quinta-feira, 29 de agosto de 2013

VETERANOS DO 15 SÃO HOMENAGEADOS NA CÂMARA

Ismar Reichert representando os professores de futebol recebeu do vereador Jair Wingert uma placa alusiva à contribuição ao futebol e cidadania.
Bilú, Luiz Fernando, maestro Ismar, Rogério, Kasper, Serginho, Helinho e outros prestigiaram a homenagem.

Na quarta-feira (28.08), o parlamento campo-bonense viveu um momento de rara beleza, pois na sessão proposta pelo vereador do PSB, Jair Wingert foram homenageados o veterano do Clube 15 de Novembro. Um grande número de atletas e familiares dos mesmos prestigiaram a sessão que contou com a presença de dirigentes tricolores.  Segundo o vereador Jair Wingert a homenagem é um resgate ao muito que  os professores de futebol realizaram em prol do futebol. Num discurso emocionado o socialista destacou  os feitos históricos desta geração de vencedores que conquistou dezenas de títulos estaduais. Wingert lembrou as cobranças de falta magistrais de Celso Bock e salientou que o sonho dos zagueiros era ficar de costas para a bola para não perder o golaço. O vereador ainda lembrou dos dribles desconcertantes de Luizinho Rangel, da habilidade do Kiko, Elúcio, Prego, Luiz Fernando Gaúcho, Helinho, Tovar, Jonei, Kasper, Luia, Serginho, Rogério, Ivã, Naldo e tantos outros que segundo o vereador transformavam as tardes cinzentas de inverno nos Eucaliptos em domingos ensolarados com gols em profusão. Jair Wingert também elogiou a postura e o trabalho abnegado do ex-técnico Melinho que segundo o socialista é um” bruxo” e exímio conhecedor do futebol. “O Melinho conhece o cego dormindo e o rengo sentado”, filosofou o socialista. Quem também prestigiou a sessão foi Adão Tri-Jóia que participou de uma excursão para a Europa com o Veterano, bem como, o secretário municipal de Esportes, João Carlos (JC).

“Para o bem da plasticidade do futebol, o Dr. Ismar deveria jogar de terno e gravata”

No discurso Jair Wingert destacou as três excursões do veterano do 15 pelos gramados da Europa, bem como, enfatizou o talento do goleiro Bilú “Foi o melhor goleiro que vi jogar. Fechava o gol e como ele mesmo diz todo goleiro é louco ou....”, brincou o vereador que ao encerrar seu pronunciamento  observo: “Agradeço aos senhores pelo muito que fizeram por mim e pela minha geração. Vocês não sabem mas ajudaram através do futebol construir o caráter de um menino pobre do Rio Branco que mesmo sendo orientista, aprendeu a respeitar e admirar o futebol desenvolvido por vocês professores de futebol. Lá no Oriente a gente ficava  atrás da goleira do barranco secando o Bilú para tomar um gol do nosso Oriente, mas  não tinha jeito” destacou o vereador socialista que concluiu “Os veteranos do 15 de Novembro faziam sonetos com a bola e transformavam o cotidiano em inusitado. E já escrevi isso, mas agora tenho a oportunidade de publicamente falar, olha o Dr. Ismar, o maestro, possuía tamanha elegância, dentro e fora das quatro linhas. Para a plasticidade e a arte do futebol, o Dr. Ismar deveria jogar de terno e gravata”, filosofou o vereador Jair Wingert.                                              

Ismar Reichert elogiou o vereador Jair Wingert e destacou antigos dirigentes em especial Sadi Schmidt.

O Dr. Ismar Reichert representando o grupo de homenageados  fez uma viagem pela história do clube destacando o papel de antigos dirigentes como Sadi Schmidt, Erni Konrath, Danilo Oliveira, Bráulio Blos, Alfeu Becker, Evaldo Dreger, Baby Vaz, São Paulo e tantos outros. Ismar Reichert também agradeceu a homenagem e elogiou a iniciativa do vereador Jair Wingert. No final os veteranos do 15 de Novembro receberam uma placa saudando a contribuição ao esporte e a cidadania. Os vereadores Victor de Souza (PC do B) e Deoclécio Schuetz (PMDB) fizeram uso da palavra. A sessão foi dirigida pelo presidente do Legislativo, Maximiliano de Souza (PMDB).

