Vivemos
momentos de incertezas em todos os sentidos com uma grande inversão
de valores impostas pela sociedade extremamente consumista na qual
estamos inseridos. Um dos grandes problemas da sociedade dita
moderna é a questão violência que tem sua raiz em
muitos aspectos, mas o principal é a falta de esperança que campeia
solta. Tomando como base nossa região; o Vale do Sinos, ou Vale do
Sapato, o êxodo rural nos anos 70, a vinda de pessoas de
cidades essencialmente agrícola para se tornar mão de obra na
industria de calçados, gerou problemas sociais, pois as cidades
apenas receberam a mão de obra, mas não cuidaram de questões
basilares como programas habitacionais, creches, escolas, transporte,
médico e qualificação de mão de obra. Na região houve uma
favelização com o surgimento dos bolsões de miséria. Houve ocupação de banhados, áreas de risco em encostas de morros.
É a luta pela sobrevivência. O tétrico quadro remonta o gaúcho
que outrora em cima da carroça conduzia o cavalo lá no
seu torrão natal. Hoje na cidade o papel se inverteu e é o
desempregado sem qualificação que faz papel do cavalo, puxando a
carroça de papelão e no final do dia afoga as magoas no boteco da
vila, enquanto a noite a família se educa assistindo Big Brother.
Mesmo com o avanços dos últimos 12 anos que coloca o Brasil
num patamar de crescimento e desenvolvimento humano, a violência
assusta. Campo Bom, por exemplo, os constantes assaltos ao comércio
e destaco bairros como – Rio Branco, Santa Lúcia, Jardim do Sol,
Santo Antônio, Morada do Sol preocupa e carece de ações mais
fortes por parte da Brigada Militar com a presença mais constante
nestes bairros através do patrulhamento veicular, pois a presença
visível da BM inibe a ação destes delinqüentes que na maioria das
vezes praticam tais atos para sustentar o vicio do crack (uma
epidemia que está formando um exercito de zumbis) Poderíamos citar
ações de êxito contra a violência como o Tolerância
Zero implantado em Nova Iorque pelo prefeito Rudolph Giuliani, mas
nós vivemos outra realidade. Precisamos em conjunto com debate
profundo da sociedade organizada buscar equacionar este
caos que vivemos, onde as pessoas de bem estão atrás das grades e
cercas elétricas, enquanto a bandidagem está solta. Como jornalista
penso que a temática violência é ampla e na sua essência está
também à desestruturação da família e a falta de projetos e
políticas fortes voltadas à educação. Uma educação libertária,
tornando o homem sujeito da história; protagonista do meio em que
vive é um caminho de vital importância e talvez o mais barato aos
cofres públicos. Cada escola equipada, cada aumento de salário aos
professores, cada aluno dentro da sala de aula é um presídio a
menos a ser construído e parafraseando o sábio Confúcio: educa a
criança de hoje para não ter que punir o adulto de amanhã. E como
afirmava Leonel Brizola: a educação liberta, a educação
transforma e ajuda na construção do novo homem. Não sei se disse,
mas tentei.
*Jair J. Wingert
– jornalista e vereador em Campo Bom