terça-feira, 24 de junho de 2014

10 ANOS SEM BRIZOLA: O ARAUTO DA EDUCAÇÃO

Em 2004 perdemos um dos maiores estadistas, um das melhores cabeças da America Latina. Faz dez anos que o mundo ficou mais pobre com a morte do nosso gaúcho; ex-governador Leonel de Moura Brizola. Num momento conturbado que estamos vivendo como faz falta aquele senhor de cabelos ralos e grisalhos, com um sorriso carismático, vestindo a camisa azul piscina que o vereador Victor de Souza define como “azul Brizola”, por volta das 20 horas e 30 minutos após o tele jornal surgir na tela da nossa TV e dizer. “Meus conterrâneos e  conterrâneas...”  Um dos grandes feitos de Brizola foi a Legalidade na qual impediu o golpe militar e se tornou uma referência mundial, aliás, a Legalidade foi o maior e mais autêntico movimento popular da história do Brasil... “Avante brasileiros de pé, unidos pela liberdade...” Brizola faz muita falta e no discurso do senador Cristóvão Buarque pode sintetizar esta ausência deste grande líder trabalhista...
Leonel Brizola: escola em tempo integral= cidadãos de bem!
“Medimos os grandes políticos pela presença deles no cenário nacional quando estão vivos, mas medimos a importância dos maiores de todos pela ausência deles”. E Brizola foi um político de presença firme ao longo de todas as décadas de sua atividade política. Ele nunca esteve discreto na vida pública brasileira. Sempre teve um lado claro, firme, em defesa da Nação brasileira, em defesa dos trabalhadores brasileiros. Brizola faz falta nesse mundo em que, aparentemente, não há bandeiras claras, nítidas. Ele carregava em si uma bandeira. Ele falava com uma posição, com um lado, com uma nitidez de princípios e de propostas, sem esse furta-cor que hoje caracteriza as bandeiras dos partidos no Brasil. Brizola faz falta na soberania nacional, na nitidez de posições que digam: existe um lado, e existe outro lado, não esse meio-de-campo em que todo mundo hoje está se misturando. Brizola faz muita falta, sim, porque era a voz, respeitada nacionalmente, capaz de colocar no cenário nacional a prioridade radical pela educação. É diferente o discurso que põe essa bandeira na boca de outros ou na boca do grande Leonel Brizola, até porque ele fez esse discurso há mais de cinquenta anos.Hoje, no momento em que o grande capital é o conhecimento, no momento em que a base do progresso é a educação, a fala de Brizola estaria incendiando este País por uma revolução. Brizola está fazendo falta, porque ele criou, há muito tempo, a verdadeira escola, que era o Centro Integrado de Educação Pública (CIEP): a escola de horário integral. Mas ele falou tão na frente, tão adiantado, que não conseguiu levar isso para o Brasil inteiro. Brizola faz falta por que seria capaz de conduzir o Brasil nessa revolução educacional que defendia em um tempo, antes de ser essa a verdadeira razão da revolução. O grande Brizola faz falta no momento em que as leis trabalhistas exigem alguns ajustes, mas não podem ser ajustes contra os interesses dos trabalhadores. Ele faz falta por que a voz dele seria a melhor para dizer que aqui estão as mudanças que podemos fazer, aqui está o limite além do qual a gente não vai, aqui está a maneira de mudar as leis, melhorando-as, não prejudicando os trabalhadores. Ele está fazendo falta, nesse momento, porque a voz dele daria uma força, uma credibilidade que nenhum de nós, políticos ainda vivos, temos. Brizola tinha os princípios, a história dos princípios, a palavra dos princípios. Por isso, faz falta. Brizola faz uma profunda falta também neste momento do vazio ideológico que vive a política no Brasil, porque ele nunca foi contaminado por uma ou outra ideologia. Ele construiu sua ideologia. Ele foi capaz de não cair nos “ismos” e criar o Trabalhismo junto com Getúlio, com Jango, com Pasqualini e com outros, mas a linha dele não seria afetada pelo debacle que a gente viu da maneira como o socialismo era feito. Hoje, lembramos a todos que houve um político que foi grande quando vivo e que ficou ainda maior quando a gente sente sua ausência. Viva Brizola, pelo seu tamanho em vida e pelo sentimento de ausência que ele nos passa!” O jornalista Petronio Souza, tão logo soube da morte de Brizola, assim definiu o grande líder: “Foi gênio e genial, homem raro, daqueles que nasceu lá para as bandas dos pampas do olhar reto, direto; engenheiro por formação, queria reconstruir o país, e estruturado em valores solidificados na pedra preciosa do nacionalismo autêntico. Não enxergava limites nem divisas, para ele a Nação era o todo, sem barreiras no amor incorporado. Agora, ficamos nós com o coração vazio. Muitos não concordavam, mas ouviam. Por autoridade nacional, ele repetia, repercutia. Agora, fica faltando um bravo no céu anil do Brasil. Fica faltando as sábias palavras do grande pai nacional que, sempre, para o bem geral da Nação, ponderava. Fica faltando Leonel Brizola, o homem que fez desabrochar uma Rosa Vermelha brasileira, dentro do peito dos verdadeiros filhos da Pátria”.Registramos a nossa profunda saudade, principalmente, neste momento, em que a corrupção, o nepotismo e a falta de ética corroem os poderes republicanos, sem que uma voz que tenha a sua credibilidade e a sua autoridade, levante-se na defesa do povo humilhado. Para nós seus amigos e seus companheiros e para mim em particular que em 1957, aos 19 anos passei a integrar a sua equipe na Prefeitura de Porto Alegre, Brizola vive, através do legado das suas idéias, da sua coerência e da sua coragem e determinação na luta da defesa dos interesses e dos anseios do povo brasileiro e, cabe a nós, os seus seguidores trabalhistas autênticos, dar continuidade aos seus projetos e as suas propostas consubstanciadas na Missão que ele legou ao PDT: “Nós temos a nossa responsabilidade com a história. Nosso partido é o único com determinação de assumir as grandes causas nacionais. Nenhum partido é tão nacionalista quanto o nosso. Queremos um país desenvolvido, autônomo, independente. Nós somos a emanação das lutas sociais. O Trabalhismo nasceu da Revolução de 30, de uma inspiração do Presidente Getúlio Vargas, que foi evoluindo de acordo com o processo social, empenhado em garantir direitos à massa dos deserdados.  Nós somos as verdadeiras reformas, a mudança, o voto rebelde. Somos a expressão brasileira do socialismo democrático e tomamos a feição social democrata, pois é preciso chegar a um certo nível de igualitarismo para termos desenvolvimento. Nós temos genética, somos uma grande sementeira de idéias em beneficio do povo brasileiro. Temos que estar sempre onde está o povo. Existimos para dar voz aos que não tem voz. Nossa ancoragem é a área deserdada da população. Nosso guia é o interesse público e o bem comum”.