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

TIO CANDÓCA

Saí de Morungava, mas Morungava não saiu de mim. Sou um homem urbano, mas que sonha um dia quem sabe poder viver junto a um sitiozinho em Morungava sem as preocupações do cotidiano das cidades grandes, estas máquinas de produzir loucos em série. A correria do dia-a-dia, a luta desenfreada da sociedade competitiva e o consumismo exacerbado, além do medo e da violência vem gerando sérios distúrbios no campo psicossocial. Eu fico às vezes a me perguntar a quanto tempo a gente não anda mais de pés descalços? Não andamos pelos campos de pés no chão, não obstante tendo os pés roseteados. E quando me pego nestas divagações tenho certeza que Morungava é um SPA ainda muito pouco explorado. Precisamos urgentemente reaprender o sentido da vida. Nós urbanos somos seres apressados, que realizamos dezenas de atividades ao mesmo tempo e aos poucos esquecemos que o essencial não é isto. Após vir para o Vale do Sinos sempre que possível passava férias ou temporadas junto ao sítio do tio Dino e até hoje recordo os momentos magníficos que passei neste local bucólico e repleto de histórias. Como esquecer a porteira do velho sitio. As estradinhas de chão batido repletas de Maria mole ao redor dos barrancos. Como esquecer a carreta carregada de pasto, meu tio gritando com os bois: Minuano e Bacamarte e meu primo e eu abrindo as porteiras. Nos finais de tarde de inverno quando o sol se punha no horizonte, nós ficávamos observando as nuvens vermelhas que formavam desenhos, ursos, elefantes e até algodão doce. Esta paisagem, um cartão postal, ainda hoje está incrustada em minha retina. Como esquecer do cheiro gostoso das broas de milho ou dos bijus feitos pela tia Miúda ou da garapa (guarapa), feita na hora com  limão.  E a noite ao redor do fogo de chão nós ficávamos ao lado do tio Dino ouvindo as histórias contadas pelos carreteiros vindos de Santo Antônio. Eles vinham em comboio, de três, quatro e até cinco carretas e pernoitavam no sítio de meu tio, pois ali eram sempre bem vindos. Os carreteiros traziam melado, rapadura, açúcar, ovos, porcos, galinhas, tamancos de madeira e animais que eram vendidos na região. O cheiro do galpão e o vozerio dos centauros do Rio Grande não me saem da mente. Dos vários personagens quase mitológicos do Morungava jamais esquecerei do tio Candóca. Sempre de bombacha preta, chapéu quebrado na testa, daqueles de beijar santo em parede, tio Candóca era o Rio Grande em carne e osso. O velho taura morava sozinho num sitio beira de estrada próximo das terras de tio Dino, depois que sua esposa morrera. Dizem os mais chegados que tio Candóca após a morte da companheira de mais de 60 anos de casamento se tornou ainda mais quieto. Olhar contemplativo, por vezes perdido no horizonte, tio Candóca parecia rebuscar no passado a felicidade de outrora. Quando passávamos em cima da carreta, tio Dino o cumprimentava e jamais esqueço a cena. Meu tio tirava o chapéu e saudava “Buenas Che Candóca... Como estamos?” Sorvendo o mate sentadito na varanda da casinha branca, tio