A placa do estabelecimento comercial do tio Dino que funcionou nos anos 80 na estrada principal do Morungava mostrando o bom "morungavês", dá só uma cubada no que diz o letreiro. |
Quem
vive no interior sabe a importância dos chamados bolichos ou armazéns,
na verdade comércios onde se encontra uma variedade de produtos que vão
desde arroz, açúcar, feijão, carne, tecido, linhas,
e quando se podia vender era possível comprar fontol, olina, sal de
fruta, amargol,infalivina, melhoral, totalex, lactopurga e outros, bem
como, lingüiça que ficava pendurada numa cordinha. Tamanco de madeira,
chinelo de campeiro, chapéus de palha, querosene, sabão, fumo em corda.
Jamais esquecerei o bolicho do tio Dino que funcionou por vários e
vários anos em Morungava. Na frente do balcão de madeira caixas com
laranja, bergamota, mais a esquerda os sacos com pinhão, feijão e erva.
Ao lado da balança Dayton um vidrão de ovo cortido e um baleiro com
tampas de inox, em cada compartimento as delicias que nos deixavam
atônitos – 7 Belo, Mocinho, Castanha, Soberana, Quebra-Queixo, chiclete
Ploc ou Ping-Pong, azedinhas e os merengues. Na entrada do bar havia uma
propaganda “Beba Minuano Limão” e “Doce de leite
é Mu-Mu” O bar do tio Dino era freqüentado por centenas de pessoas,
pescadores e outros mentirosos O local foi palco de episódios
inusitados, de muitas gauchadas e deste bar muitas candidaturas a
prefeito, vice e a vereadores surgiram. Um dia no meio da madrugada, tio
Dino é acordado pelo barulho do telefone. “Alô!”, atende, preocupado!
Do outro lado, ele ouve a voz pastosa de um sujeito: “Ô Dino... Hic...
Me diga uma coisa... Que horas que abre o bar?” Tio Dino indignado
avisa: “As oito horas” respondeu ele rispidamente e desligou. Mas que
ousadia, me acordar para perguntar que horas que o bar vai abrir. Dez
minutos depois o telefone toca novamente: “Ô Dino... Hic... Eu entendi
direito? O bar só vai... Abrir às oito horas?”, pergunta o cliente.
“Sim, senhor, às oito horas” e bate o telefone,
novamente. Cinco minutos depois, o telefone toca novamente: “Ô seu
Dino... Hic... Mas não dá pra senhor abrir... Hic... Um pouco antes?”,
questiona o cliente. “Não, não dá! O senhor não consegue esperar até as
oito?”, pergunta tio Dino. Do outro
lado da linha o cliente responde: “Bem... Conseguir eu consigo, mas eu
estou trancado dentro aqui desde ontem...Hic... E tô louco pra ir
embora!
Morungavês...
O que faz o estudo na vida de um ser humano, pois nos últimos dias estive pesquisando
o jeitão de falar do líder maior de Morungava tio Dino que com isto
criou um estilo novo de comunicação, implantando-se assim o chamado
morungavês. Veja abaixo um pouco da cultura.
- lidileite (litro de leite)
- mastumate (massa de tomate)
- dendapia (dentro da pia)
- kidicarne (kilo de carne)
- tradaporta (atras da porta)
- badacama (debaixo da cama)
- pincumel (pinga com mel)
- iscodidente (escova de dente)
- nossinhora (nossa senhora)
- pondions (ponto de onibus)
- denduforno (dentro do forno)
- doidimais (doido demais)
- tidiguerra (tiro de guerra)
- dentifrisso (dentifricio)
- ansdionti (antes de ontem)
- séssetembro (sete de setembro)
- sápassado (sabado passado)
- oiuchero (olha o cheiro!)
- pradaliberdade (praca da liberdade)
- vidiperfumi (vidro de perfume)
- oiproceve (olha pra voce ver!)
- tissodai (tira isso dai)
- rugoiais (rua Goias)
- onquié (onde que é?)
- casopo (caixa de isopor)
- quainahora (quase na hora)
- ostrudia (outro dia)
- onquotô (onde que estou)
E o melhor de todos:
- pronostamuinu (para onde nos estamos indo?) O que é a cultura – Tem que ter concurso – 100% Morungava.
Foto:
A placa do estabelecimento comercial do tio Dino que funcionou nos anos
80 na estrada principal do Morungava mostrando o bom "morungavês", dá
só uma cubada no que diz o letreiro.
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