sexta-feira, 20 de junho de 2014

ELE VOLTOU...

Jair Wingert é colunista esportivo do Fato do Vale
E ai galera (tô falando com a gurizada) tá nessa manos... Meus caros e diletos amigos (tô falando com a turma com mais de 40, a turma como eu 5.0 para cima que comeu bala soft e se engasgou, que foi no Téleco quando se instalava na avenida Brasil onde hoje é o Unidão, ou assistiu aos clássicos Oriente e 15,ou Riograndense e 11 Garotos e ouvia o programa do Flávio Lima e do Tangará na Rádio Cinderela e as bandinhas do Darci Schmidt). Pois olha desde a última sexta-feira (14.06) retornei a fazer algo que amo de paixão; escrever e escrever sobre futebol é algo maravilhoso, aliás, na minha casa os Wingert vivenciavam epidermicamente futebol. Todos colorados (o Wingert que não é colorado pode procurar um psicólogo, psiquiatra, porque tem problemas). Aprendi a gostar de futebol com meus pais e irmãos, ouvindo o Ranzolin, Haroldo, Helio Fagundes, Samuel de Souza e o Rogério Amaral. Mas vamos deixar de ser piegas e voltar ao presente, aceitei o convite do jornalista Joelci Mello e estou escrevendo uma coluna semanal “Papo de Boleiro”, onde  neste momento o tema é óbvio é Copa do Mundo. Então convido a todos a comprar O Fato do Vale edição deste sexta-feira (20.06) e acompanhar além do Papo de Boleiro toda a cobertura de Brasil e México e da Copa do Mundo de maneira geral. Na semana passada O Fato deu um banho de cobertura, a partida entre Brasil e Croacia encerrou 18h e 50 minutos, às 19h e 30min a página de esporte com matérias e fotos belíssimas estavam prontas e as 22 horas já estávamos circulando com uma edição de ouro, fruto do trabalho profissional e competente de uma equipe que joga sob pressão, mas marca o campo inteiro e não dá chances ao adversário de respirar. Os grandes jornais do Rio Grande do Sul veicularam na sexta-feira estreia do Brasil com fotos de capa detalhando o que foi a partida. O Fato do Vale (uma escola de jornalismo comunitário) também estava neste ritmo. Não esqueça acompanhe nossa coluna, Papo de Boleiro, todas as sextas-feiras no Fato do Vale – o jornal mais antigo de Campo Bom – 39 anos escrevendo a história da nossa cidade.
Jair Wingert – jornalista -