Candóca também retribuía tirando o chapéu e por um momento seus olhos brilhavam tal como sol do meio dia e a resposta com sorriso largo saia assim ao natural “Buenas Arcedino... Estamos indo bem com a graça do Pai Velho lá de riba”. Um dia dentre as minhas muitas peripécias em Morungava, além de tomar banho pelado na Lagoa dos Schreiber, apanhar bergamota na beira da estrada, subindo lá nas grimpas, estucar cachópa de marimbondo com taquara, amarramos uma estopa ensopada de querosene no pé de um urubu que pegamos após um período de tratamento, soltamos o bicho num final de tarde, coisa mais linda de se ver, parecia um míssil daqueles dos americanos. O bicho velho subiu incendiando a estopa e cruzou a tarde noite naquele lusco fusco de aurora,  assustando os colonos da região, alguns afirmavam ser um OVNI que cruzou  a noite de Morungava. Teve gente que afirmou que a nave (urubu),  desceu no morro do Itacolomi, outros disseram que a tal nave se tratava de um espião vindo da cidade de Taquara ou Gravataí com propósito de pesquisar a tecnologia avançada desenvolvida em Morungava. Dias depois soube-se que nosso pobre urubu queimará uma roça de milho à dois quilômetros do sítio do meu tio. Certa feita tomei coragem e fui visitar tio Candóca que me falou da vida e assim como meu tio Dino também me passou os primeiros ensinamentos de amor por este chão e de respeito a natureza. Já com quase 90 anos nas costas, tio Candóca era uma lenda na região. Conhecia as ervas do campo e sabia a utilidade de cada uma delas. Sua esposa sinhá Firmina era eximia parteira, aprendera o oficio na campanha lá pras bandas de São Sepé de onde vieram para o Morungava no final dos anos 40. Tio Candóca não bebia, não gostava de carteado nem andava em bailanta, mas não abria mão de assistir as carreiradas de cancha reta nos domingos à tarde. Como num ritual mágico, tio Candóca encilhava seu zaino, um cavalo crioulo flor de especial, colocava sua melhor roupa, casaco estilo os revolucionários farroupilhas, boina preta ao invés do chapéu, bombacha preta e botas impecáveis e o lenço? Nem se fala vermelho, maragato puro. Dizem os antigos que tio Candóca participou da Revolução de 1923 e era amigo pessoal de Assis Brasil, bem como, de Zeca Neto e Honório Lemes, porém ele mesmo nunca confirmara, pelo contrário mudava de assunto sempre que inquirido. Na beirada do para-peito da cancha, tio Candóca passava horas assistindo os páreos. A tardezita, tio Candóca seguia estrada a fora montado em seu cavalo e eu no auge dos meus 10 anos sem saber vislumbrava um centauro da pampa. Tio Candóca era o Rio Grande a cavalo. Anos mais tarde soube que tio Candóca morrera sentado na varanda de sua casa, ali naquele lugar onde ele ficava vendo a carretas vindas do Monjolo em suas nostálgicas romarias, bem como, os tropeiros que por ali passavam levando gado para Taquara. Tio Candóca faz parte da minha história e como diria Liev Tolstói “Se queres ser universal, escreva sobre tua aldeia” ou ainda parafraseando o maior poeta da América Latina, Pablo Neruda – Confesso que vivi!

