segunda-feira, 28 de julho de 2014

J.B. COQUEIRO: O LACAIO

Tio Dino sempre brizolista da gema e alguém que jamais fugiu da luta, sofreu na pele as perseguições advindas da ditadura militar. As perseguições se acirraram quando foi colocado em Morungava um prefeito da Arena e que notadamente era desafeto do tio Dino. Para mostrar que era “otoridade”, J.B Coqueiro o prefeito lacaio e lambe botas de generais, iniciou um processo de represália ao pessoal identificado com Brizola e Jango.Na verdade J.B Coqueiro era um covarde que se escondia atrás de panfletos anônimos, inclusive num jornal que apoiou o golpe, J.B escrevia mentiras contra os brizolistas usando outro nome. A coluna repleta de escremento muitas vezes era escrita a quatro mãos, sendo produzida pelo assessor direto de J.B,  Roberto Sérgio. Chegou ao poder numa eleição vencida por diferença de 17 votos, onde até morto votou e as cestas básicas foram decisivas, distribuídas aos pobres. A forma mais primária das purrinhações era enviar o pessoal da vigilância sanitária ao sítio do tio Dino. Certa feita chegou num fusca placa branca que em muitas oportunidades se via estacionado na frente da casa da luz vermelha, mas segundo os fiscais, estavam ali autuando e verificando a “higiene” do estabelecimento. O motorista e fiscal era anti brizolista e aproveitava para a desforra contra os trabalhistas. Na verdade este sujeito foi um dos muitos que enriqueceu apoiando a milicada. Adolfinho estacionou o veículo na porta do sítio, onde a tia Miúda fechou a cara e não deu muita conversa. Ao passo que o Surtão e o Peri rilhavam os dentes, já o gato Sarney ficou dormindo em cima do saco (de batatas). Logo tio Dino se aproximou e de pronto foi questionado pelo pseudo fiscal. “O que tu serve para  os porcos comer?”  Tio Dino pensou e observou: “Milho, lavagem, mandioca e  por ai vai”  Adolfinho já orientado pelo prefeito perguntou “Tu não serve a ração vitaminica H2?” Tio Dino respondeu imediatamente “Não sirvo e nunca ouvi falar deste troço. E aqui quem manda sou eu e sirvo o que quiser aos meus animais” Sorrindo de forma irônica estilo Aécio Neves, Adolfinho afirma: “Vou ter que aplicar uma multa no valor de 45 mil réis, por que de acordo com a Lei Municipal 12.345 de  julho de 1967, é obrigado servir esta ração para ampliar a qualidade do plantel suíno” lascou Adolfinho tirando o bloco de multas.  Algumas semanas após o incidente lá vem o fusca do Adolfinho a mando do prefeito J.B Coqueiro que vai direto ao galpão onde estão os porcos. Tio Dino alimentava os animais ficou de  cabelo em pé e mais bravo que maribondo. Adolfinho o puxa saco mór vai direto ao ponto e pergunta: “Quantos porcos tu tens ai Dino?” Tio Dino pensou em puxar a prateada e dar uma facada no “imbigo” do lazarento, ou fazer como  Jayme Caetano Braum maior pajador da América que afirmava que  cortado do beiço a  orelha até touro se ajoelha, mas manteve a calma aprendida com a Vó Guina sua progenitora que aconselhava: mingau quente se come pelas beiras. Pacientemente respondeu: “Tenho uns 130 porcos”. O fiscal da higiene de Morungava seguindo a risca a orientação do prefeito FDP, ou melhor J.B e já tirando do bolso o bloco de multas pergunta: “O que tu serve para eles comer?” O velho Dino, para e pensa, dá uma pitada no palheiro, olha lá para o Morro do Itacolomi e diz: “Eu ultimamente dou 2 contos de reís para cada um e eles vão até o centro do Morungava e comem o quiser”, Adolfinho se tocou para o centro mais bravo que nenê cagado. No outro dia retornou ao sítio a mando do prefeito e com arrogância destaca “Preciso inspecionar sua propriedade por suspeita de plantação ilegal de maconha!” O velho Dino tranquilo como água de poço diz:” Sim senhor, mas não vá naquele campo ali - e aponta para uma certa área. Adolfinho  muito bravo diz indignado:” O senhor seu brizolista de meia pataca sabe que tenho o poder do governo militar do Brasil e do presidente Costa e Silva, do governador Perachi, do prefeito J.B Coqueiro e de toda polícia comigo? E tira do bolso um crachá mostrando ao tio Dino: “Este crachá me dá a autoridade pela “revolução” (que foi GOLPE) de ir onde quero, e entrar em qualquer propriedade. Não preciso pedir ou responder a nenhuma pergunta. Está claro? Me fiz entender? Tio Dino todo educado pede desculpas e volta para o que estava fazendo. Poucos minutos depois  ouve uma gritaria e vê Adolfinho” oficial do governo militar” correndo para salvar sua própria vida perseguido pelo "Santa Gertrudes", o maior touro do sitio. A cada passo o touro vai chegando mais perto de fiscal, que parece que será chifrado antes de conseguir alcançar um lugar seguro. Adolfinho o lacaio está apavorado. Tio Dino; morungavense muito educado e solícito, larga suas ferramentas, corre para a cerca e grita com todas as forças de seus pulmões: “ Seu crachá! Mostra o seu CRACHÁ pra ele Adolfinho...!”
Tem que ter concurso – 100% Morungava

