E o pior é que tem gente que não acredita quando escrevo sobre
Morungava... Estou quase desistindo... Já escrevi de uma festa que
fizemos no Morungava lembra? Na verdade não foi uma festa grande,
digamos que foi uma festinha, coisa pequena, para comemorar a vitória do
Olívio Dutra (o galo Missioneiro), em 1998 a gente preparou algo bem
simples. Foram mais ou menos 20 bois, 14 ovelhas e 350 galinhas. A
churrasqueira foi aberta de retro-escavadeira e tinha 540 metros de
comprimento, dois e meio de altura por dois de largura. Como era uma
quantidade razoável de carne tivemos dificuldades em espetos, aí surgiu à
idéia: derrubamos um capãozinho de camboim, onde depois a Prefeitura
construiu cerca de 180 casas populares, mas que fique claro
reflorestamos em outra área depois. Outro problema foi salgar esta
quantidade de carne, mas como morungavense não se aperta, compramos todo
sal de Gravataí, Cachoerinha, Alvorada, Glorinha e Taquara. E salgar
tudo isto? Foi ai que tio Dino teve a idéia, falou com o Loth que tinha
um avião agrícola, colocaram a salmoura e os temperos no tanque e o
avião sobrevoa a churrasqueira e em rasantes pulverizou tudo. A festa
durou três dias, culminando com um baile no Salão do Anselmo que reuniu
tanta gente que a orquestra teve que tocar pelo lado de fora do salão.
Sabe aqueles janelões de madeira com tampões? Pois é os músicos abriram e
colocaram os instrumentos por ali para animar o baile. O salão lotou
tanto que um velho lá do Vira Machado dançando no meio do salão teve um
piripaque e morreu, isto por volta das 4 horas da madrugada, mas o corpo
só caiu por volta das 6 horas da manhã quando o salão esvaziou. Ah é
bom lembrar que em Morungava antigamente dava muitas brigas nos bailes,
inclusive tinha uma placa bem no palco em letras garrafais onde se lia:
“Proibido atirar nos músicos” E para completar a introdução, o valo
onde foi feita a churrasqueira encheu de sal e tempero, depois choveu se
transformando num Pesque e Pague e por causa do sal tem até peixe do
mar! Pois lá em Morungava teve uma época que tio Dino atuou como
taxista, sendo que o ponto ficava ali na faixa perto do Bar e
Restaurante do “Antonio “Porão” (Pohren). O táxi era um Opalão cor de
vinho, quatro portas. Corria o ano de 1978 e descobriu-se que de forma
secreta o Papa João Paulo II ou Karol Józef Wojtyła que estava no Estado
viria a Morungava visitar um parente seu, o polaco Augusto como
conhecíamos. Segundo falava-se o polaco era primo do Papa e vivia no
sopé do Morro do Itacolomi onde plantava bananas, bergamotas, produzia
mel e queijos finos que eram vendidos em um hotel famoso da capital. O
bispo articulou para que o Papa fosse levado escondido a Morungava e tio
Dino teve a incumbência. Naquele dia lavou o carro e até aquele
cheirinho que comprava no Posto de Gasolina do Almiro ele colocou. O
vigário de Roma chegou ao sitio de seu parente por volta das 10 da
manhã, depois almoçou e solicitou que tio Dino o levasse até Porto
Alegre, mas alertou num português meio atrapalhado “Vaaaamossss paaara
Pooorto Alegreee... Beeeemmmm raaaapiiiido, porqueee estooou
atraaasadoooo. Deeixa que eu voou dirigiinnndoooo...”. Tio Dino relutou,
mas uma ordem do Papa deve ser cumprida. O velho Dino passou para o
banco de trás e o Papa assumiu a direção. Atrasado o vigário de Roma
“carcou a muzanga”, “sentou o sarrafo” e o Opalão seguiu em direção a
Porto Alegre bem ao estilo do Ayrton Senna, só que mais adiante próximo
do Pampa Safari havia uma barreira da Policia Rodoviária que interceptou
o táxi. O policial ao verificar o motorista ficou assustado e foi até o
rádio e pediu orientação: “Atenção base, copiando QSV... Parei um Opala
que estava a 150 por hora, o que faço?”. Do outro lado o superior
disse: “Cumpre a lei soldado, multa por excesso de velocidade,
entendido?”perguntou e do outro lado do rádio o soldado afirmou: “Chefe
é que é gente importante que vem dentro do carro... Para o senhor ter
uma idéia, talvez possa pensar que estou louco ou que bebi, mas chefe é
gente muito importante que vem dentro do táxi porque o motorista desta
pessoa para ter uma idéia é o Papa”. Se eu conto ninguém acredita. Tem
que ter concurso - 100% Morungava -
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