O
campeonato brasileiro está encerrado, venceu a equipe mais
competitiva e a mais disciplinada taticamente. O Cruzeiro com uma
equipe sem medalhões, mas com padrão de jogo definido e com um
grupo parelho, inclusive com um banco de nível que não destoava
quando Marcelo Oliveira efetuava substituições. Venceu o mais
equilibrado. No Rio Grande do Sul novamente pela má gestão tanto de
Inter quanto Grêmio restou para o nosso bairrismo exacerbado a
disputa de vaga na Libertadores e o gauchão. Nada contra o gauchão,
porque pior que vencer a competição é perdê-la, mas convenhamos é
muito pouco para a grandeza destes dois grandes clubes gaúchos.
Tenho inúmeros amigos gremistas e os respeito e a reciproca é
verdadeira, apesar de muitos destes não perdoarem os tropeços do
colorado. Alguns mandam mensagem tipo; “Olha o Celso Juarez está
desempregado” coisas do tipo. Mas sou sincero desde 2008 procuro
não tocar flauta no nossos adversários, por que? Explico, um belo
dia amanheceu e havia grenal. Como de costume nos preparamos pois o
Gigante nos esperava para começar a festa. No caminho adentramos na
Padre Cacique e os guris vendiam bandeiras, camisetas e flâmulas do
Clube do Povo, mais adiante uma senhora oferecia uma bandeira com a
frase -Campeão de tudo! Um jovem ofertava por dez reais um poster de
2006 – numa bela sessão nostalgia onde havia os dizeres –
Campeão do Mundo Fifa. Entramos no estádio e para minha supresa
havia 10 mil torcedores tricolores como nos velhos tempos. Entramos
naquela festa ao ritmo da Guarda Popular “Inter estaremos
contigo.... Tu és minha paixão....” “ O guaraná na mão (não
bebo).... E de repente começa a tradicional “Ola” seguida do
Vamo, vamo Inteeeer” O Gigante estava rugindo e a cada tentativa de
grito de guerra do outro lado era abafado pela maré vermelha com
“Ão, Ão,Ão segunda divisão”. Tudo saudável, sem brigas. No
pátio do Gigante vislumbrei uma cena poética, demonstração de
civilidade a toda prova, uma família, pai e duas filhas; vestidos os
três com a camisa colorada, a mãe e um menino vestidos com a camisa
do Grêmio se separaram. Cada grupo seguiu para sua torcida, aliás,
colorados e gremistas caminhavam juntos de forma amistosa como no
passado, quando o que existia de mais agressivo eram os temidos sacos
de mijo “Senta, olha o mijo” Lembra? Acomodado embaixo da
marquise que existia na época – A maior torcida do Rio Grande no
anel superior, sintonizei o Nando Gross e ouvia atentamente o mais
lúcido comentarista do Rio Grande do Sul que fazia uma analise do
clássico grenal. Mas para meu desespero quando o nosso adversário
entrou em campo, lá estava no gol Manga, na lateral direita, Claudio
Duarte e a dupla de área, sabe quem? Figueroa e Indio.Na lateral
esquerda Claudio Mineiro. Não pode ser. O sofrimento continuava,
meio campo com Falcão, aquilo doeu o coração e lágrimas brotaram
dos olhos deste morugavense adotado por Campo Bom aos 4 anos de
idade. Além de Falcão aquele mercenário, Paulo César Carpegiani e
ai foi demais, D`Alessandro com a 10. O Dale nos traiu. No ataque com
a 7 Valdomiro e Fernandão, por favor o que está acontecendo? E na
ponta esquerda Lula. Quando o auto-falante anunciou o banco fiquei
mais apavorado – Goleiro reserva – Benitez e ainda tinha, Luis
Carlos Winck, Gamarra, Rodrigues Neto, Iarlei, Batista, Jair, Rubem
Paz, Marinho Perez, Fabiano Eller, Bolivar, Fabiano Cachaça, Nilmar
e com a 14 sabe quem? Escurinho que ainda de forma provocativa saiu
da casa mata e olhou para nós e sorriu, tipo: “Aos 30 minutos vou
entrar e marcar um golzinho, pode ser aos 44 minutos, mas vou....”
Minha angustia se acentuou ao ver que o técnico do nosso rival era
Abel Braga e o preparador físico Gilberto Timm e o auxiliar do
Abelão, sabe quem? Otácilio Gonçalves “Chapinha” Não pode
ser... Não, não, não, não.... Acordei sobressaltado com a minha
esposa Lídia apavorada perguntando o que estava acontecendo. Suando
frio, olhos arregalados, olhei a minha eterna namorada e apenas
balbuciei: “Foi um pesadelo. Um filme de terror que vivi, mas
passou. Foi só um pesadelo” Desde este dia nunca mais toquei
flauta nos gremistas, porque senti na pele o que eles de forma epidérmica e visceral vivenciaram e continuaram a vivenciar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário