segunda-feira, 11 de novembro de 2013

TIO DINO DOMINOU O FACEBOOK

Pois não é que o velho Dino se aventurou pela internet e ontem recebi um e-mail do cidadão mais famoso de Morungava. Todo “gavola”, agora já avisa que ele e a tia Miúda estão também no facebook, colocaram fotos dos bois, das galinhas, do sítio, do Peri e do gato Sarney. O velho Arcedino condinome Tio Dino me mandou um texto pelo e-mail alertando que todo bom morungavense não pode esquecer suas raízes e salientou via internet, algumas coisas que na casa de todo morador de Morungava deve constar. Ai vai a lista: tem cortina ao invés de porta tem um pijáme bom pra no causo de baxá hospital e uma roupa bonita pra ir na igreja. Tem umas perna de salame dependurado no porão.Tem o calendário 'Santo Antônio' na parede da sala. Tem sempre um pé de gavirova na frente da casa, pena que é tudo bichada, mais o dono sempre come. Diz que o que não mata ingorda. Tem uma mesa comprida, com gaveta e o baralho ensebado dentro
Tem o canivete em forma de foice pro fumo. Tem umas latas no alto do balcão da cozinha com farinha, arroz, erva, açucre... aquelas que os nêne sentam em cima pra fica no tamanho da mesa
Tem roupa secando no tampo e nos ferrinho do fogão à lenha, aceso o ano intero e com a chaleira que nunca sai de cima. Tem um saco de ráfia pendurado, com um monte de oturos saco de ráfia dentro. Tem patente ou tem banheiro, mas é do lado de fora, na patente tem sabugo, revista velha ou jornal no lugar do papel higiênico. Tem os remédio pra berne e sarna dos bicho em cima da geladeira. Tem uns pé de bergamota, lima ou laranja do céu do lado da casa, onde os cusco ficam deitado o dia intero!!! Tem a varinha atrás da porta pra tocá os gato pra fora. Tem telefone com antena externa e uma bateria de caminhão. Tem um sabugo de milho enrolado com um pano pra tranca a água do tanque. Tem compota e as chimia de tudo os tipo e as ambrosias da Miúda em cima do balcão. Tem meia dúzia de galinha ponhedera solta no pátio que vão virar brodo qualquer dia. Tem as toalhas de mesa floriadas pra usar quando vem os parente ou as visita. Tem aquele fusca 75 estacionado na garagem.Tem casca de laranja pendurada atrás do fogão a lenha pra faze chá.Tem pedaço de chinelo de dedo pra fazer a porta para de bater. Tem batata doce e amendoim assando no fogão a lenha. Tem pôster do Grêmio ou do Inter campeão. Bemmmm de antigamente.Tem ratoeira armada em tudos cantos da casa. Tem o tanque de concreto que os nêne toma banho nos dia quente com a água que a nona lavo a roupa, com o sabão de soda, claro. tem umas vaca de leite que vão carniá quando fica gorda. Tem os tarro de leite tudo batido de caí de cima do toco da estrevaria. Tem o quadro dos bisa, quando eram novo, na parede da sala. Tem o espelhinho laranja no banheiro e o estrado de madeira pra tomá banho, onde que cai o sabão e você não consegue pegar. Tem, pão sovado, salame, chimia e sagu pra comer, sempre. Tem toalha de crochê enfeitando a mesa da cozinha. Tem uma vassoura de galho pra varre o pátio, escorada numa árvore. Tem foto do Brizola quando era governador do Rio Grande do Sul. Em Morungavana tem sempre a pessoa que quando da uma trovejada de chuva, a pessoa diz que São Pedro ta jogando boliche no céu. Os móveis são azul, vermelho ou bege as paredes da casa são pintadas com cal misturado com alguma cor bonita como rosa, azulzinho fraca. Só não tem chave na porta da frente, a outra é com tramela. Em Morungava se vive assim, jeito simples e coração grande...Tem a tábua na cozinha com os queijo fresco e os queijo duro pra ralá na sopa. Não podemo esquece dos urinó debaixo da cama pra quando chove não precisa ir de noite na patente. Tem vidrinho de Olina e lactopurga que é pra quando o “estambo” não estiver bom. É uma beleza, tu toma uma olina e depois dá cada arroto que chega balança o Morro do Itacolomi. Em Morungava também tem aquela vasilha com água na porta da entrada da cozinha pra modo de lava as mão e a nuca quando chega da roça. Mas buena meu sobrinho vou parando por aqui, mas tem muito mais coisas para contar. Estou aguardando tua visita e aí em Campo Bom: não afrouxa o garrão. Qualquer problema maior é só me chamar que eu vou aí. Assinado Arcedino Vieira Nunes – Morungava -

terça-feira, 5 de novembro de 2013

DA AURORA O SOL NASCE

A crônica desta semana presta uma homenagem a um grande amigo e escritor aqui da cidade, trata-se do seu Eurico Schneider, um homem de bem que tem sua vida pautada na ética, na fé e nos valores da família. Ele é autor do livro - “Quando um olhar se torna eterno” que conta a saga de amor, trabalho e paixão da família Schneider. O texto de hoje é de autoria deste excelente escritor. A vida me concedeu o privilégio de conhecer o seu Eurico e sua família e fazer parte  do seu grupo de amigos; sou grato por isso. Uma boa leitura....

*Eurico Schneider (Escritor campo-bonense)

Na trilha escolhida percorro velozmente o espaço para o nosso encontro. Por favor, deixa a porta aberta que espantarei as trevas. Acorda, pois um novo dia chegou. Não tenho medo de caminhar e muito menos segredos em trabalhar. Venho para iluminar e aquecer. Procura nunca esquecer: aproveita o meu ser, mas respeita, posso queimar. Sou apenas um singelo raio de sol.
Tomar a estrada e dar os primeiros passos faz-nos persistentes, valentes e corajosos. Não tenhamos medo. Vamos construir, mostrando que nós temos melhorias para efetuar. Alguém precisa tomar à frente e redirecionar novas alternativas. Por isso, mergulho nessa linda aurora de verão e me lanço sobre o vasto planeta terra para abraçar a praia e o mar. Onde farei contagiar em alegria a todos os visitantes o doce encanto desse lugar.
- Por que queres tu, areia das dunas da praia, mergulhar pelos ares em danças extravagantes e espantar o meu belo dia de sol?
- Não cobras de mim! Aliás, o que queres cobrar? Por que não deixar o vento a transportar-me e me enlouquecer pelas carícias no entrelaçar da nuvem que se ergue aos céus?
- Não percebes que, sendo assim, estragas todo o meu brilho? Como poderei participar do meu primeiro concurso, logo à noite, se persistes em estragar meu doce e suave banho de sol?
- Concurso! Ó borboleta! Por acaso não estás sonhando alto demais não?
- Se pudesses ver todo o meu belo vestir, a tua palavra seria outra. Agora, aqui jamais poderei abrir minhas asas, preciso proteger-me. Por favor, ó vento, já não estás saciado desta apresentação descontrolada?
- Minha frágil borboleta por que viestes escolher este local tão deserto?
- Vejamos. Este lugar aqui, sendo um lugar especial, ainda é cedo, mas logo estará repleto de visitantes. A maioria virá das fugidas dos estresses diários das muitas cidades espalhadas por essas terras.
- Preciso rir, pois vejo o quanto tu és frágil. Nada poderás fazer para conter o meu bailado. Percebo que posso transportar a areia e fazer tantos e tantos outros objetos voarem pelos ares. Inclusive tu, borboleta, estarás, num pequeno descuido ou no meu enfurecer, completamente perdida no meio da nuvem de areia que ora se eleva ao céu e, tão logo, se atira ao mar.
- Agora basta! Vou interferir! Não deixarei nada de ruim acontecer à borboleta indefesa.
- O que poderás fazer? Teu trabalho é apenas iluminar e aquecer. Como queres interferir se posso empurrar as nuvens para te ocultar?
- Vento! Vento! Conheço o teu poder. Porém, desconheces tudo que provém do meu existir. Todos nós dependemos um do outro, mas, principalmente, neste local, eu, singelo raio de sol, entre tantos e tantos outros, faço a grande diferença, pois, faço parte do grande astro rei.
- Falou bonito! Fiquei tão envergonhado que me retirarei deste local. Vou transformar-me em uma leve e suave brisa. Serei agradável a todos.
- Graças! Já foi em tempo. Já não suportava mais ficar exprimida contra o chão. Agora posso abrir minhas belas e coloridas asas e, sossegada, tomar meu banho de sol.
- Bela borboleta! Como és linda! Contemplo a tua beleza e desejo que ganhes esse concurso. Como gostaria de estar presente.
- Como poderás estar presente se te despedes com a chegada da noite?
- Por favor, sugiro que abras tua bolsa e pegues a caixinha que carregas contigo, ali entre o espelho, perfumes e produtos de maquiagem. Essa será a minha escolha e lugar onde poderei esconder-me. Jamais terei outra oportunidade igual para demonstrar o quanto poderei ser útil em tua vida.
- Estás ignorando donde vens? Como poderás desprender-te do sol que te cria e dá vida?
- Não percas tempo! Confia e verás essa noite o grande milagre da entrega, o milagre da doação.
- Vou confiar. Porém, quero entender e compreender o que deverei fazer com a caixinha depois que estiveres acomodado e trancado.
- Explicarei. Quando for tua hora de desfilar, a lua ficará escondida no horizonte do céu estrelado, abre a caixinha e lá estarei para apreciar-te na passarela repleta de luzes artificiais. A tua beleza será preenchida pelo brilho que te acompanhará a cada passo dado. Transformarei meu ser em um tapete de luz ao entregar-me a teus encantos. Os teus pés beijarão a glória da tua magnífica apresentação e vitória. Serás lançada para o auge da fama e serás a nova ícone da beleza de todas as passarelas e redes sociais. Apenas te pedirei um grande favor, não te esqueças de fechar a caixinha no final do teu desfile e logo, ainda madrugada, de abri-la para que eu possa voltar donde sou.
- Estou fortalecida. Vou agir rapidamente. Estarei preparada e farei conforme o nosso combinado. Agora vamos, quero mostrar a todos o que sou capaz. O que uma borboleta realmente é capaz.
A noite foi perfeita. Tudo transcorreu às mil maravilhas. A borboleta foi coroada a miss praia. Já voando para sonhos mais altos e conquistando as grandes metrópoles e todos os recantos do universo. Enquanto eu volto a ser um singelo raio de sol.
O crepúsculo despediu-se, as trevas dissiparam-se e o amanhecer deu espaço à manhã seguinte. Esta, repleta de um céu totalmente aberto, deixando o sol brilhar ardentemente. Alguns dos seus raios invadem a floresta e varrem os monstros e fantasmas construídos às lendas contadas e recontadas. Outros se chocam com o asfalto e vêm rastrear os pontos cegos e obscuros por entre os arranha-céus, onde se escondem e se confundem o mofo e a corrupção. Espantando sombras e vultos da selva em expansão.
Agora, por infringir as leis siderais, o meu castigo veio para ficar como uma imensa oportunidade de recompensa. Além do trabalho a ser realizado fui contemplado para passear por sobre a imensidão dos oceanos e proteger o imenso navio, no qual se encontra a mais bela borboleta em sua nova vida, numa eterna viagem de cruzeiro.
Portanto, por tudo isso, sempre a vejo na proa com suas asas abertas e feliz cantando canções alegres, quando da aurora o sol nasce.