Hoje se
fala muito na questão violência, pois ela assusta, dilacera e nos
faz perder o sono. Pagamos impostos altos e a Constituição diz que
segurança é dever do Estado, certo? Mas chegamos a tal ponto de
pânico que a noite ao chegarmos em casa ficamos assustados a
qualquer movimento estranho. Descer do carro para abrir o portão a
noite quem se arrisca? Grades, cerca elétrica, câmeras de vídeo,
cães, cacos de vidros em cima do muro, segurança privada. Estamos
vivendo atrás das grades, pela ausência do Estado. Em Campo Bom e
no Rio Grande do Sul como um todo sentimos a ausência de brigadianos
em duplas principalmente pelo centro da cidade. O que está
acontecendo? Falta efetivo? O salário baixo, a periculosidade
inerente a profissão afasta candidatos ao cargo de policial militar?
Sabemos que em Campo Bom, o capitão Luciano Veríssimo é um
excelente policial, um homem aberto ao diálogo, profissional
dedicado e um apaixonado pelo que faz, que vibra com as vitórias dos
seus comandados e ao mesmo tempo sofre quando a bandidagem vence
alguma batalha. Mas então por que a violência? Por que dos
assaltos? Dos arrombamentos? E outros delitos. Numa análise do
contexto contemporâneo avançamos numa tese, ou melhor, uma análise.
O grande problema é que nos debruçamos sobre a consequência da
violência e esquecemos o foco central que é a causa. Os por quês da
violência? O sistema prisional é falho, caótico e ultrapassado. As
cadeias são faculdades de formação e pós graduação do crime
organizado. As prisões não recuperam, pelo contrário criam seres
revoltados que na rua se voltam com mais violência contra a
sociedade. Enquanto não mudarmos a questão prisional a coisa
continuará de mal a pior. O sistema prisional brasileiro deveria
obrigar cada detento a trabalhar seis horas por dia dentro da prisão
e o valor do salário seria repassado para a família ou depositado
numa conta que seria usado após o cumprimento da pena. Outro
aspecto, os presos deveriam estudar cinco horas, concluindo o ensino
fundamental, ensino médio, bem como, cursos técnicos. A prisão
não pode ser ociosa, pois a ociosidade é o laboratório do crime.
Se efetuarmos uma pesquisa de cada dez presos, nove são advindos de
lares desfeitos, vitimas de violência, de abusos, passaram fome,
moraram de forma indigna e não tiveram escolaridade, mas sobretudo,
não professaram um religião. Muitos nunca receberam um abraço, não
receberam um elogio, um carinho e uma palavra de afeto. O ponto
nevrálgico deste debate consiste no por que da violência. Onde
pretendo chegar, na minha modesta avaliação existe um trinômio para
uma sociedade feliz – Família forte e alicerçada, igreja e não
importa qual, o fundamental é ter uma fé; um suporte para enfrentar
as vicissitudes desta caminhada. A medicina afirma que pessoas que
professam a fé, frequentam uma igreja são mais felizes, se recuperam
melhor de doenças, de problemas e contratempos e por último a
educação. Um projeto educacional forte e que oportunize a formação
de pensadores, e não meros repetidores de informação. Família +
Igreja + Escola = Sociedade estruturada e equilibrada. Se nada
fizermos algo é imperioso a ser dito: não existe polícia no mundo
que dará conta de substituir a ausência de família, ausência de
educação (escolaridade no que tem de melhor o conceito), de
espiritualidade (fé, valores éticos e morais). Portanto não há
estado capaz de suprir tudo isso, sem a participação consciente e
cidadã. Não sei se disse, mas tentei. - Jair
J. Wingert; jornalista.
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