terça-feira, 13 de agosto de 2013

JAIR WINGERT: "ESTES SEIS PRIMEIROS MESES FORAM DE MUITO TRABALHO E CONQUISTAS"

Verba de 250 mil para saúde, melhorias no Rio Branco, Santa Lúcia, Jardim do Sol, Morada do Sol e Centro, além de apoio aos empresários foram algumas das muitas conquistas do mandato socialista no primeiro semestre de 2013. Veja a atuação do vereador Jair:
Entre indicações, requerimentos, anteprojetos e projetos,  ingressamos com mais  de 100 solicitações desta espécie. No primeiro mês  de mandato tivemos a aprovação de um anteprojeto o qual determina a construção de um Canil Municipal para abrigar cães e gatos abandonados, bem como, que venha ser promovido o programa de adoção responsável nas festas do município. Caberá a Prefeitura tornar este projeto uma realidade. Solicitamos o agendamento por telefone de consultas nos Posto de Saúde. Também destacamos o encaminhamento ao deputado estadual Miki Breier (PSB/RS) no sentido de que o mesmo crie uma Lei Estadual que determine que professores de todas as escolas gaúchas (Municipal e Estadual) com ênfase a educação infantil sejam colocados no grupo de risco e recebam a vacina contra gripe H1N1. Encaminhamos ao deputado estadual Heitor Schuch (PSB/RS) a solicitação para que o mesmo crie um projeto de Lei que determine a realização de provas de concursos públicos estaduais e vestibulares aos domingos a exemplo da Lei existente em São Paulo, Santa Catarina, Mato Grosso e Paraíba. Esta Lei vai beneficiar aos Judeus, Adventistas do Sétimo Dia, Batistas do Sétimo Dia e outros que por princípios religiosos não participam destas provas aos sábados e sextas-feiras à noite. Também  enviamos ao governo do Estado uma Moção em apoio aos empresários calçadista que  pediram a prorrogação do ICMs presumido de 2%.  Tivemos uma reunião com o vice-governador Beto Grill solicitando agilidade na conclusão da obra da Avenida dos Municípios. Solicitamos ao prefeito melhorias para os bairros – Rio Branco, Santa Lúcia, Jardim do Sol, Morada do Sol, Santo Antônio e Centro. Outra conquista foi trazer para Campo Bom com apoio do suplente de deputado Vicente Selistre (PSB) uma Emenda Parlamentar na ordem de 250 mil reais de autoria do deputado Federal Alexandre Roso (PSB/RS). Estes recursos serão canalizados para equipar os Postos de Saúde com ênfase na saúde da mulher, sobretudo na prevenção do câncer de mama e de colo do útero. Também realizamos um abaixo assinado solicitando a Brigada Militar mais policiamento aos bairros Santa Lucia e Rio Branco em função dos assaltos ao comércio. Vale destacar que estamos colocando o gabinete itinerante nos bairros, ouvindo a comunidade numa linha direta com o vereador. Estivemos no Rio Branco, na Santa Lúcia e agora em agosto estaremos no Jardim do Sol e em setembro no Morada do Sol. “-

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

O TREM DAS ONZE

Claudiomiro hoje já com mais de 60 anos, vive em Canoas.
Meu amigo Josiel Mesquita que atualmente está residindo na Inglaterra, onde trabalha numa empresa de publicidade, é filho de Novo Hamburgo. Colorado da gema ele manteve um contato e me afirmou que conheceu nosso Blog através de um amigo seu, Erton Kunzler, também de Nóia. O Josiel solicitou que repetíssemos a crônica de agosto de 2010, na qual tivemos um encontro com o lendário Claudiomiro “O bigorna”, uma dos maiores centroavantes do Brasil de todos os tempos. Este conhecia o cego dormindo e o rengo sentado. Aqui neste espaço quem manda são os leitores. E segue abaixo para o Josiel que deve estar tomando um chá das 5, a crônica abaixo. Boa leitura....