segunda-feira, 21 de julho de 2014

O GOL DE CABEÇA

Zequinha taxista, torcedor do Internacional, o campeão de tudo, o clube do povo, o rolo compressor, a academia do povo, dos tempos de Falcão, Figueroa, Fernandão, Iarlei, Dario, Flávio, Carpegiani e outros craques. O apelido que veio desde tenra idade em função de ser o menor em tamanho e idade no clã dos Morais, seguiu a profissão de seu pai. Quanto ao mundial Zequinha apenas acompanhava pelo rádio, pela televisão e pelas notícias dos jornais. Na direção do carro novo financiado graças aos programas do governo Federal, o diálogo principalmente com os homens  girava em torno do rendimento pífio da seleção canarinho que não encantou e com um agravante da “Neymardependência”. Uma "fiasqueira" do Felipão que na ótica de Zequinha estava enxovalhando o nome do nosso país, ou melhor, do Rio Grande do Sul. Naquela tarde na Nilo Peçanha em Porto Alegre, Zequinha apanhou um passageiro do tipo no mínimo estranho, não só pelas roupas, mas pelo silêncio quase sepulcral e com comportamento suspeito. Na verdade Zequinha não estava com muita vontade de conversar, contrariando sua característica principal que é justamente dialogar. Seus amigos do ponto de táxi brincavam que Zequinha falava tanto que chegava a bronzear a língua, mas o motivo da quietude eram os seis gols sofridos contra a Alemanha.  Foi o “mineiraço” reedição do  maracanaço de 1950 quando ao menos chegamos a final, pensava Zequinha que ainda no sinal pode ver em uma lancheria repleta de bandeirinhas do Brasil e com a presença já diminuta de torcedores pode vislumbrar, o Galvão perguntar “Pode isso Arnaldo?” ao se referir ao sétimo gol dos alemães. Goleada com gosto de chocolate “amargo”. Ele pensava em voz alta “Não podia dar certo, pois no meu tempo – Oscar jogava basquete, Jô era comediante e Fred era dos Flintstones”. Na rodoviária o estranho pagou a corrida e desceu seguindo seu rumo sem ao menos balbuciar uma palavra. Ainda atônito com a goleada, Zequinha percebeu que o passageiro esquecera uma sacola no banco traseiro, parecia que propositalmente. Em vão procurou o estranho por toda rodoviária. Após quase uma hora de procura inútil, inclusive nos banheiros,  resolveu chamar a policia e ao retirar a sacola do carro já conseguiam sentir um insuportável mau cheiro exalando do interior da mesma, sem contar que um liquido viscoso e roxo escorria pelo fundo do invólucro. O policial abriu a sacola em meios aos olhares curiosos que se aglomeravam ao redor do táxi, enquanto isso no sistema de comunicação uma voz pastosa dizia: “Onibus com destino a Sarandi com saída às 18 horas na plataforma 44”. Para surpresa no seu interior havia uma cabeça... Uma enorme cabeça, sim uma cabeça, de homem? Mulher? Criança? Não, uma brassica oleracea variedade capitata, nada mais que uma cabeça de repolho roxo.