Tio Dino aproveitou e me enviou esta foto de um pequeno churrasco "Coisa pouca" que fez no seu sitio em Morungava. |
Lá em Morungava em 1972 chegou um novo juiz com fama de muito severo. O
magistrado fazia questão de demostrar sua raiva aos que aproximavam com intuito
de agrados calculados à sua pessoa.
Quando um desses, popularmente conhecidos por puxa-sacos, chaleiradores
ou baba ovos se aproximavam, uma indignação se apropriava daquela autoridade e
logo uma sequência de composturas eram derramadas sobre o bajulador e todos que
estavam em volta. Não escapava um! O homem virava bicho! Deu-se, porém, que tio
Dino ansiava por uma sentença num processo seu, relativo a uma questão de
terras. Inconformado com a lentidão e sem acreditar nadinha naquela historia de
que ela tarda mais não falha, tio Dino viu como única solução para aquela
sua pretensão fazer um agradinho ao juiz. Dirigiu-se ao escritório de seu
advogado e falou-lhe do pretendido:“Doutor Ariosvaldo, eu andei
conjuminando umas coisinhas e eu acho que talvez a melhor solução
praquele meu processo andá, seria mandá um presente pro home. Melhor dizendo,
doutor, tava pensando em mandar um leitãozinho pro meritíssimo....” falou o
velho Dino.Ouvindo aquela insensatez, o advogado passou-lhe uma carraspana e
relatou-lhe, incisivamente, que o juiz era uma fera e perdia totalmente a razão
diante de tais atitudes, principalmente como aquela que ele queria tomar. Tio
Dino que é mais esperto que cobra ouviu tudo humildemente e bateu em retirada
para sua roça. Passado um mês, a tão esperada sentença saiu como seu Arcedino
desejava. Sem tirar nem pôr. Ganhou tudo que pediu! Sentença rápida! Tendo
conhecimento da mesma, seu advogado imediatamente foi ao encontro do seu
cliente, lá na sede da fazendinha em Morungava para lhe contar a vitória.
Sentou-se à beira do fogão de lenha, tomou um cafezinho, comeu uma broa de
fubá, comeu um queijinho fresquinho, tomou uma pinguinha e depois de todo
suspense disse a que veio: “Seu Arcedino, o caso deu muito trabalho, tive que
usar de muita lábia, muita prosopopéia, mas o juiz nos deu o ganho de causa.
Ganhamos a pendenga!”. Logo que o advogado terminou o relato, o velho Dino mais
exclamou: “Pois é, doutor, valeu a pena então eu ter mandado o leitãozito! Eu
queria vê se essa saliva toda ia funcionar sem o agrado!”, argumento o velho
morungavense que conhece o cego dormindo e o rengo sentado. Com uma tremenda
cara de espanto o advogado, novamente, asseverou sua voz para tio Dino: “Eu não
acredito que você mandou o leitão para o juiz”, vociferou o advogado. Tio Dino
prontamente lhe respondeu: “Ora se mandei! Mandei sim e com um bilhetinho muito
do educadinho, mas em nome da parte contrária”, afirmou tio Dino acendendo um
palheiro com fumo do Pega Fogo. Ouvi dizer que depois dessa, o doutor
Ariosvaldo sempre dá jeito de fazer uma visitinha para o tio Dino toda vez que
tem um caso mais complicado. Com certeza deve ser pra traçar a estratégia de
defesa, né? Tem que ter concurso - 100% Morungava.
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