favor, perdoe-me os pernas de paus como Edinho,
Williams, Ramiro e tantos outros que estão por ai enganando, mas beleza, digo
talento é fundamental.
Nenhum comentário:
Postar um comentário