segunda-feira, 2 de junho de 2014

EU QUERO MORAR NO FACEBOOK

“Apagaram tudo pintaram tudo de cinza. A palavra no muro ficou coberta de tinta. Apagaram tudo pintaram tudo de cinza. Só ficou no muro tristeza e tinta fresca.”
O mundo envelhece piorando, a violência campeia solta, a desestruturação da família vem gerando sérios distúrbios sociais. Hoje a maior fome que as pessoas enfrentam é a fome de paz interior e harmonização. Não vi nenhum candidato a cargos eletivos colocar em sua agenda de propostas o apoio e o desenvolvimento de projetos de políticas públicas permanentes que atendam a família. Tudo começa na família. Para levar meu voto e meu apoio, pergunto: tem projeto para família? Por outro lado a sociedade consumista é a responsável pela maioria dos delitos e crimes. O mundo vive uma crise sem precedentes e nós estamos enxugando gelo, ou seja, focalizamos a consequência e não a causa. As pessoas estão agitadas, sem tempo para a família, para os amigos, para as coisas simples da vida e aí entra o tremendo malefício que as chamadas redes sociais estão causando. Já notou que as pessoas, especialmente os jovens estão o tempo inteiro ligados no face, instagram, whatsApp e outras parafernálias que estão nos deixando perto de todos nesta aldeia global, mas afastados de nós mesmos e dos outros. Nada substitui um sorriso, um abraço e uma conversa animada. Outro dia estávamos reunidos em grupo de amigos e constatei que ali naquela mesa a gente, no passado  falava de poesia, de livros, filmes, política e sobretudo de sonhos, mas os tempos mudaram e não escapamos deste monstro que vem nos tornando menos humanos. Um dos nossos amigos está literalmente viciado no whatsApp. Na mesa ele não desgrudava do celular e providencialmente liguei para seu telefone. Atendeu com um alô um tanto quanto contrariado, reclamou: “Que sacanagem Jair”  Então apliquei o que o Analista de Bagé classifica de “joelhaço no saco”, tratamento forte e direto ao afirmar ao dileto amigo viciado nas redes sociais. “É mais fácil conversar contigo por telefone. Tu está aqui conosco somente de corpo presente” Mesmo contrariado nosso herói guardou o telefone, mas quinze minutos depois se despediu e rumo ao automóvel sacou do bolso o telefone e se conectou ao “mundo” outra vez. Estamos esquecendo do diálogo, de ouvir a voz das pessoas. Em algumas casas, a cena é tétrica e digna de uma analise freudiana, num sofá a mãe plugada “numa máquina”, na cozinha enquanto janta, o pai está plugado também e num dos quartos, a menina está em contato com o mundo e no outro quarto o garotão de 17 anos conversa com seus “amigos virtuais”.  Muitas vezes a família nem vê o William Bonner e a Poeta dizer “boa noite”, mas o cúmulo é quando a mãe pelo face manda um recado para a filha “Mana vai lá cozinha lavar a louça tb”. Famílias que esqueceram o diálogo, que moram na mesma casa, mas são estranhos; distantes. Outra grande farsa é o chamado facebook. Já viram que as pessoas vivem algo que não são suas vidas. Viajam, tiram fotos e postam fotos, fotografam o que comem. Tiram fotos íntimas que beira o ridículo da exposição. O face é usado para fazer ciúmes e viver algo que não existe. Tudo mentira. No facebook assim como nas novelas tudo é bonito, tudo é maravilhoso que as vezes chego a pensar: eu quero viver no facebook, eu quero viver neste mundo onde tudo é belo! No face não tem desemprego, não existe violência, ninguém está doente. Não existe conta a pagar. Que legal, o face é a solução para os problemas do mundo. Te liga Obama, tá ligada Dilma, Angela Markel e Mujica? Estas ferramentas são importantes, mas tudo requer equilíbrio de nossa parte. Nada substitui o olho no olho, o sorriso, o toque, o abraço fraterno (quem sabe você seu cara pálida está aí se perguntando: o que é abraço? Tenho uma vaga lembrança, deve ser aquele negócio que a gente usa para dar brilho em metais e encontramos no Unidão. Não, isso é brasso e é com dois “Ss” mesmo e se trata de um abrasivo que limpa e dá polimento aos metais, abraço é outra coisa). A beleza está na singeleza das coisas simples e a vida? É bonita e é bonita. Num planeta que agoniza e cambaleia como um bêbado esquecemos da gentileza, aliás, gentileza gera gentileza e como diz a poeta Marisa Monte: “Nós que passamos apressados pelas ruas da cidade merecemos ler as letras e as palavras de gentileza”. Por isso eu pergunto a você no mundo se é mais inteligente o livro ou a sabedoria. O mundo é uma escola, a vida é um circo. Amor palavra que liberta já dizia um profeta.
Não sei se disse, mas tentei.