O Trem das Onze

Nada acontece por acaso, pois em tudo existe um sentido. Manhã fria de 12 de agosto, eu e minha esposa estamos na capital dos gaúchos, próximo ao Mercado Público os transeuntes enfrentam o trânsito, driblam os veículos e seguem seus destinos, cada qual com seus sonhos, angustias lutas e antes de tudo cada um traz a esperança no olhar…. Próximo ao chalé da Praça XV um mendigo dorme inerte aos acontecimentos, seu cobertor velho, encardido o aquece da frieza e ao seu lado servindo de travesseiro um jornal do dia anterior, mostrando noticias velhas e passadas. Do interior do Mercado exalam vários aromas em especial do café passado na hora… E um homem baixo, barba por fazer anuncia: compro ouro, mais adiante uma mulher propagandeia “fábrica de calcinhas” e seu anuncio misturasse com o de um idoso que grita de forma estridente “Valê, valê, valê… Valê!!!”  E o povo segue na sua tétrica romaria. Os jornais do dia trazem como manchete a vitória do Internacional de virada em cima do “Chivas” lá México com atuação de luxo do menino Giuliano e do general Bolívar. Atravessamos a movimentada avenida e nos dirigimos à estação do Trensurb, no caminho nos deparamos com a campanha de um candidato que no santinho promete salvar o mundo. Alguns metros dali, outro andarilho dorme em berço esplendido, tendo os degraus da escada como travesseiro e a seu lado o fiel escudeiro, um cão brazino ali próximo a seu dono em fiel vigilância. Bilhetes comprados subimos a escada rolante, na estação Mercado aguardávamos a vinda do trem. O vento gélido vindo do Guaíba trazia uma sensação térmica ainda menor. Quando aguardávamos o trem das 11 horas da manhã, vislumbro um dos craques do passado, um ídolo que fazia parte da minha infância e do meu álbum de figurinhas do campeonato brasileiro de 1972. Claudiomiro vestia um casaco vermelho e calça jeans, acompanhado por uma jovem senhora. Fiquei ali extasiado pois estava na minha frente um dos maiores artilheiros do Brasil. O homem que fez o gol de inauguração do Beira Rio em 1969.  Aproximando-me cumprimentei-o e puxando uma conversa lembrei-o de uma entrevista concedida a este escriba em 1994 quando o mesmo residiu em Campo Bom, mais precisamente no bairro Quatro Colônias. Aliás a mãe de Claudiomiro ainda reside na cidade do sapato e dos sapateiros! Após o bate papo descontraído, o trem das onze se aproxima e Claudiomiro sentou nos bancos à minha frente. Entabulamos mais algumas conversas, ele lembrou que na sexta-feira estaria no litoral participando de mais um jantar do Consulado. Após um silêncio fiquei observando Claudiomiro e seu olhar como que perdido, fitando a paisagem pela janela do trem. Um misto de alegria misturado com um semblante de tristeza. Quem sabe aquele senhor já sexagenário com o rosto sulcado, marcas da idade que chega de forma avassaladora, tal qual os centroavantes goleadores, com seu olhar absorto não estava lembrar dos gols que fazia nos grenais para desespero do tradicional adversário? Ou quem sabe não estava a lembrar dos embates com os zagueiros truculentos? A verdade é que Claudiomiro tinha faro e sede de gol. Era do tipo de jogador que deveria colocar na Carteira Profissional de Trabalho, função: fazer gols! O bigorna como era conhecido fazia gols a profusão, aliás, não existe gol feio, feio é não saber fazer gol. Claudiomiro com seus gols geniais fazia as tardes de domingos por vezes cinzentas e frias se transformarem em dias alegres e primaveris. Além de goleador, o bigorna tinha excelente técnica, sabia proteger a bola com seu corpo apesar de baixo, mas atarracado. Raçudo, ele encarava os zagueiros de igual para igual, Claudiomiro não arrepiava, pois sua ânsia era fazer gols e correr em direção a coréia, local extinto no Beira Rio mas que abrigava o povo colorado mais vibrante e apaixonado. O povo da coréia muitas vezes não tinha dinheiro para assistir as partidas e não raro se deslocava a pé até o estádio, sempre para reverenciar o artilheiro.  O trem das onze seguia célere e estação Aeroporto uma parada, dois garotos adentram, ambos  trajando com as camisetas do Internacional. Os dois guris passam e despercebidos nem mesmo olham para a esquerda, onde no banco em minha frente está um dos ícones do colorado. Fiquei a pensar: a idade chegou, mas com certeza, mesmo que os meninos não o reconheçam seus pais o reconheceriam e o reverenciaram, pois Claudiomiro era craque! Teve problemas fora do campo, sim os teve, mas a maioria dos craques tiveram. O certo é que Claudiomiro era um poeta que fazia sonetos com bola e seus versos sempre rimavam com gols! O campo inteiro cabia dentro de suas chuteiras. Numa das estações a jovem senhora se despede com a frase: “Tchau pai” e seguiu sua rotina.  Já na estação Matias Velho em Canoas, Claudiomiro se despende com um “tudo de bom” e se mistura com o povão que anda de um lado para outro. O trem vai se afastando e o centroavante matador do passado, aquele do meu álbum comprado na vendinha do Moraes vai se perdendo do meu olhar, mas tenho certeza que em algum lugar do passado na rede ainda balança seu último gol. E eu segui a viagem, feliz pelo momento ímpar e mágico. Estava no lugar certo e na hora certa, no trem das onze!
Claudiomiro era especialista em fazer gols, principalmente em grenais.