Jorge Trevisol um dos melhores palestrantes que já esteve em Campo Bom. |
A educação é a ferramenta que vai transformar o
Brasil e torná-lo aquela nação preconizada por Tiradentes; aquele herói
enlouquecido de esperança. È verdade que desde 2002 para os dias atuais o país
avançou muito, sobretudo possibilitando acesso aos filhos dos trabalhadores a
faculdades e universidades. O nosso Leonel de Moura Brizola um apaixonado pela
educação e defensor de que projetos educacionais são ferramentas de inclusão e
que contribuirão para o surgimento do novo homem; um ser formador de opinião e
não repetidor informação; um pensador na essência da palavra “Se penso logo
existo”. Brizola e Darcy Ribeiro quando implantaram os CIEPs no Rio Janeiro nos
anos 80, os “Brizolões” eram escolas de turno integral nas quais a
criança chegava pela manhã tomava café, assistia aula, lanchava, depois ao meio
dia almoçava e a tarde participava de oficinas em turno oposto. A tarde lanche,
à tardinha tomavam banho e jantavam. Voltavam para casa com o corpo e a alma
alimentado. Havia transporte gratuito para estas crianças e aulas de
inglês e francês. Foram construídos 550 CIEPs, porém quando mudou o
governo carioca aos poucos os governadores (a serviço de quem?) foram
fechando os CIEPs, transformando em escolas de apenas um turno. Para que? Para
sobrar mais dinheiro para ser desviado para seus bolsos. Hoje dos 550 Brizolões
não chega a 20 o número de escolas em turno integral, ou seja, 530 escolas de
formar cidadãos foram fechadas. Isso tudo a serviço de quem? Sociólogos,
pedagogos e educadores chegaram à conclusão de que se o sistema
educacional implantado por Brizola e Darcy Ribeiro tivesse continuidade e
ampliação, o Rio de Janeiro não estaria enfrentando o caos, onde existe um
“estado” paralelo no qual facções criminosas comandam favelas e morros,
levando violência e morte. A prevenção à criminalidade esta diretamente
associada à existência de políticas sociais básicas e não à repressão, pois não
é a severidade da pena que previne a criminalidade, mas sim a certeza de sua
aplicação e sua capacidade de inclusão social. Independente da ideologia ou
gres partidária, até porque acredito que isso apenas separa, ou seja, não une,
desagrega, fico estupefato com o projeto educacional desenvolvido em nossa cidade.
Campo Bom possui desde 2008 um projeto de educação libertário e que é
referencia no Brasil. O projeto sob o comando do prefeito Faisal Karam sob a
chancela da secretária de Educação, Eliane dos Reis e sua equipe é reconhecido
internacionalmente com ênfase na inclusão. Na semana passada, (31.07) no
auditório Marlise Sauressig no CEI tive a alegria de participar do Seminário
envolvendo educadores e profissionais da educação infantil. Um momento de rara
beleza e encantamento. A começar pelo grupo musical da Escola Presidente Vargas
da Operária coordenado pelo professor Rondinelli que com talento e maestria
conduz estas crianças. Aliás, este grupo é uma oficina de cidadania, uma
verdadeira “Padaria d'alma”. Os alunos participam deste grupo em turno oposto
ao da escola. Olha o Brizola ai gente! Escola em turno integral tira as criança
e adolescente das ruas e os transforma em cidadãos de bem. A emoção de ver
aquela garotada tocando instrumentos e levando a magia da musica que transforma
a alma foi algo que transcendeu minha finita compreensão. Nossa, filhos de sapateiros tocando instrumento que
maravilha! O que é aquele garoto solando “Dona” do Roupa Nova” com sax? Um
momento lúdico e que nos deixou emocionados, porque educar é preciso. Já o
palestrante dispensa comentários. O teólogo, compositor, filosofo e terapeuta
Jorge Trevisol é uma autoridade. Sua palestra é algo magnifico que leva a
pensar, a “não ficar distraído”. Fala de anjos, de amigos e de tantas reflexões
“Como Zaqueu”. Trevisol sentenciou
que o ser humano mais potente não é
aquele que conquista coisas materiais mas, aquele que vai, no passar dos dias
da vida dele se descobrindo nas experiências que vai fazendo. Isso na (área
da)educação é fundamental pois a educação poderia ser chamada 'a arte de
despertar a alma que há em cada um. A
divisão maior da sociedade não está entre pobres e ricos, mas sim entre os
distraídos e os que são atentos aos sinais. Os que estão mais atentos conferem
sentido as coisas que acontecem ao seu mundo, se mantém alertas, enquanto os
distraídos as vezes simplesmente veem a vida passar, entregam-se demais ao
acaso.”, disse, pregando que a auto avaliação é um exercício indispensável para
quem busca conhecer a si mesmo. Andando pelo palco com seu sotaque no melhor
estilo descendente de italianos, o psicoterapeuta orientou o público a observar
melhor as pessoas de seu convívio mais próximo. “Quer saber quem você é?
observe quem é que vive ao seu lado, quem está sempre com você; analise que
livros você lê, que filmes você assiste; isso revela muito sobre sua
alma.” Trevisol enfatizou a importância
de monitorarmos nossos pensamentos para que possamos viver com equilíbrio. Em
síntese, explicou que atraímos aquilo que pensamos. “Pessoas tristes atraem
pessoas tristes e duas pessoas tristes às vezes dão muito certo, até que um
deixe de ser triste. Isso porque um triste não suporta a felicidade do outro, a
felicidade do outro machuca”. No final
da palestra saímos com a sensação que se quiséssemos voaríamos. Mais leves, sem
cargas, mais perdoadores, cheios de esperança e com a certeza de que é possível
construir um novo homem a partir do maior de todos os dons: o amor. Também conclui
que cada centavo aplicado em educação pelos gestores públicos retorna sempre em
forma de cidadania plena. Mais investimentos hoje em escolas e seres humanos
serão menos presídios amanhã. O menino e a menina que hoje toca um sax ou
flauta doce no turno oposto, amanhã não vai “ tocar um cachimbo de crack” e se
tiver que fumar cachimbo será o da paz.
Educar é abrir janelas e construir estradas nos átrios do coração! Não sei se disse, mas tentei.
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