Jornalista Jair Wingert participou como avaliador da Mostra de Projetos do “Ferrari” |
Sempre estudei em escolas públicas e defendo a educação
pública de qualidade e com educadores bem remunerados, respeitados e que
recebam em dia (não parcelado). Assim como Leonel Brizola, aquele herói
enlouquecido de esperança que ao lado de Darcy Ribeiro construiu no Rio de
Janeiro, os Brizolões; escolas em turno integral onde as crianças chegavam pela
manhã tomavam café, estudavam, almoçavam, participavam de oficinas de teatro,
musica, esportes, pintura, literatura, cursos profissionalizantes, faziam um
lanche, tomavam banho e jantavam. Este modelo vitorioso no qual havia 500
escolas, hoje se mostrou que o velho e bom Brizola tinha razão, porém os
governos que sucederam Brizola trataram de acabar com as escolas em turno
integral, sabe por que? Aplica-se a lei de Adroaldo (Adroaldo Guerra Filho -
Guerrinha), estava dando certo. E para as elites dominantes deste país não é
interessante que filho de pobre estude, porque é mão de obra barata. Hoje no
Rio de Janeiro onde existe um “Estado” paralelo onde o narcotráfico e o crime
organizado dominam, a sociedade organizada chegou a conclusão de que os
Brizolões deveriam ter sido ampliados e multiplicados. A educação é a única
ferramenta capaz de mudar vidas e transformar pessoas de coadjuvantes a agentes
de transformação da história. Protagonistas de um novo tempo, onde o homem seja
fraterno e bondoso, mas acima de tudo comprometido com a cultura da paz!
Hortas Comunitárias foi um dos projetos apresentados pelos alunos da escola pública estadual Fernando Ferrari. |
Educação como
instrumento de transformação
Pois a midia
corporativista e a serviço do status quo não enfatiza as nobres e grandes
experiências vivenciadas nas escolas públicas, pelo contrário o que é noticia
são os aspectos negativos, brigas, falta de estrutura e outras mazelas
inerentes da sociedade contemporânea, mas as grandes experiências são relegadas
a um plano secundário. Pois na semana passada, mais precisamente em 04 de
dezembro ganhei o dia e empolgado conclui: a Escola Estadual Fernando Ferrari
de Campo Bom é uma oficina de cidadania plena. Primeiro: a acolhida que tivemos
como avaliador no Polivalente, sim porque sou do tempo em que o Ferrari era o
Polivalente. O clima de alegria, esperança e integração envolvendo professores
e alunos era contagiante. A fidalguia que fomos recebidos pela diretora, a
educadora Mara e pelo vice-diretor, o educador Clodomir pelos educadores – Geni
Copini, Daniela, Paulo Orsi e Patrícia nos deixou encantado. No brilho do olha
de cada educador eu vi esperança de quem faz da educação um sacerdócio. A
alegria, o sorriso e burburinho jovial dos garotos e garotas embelezavam o
ginásio de esportes do educandário onde os “Cidadãos do Amanhã” participaram da
Mostra de Projetos 2015 que aconteceu de 03 a 04 de dezembro. Fiquei
impressionado com os trabalhos apresentados pelos alunos de uma escola pública.
Que maravilha! Que qualidade!. Os quatro trabalhos que fui avaliador me
deixaram com a certeza de que esta geração será precursora de um mundo melhor
com ênfase na sustentabilidade. Avaliamos – Gerador Humano; trabalho que surgiu
a partir de um problema enfrentado pela escola, onde os garotos decidiram
implantar placas piezoeletricas nas escadas da escola. A meta é gerar energia
capaz de garantir o funcionamento dos bebedouros de água. O projeto de
segurança na escola também surgiu a partir de pesquisas internas e a busca de
soluções que culminou com a contratação de um monitor que trouxe melhorias e
mais segurança a aluno, servidores e educadores. Já o terceiro projeto era o
Telhado de Vidro que vem ao encontro da sustentabilidade. Este projeto
habilmente explanado por um entusiasmado aluno que destacou a importância deste
projeto o qual diminui em três, quatro graus o clima interno das residências.
Em se tratando de Campo Bom o projeto é salutar, pois somos a cidade mais
quente do Rio Grande do Sul. O quarto projeto avaliado foram os Canteiros
Comunitários, onde uma menina com conhecimento de causa explanou sobre o
projeto, destacando a importância de criar canteiros em pequenos espaços
canteiros com verduras, legumes e temperinhos, tudo sem agrotóxico. Unindo o
útil ao agradável em pequenos espaços, inclusive em apartamentos é possível
produzir alimentos saudáveis. Também vale enfatizar os trabalhos sobre madeira
de plástico e o importantíssimo projeto sobre animais abandonados, aliás, Campo
Bom carece de um projeto mais palpável e eficiente que solucione este caos
social e de saúde pública que se encontra o nosso município. Confesso: fiquei
feliz em participar desta Mostra de Projetos e ser lembrado como avaliador. A
Escola Estadual Fernando Ferrari é fomentadora de ações que estão contribuindo
para a formação do novo homem. O Ferrari vem formando pensadores e não meros
repetidores de informações. Ao término da avaliação segui pela Avenida São
Leopoldo pilotando o “Bat Móvel” em direção ao centro da cidade e no coração a
certeza: a escola pública é uma ferramenta poderosa de transformação, porque um
outro mundo é possível, mas para isso é preciso que se multiplique a mágica
presença de educadores apaixonados e que brilha nos olhos a esperança e como
afirma o mestre Rubem Alves: “Ensinar é um exercício de imortalidade. De alguma
forma continuamos a viver naqueles cujos olhos aprenderam a ver o mundo pela
magia da nossa palavra. O professor, assim, não morre jamais...” -
*Texto: Jair
Wingert; jornalista – Reg. Prof. no MTb/RS – 10.366
Certificado e cracha da Mostra de Projetos do Ensino Médio Politécnico 2015. |
O prazer foi nosso em recebê-lo! Eu me orgulho muito de fazer parte da história do Ferrari, não só porque o espaço físico é excelente, mas principalmente porque levamos a sério o ato de ensinar!!
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