quinta-feira, 21 de março de 2013

EDUCAÇÃO: O X DA QUESTÃO

Vivemos momentos de incertezas em todos os sentidos com uma grande inversão de valores impostas pela sociedade extremamente consumista na qual estamos inseridos. Um dos grandes problemas da sociedade dita moderna é a questão violência que tem sua raiz em muitos aspectos, mas o principal é a falta de esperança que campeia solta. Tomando como base nossa região; o Vale do Sinos, ou Vale do Sapato, o êxodo rural nos anos 70, a vinda de pessoas de cidades essencialmente agrícola para se tornar mão de obra na industria de calçados, gerou problemas sociais, pois as cidades apenas receberam a mão de obra, mas não cuidaram de questões basilares como programas habitacionais, creches, escolas, transporte, médico e qualificação de mão de obra. Na região houve uma  favelização com o surgimento dos  bolsões de miséria. Houve ocupação de banhados, áreas de risco em encostas de morros. É a luta pela sobrevivência. O tétrico quadro remonta o gaúcho que outrora  em cima da carroça  conduzia o cavalo lá no seu torrão natal. Hoje na cidade o papel se inverteu e é o desempregado sem qualificação que faz papel do cavalo, puxando a carroça de papelão e no final do dia afoga as magoas no boteco da vila, enquanto a noite a família se educa assistindo Big Brother.  Mesmo com o avanços dos últimos 12 anos que coloca o Brasil num patamar de crescimento e desenvolvimento humano, a violência assusta. Campo Bom, por exemplo, os constantes assaltos ao comércio e destaco bairros como – Rio Branco, Santa Lúcia, Jardim do Sol, Santo Antônio, Morada do Sol preocupa e carece de ações mais fortes por parte da Brigada Militar com a presença mais constante nestes bairros através do patrulhamento veicular, pois a presença visível da BM inibe a ação destes delinqüentes que na maioria das vezes praticam tais atos para sustentar o vicio do crack (uma epidemia que está formando um exercito de zumbis) Poderíamos citar ações   de êxito contra a violência como o Tolerância Zero implantado em Nova Iorque pelo prefeito Rudolph Giuliani, mas nós vivemos outra realidade. Precisamos em conjunto com debate profundo  da sociedade organizada buscar equacionar  este caos que vivemos, onde as pessoas de bem estão atrás das grades e cercas elétricas, enquanto a bandidagem está solta. Como jornalista penso que a temática violência é ampla e na sua essência está também à desestruturação da família e a falta de projetos e políticas fortes voltadas à educação. Uma educação libertária, tornando o homem sujeito da história; protagonista do meio em que vive é um caminho de vital importância e talvez o mais barato aos cofres públicos. Cada escola equipada, cada aumento de salário aos professores, cada aluno dentro da sala de aula é um presídio a menos a ser construído e parafraseando o sábio Confúcio: educa a criança de hoje para não ter que punir o adulto de amanhã. E como afirmava Leonel Brizola: a educação liberta, a educação transforma e ajuda na construção do novo homem. Não sei se disse, mas tentei.
*Jair J. Wingert – jornalista e vereador em Campo Bom

terça-feira, 12 de março de 2013

ÓRFÃOS DE PAIS VIVOS

O que está acontecendo com os pais de hoje? Onde eles estão? Posso afirmar onde não estão. Eles não estão nas reuniões das escolas, não estão na consulta ao pediatra, eles não estão nas apresentações de filhos nas escolas. Nestes locais você vê apenas a presenças das mães, mas onde estão os pais? A família está doente e em consequência geramos uma sociedade doente e os refelxos estão ai com alarmante índice de violência. Precisa-se de pais que compartilhem amor, sabedoria e tempo. Os pais precisam dedicar tempo ao serviço doméstico, ao banho, compras em supermercado ou até um passeio no Shopping ali em Novo Hamburgo, mesmo que seja apenas para *“vitriniar”.
Nós pais precisamos dedicar tempo para estudar a palavra de Deus e orar com nossos filhos. Necessitamos torcer por eles em suas partidas de futebol ou até mesmo fazer um piquenique no Parcão Arno Kunz, com bolachas, limonada tudo disposto em cima de uma toalha embaixo de uma frondosa árvore “Mamica de cadela”. Como diz uma propaganda antiga, não basta ser pai tem que participar. Hoje existe muita solidão dentro dos lares. Familias inteiras que não dialogam, não se tocam, não se abraçam. A internet, a televisão são responsáveis pelos danos irreparáveis no seio da família. Há filhos no século 21 que são órfãos de pais vivos. Pais que esquecem que o maior tesouro são os filhos. Passam a vida inteira buscando riquezas e deixam a família de lado. Não participam das pequenas coisas do dia a dia, como: passear de bicicleta pela ciclovia, ou buscar o boletim na escola. Há filhos que para ver o pai precisam marcar hora. Muitas vezes um abraço, um riso, um chute numa bola, a compra de uma revista ou um guaraná mudam vidas, mudam histórias e ajudam a construir o caráter dos cidadãos de amanhã. Um erro dos pais é acreditar que a escola via educar seus filhos. A escola é uma ajudadora, facilitadora, mas a escola e a igreja começam dentro dos lares.
O que seu filho vai lembrar de você quando crescer?
Quais as lembranças seus filhos terão de você? Eu sei que algum dia quando as meninas partirem haverá bastante sorvete na geladeira para mim e para a Lídia. O carro (Bat Móvel) vai estar sempre limpo. Não precisarei ficar pela casa toda apagando as luzes. Nao vou tropeçar em brinquedos espalhados pelo chão. As meias estarão milagrosamente em pares certos e as chaves da casa estarão no lugar certo.... Quando a Vi e Lari se forem não terei mais noite tendo que administrar Awamis ou Mitocortem 20 mg para as crise de rinite, ou quem sabe ainda tendo que acordar o Dr. Luiz Möeller às 3 da madrugada para solicitar auxilio em função das dores inerentes aos recém nascido. Quando as meninas partirem não mais vamos ouvir o barulho do toc toc dos pezinhos pelo corredor em disparada rumo a nossa cama nas manhã frias de domingo e se aconchegando no meio do papai e da mamãe. Não mais beijos molhados, misturados com mingau de aveia. Não mais joelhos a serem curados com mertiolate (aiiiiii.... assopra pai). Nunca mais haverá toalhas molhadas em cima da cama. Não haverá mais reclamações para lavar a louça, nem para secar o banheiro. Depois que elas partirem não mais terei que jogar botão (preparada? Chute..... Golaço de Alex matador....). Nunca mais terei que montar castelinhos de madeira ou jogar dominó. Quando elas partirem não haverá mais os cartões feitos com lápis de cera e com um coração dizendo”Eu te amo, feliz dia dos pais”. A porta da geladeira estará limpa de desenhos e frase bíblicas. E eu estarei só, tristemente só. E só de pensar neste momento me arrepia e como pai busco no âmago do meu ser forças para ser um pai melhor e presente na vida das minhas meninas. Os pais são referência para os filhos e cumprem o papel de Deus neste planeta com relação aos cuidados da família. A família brasileira precisa de atenção, de projetos e amparo. O sábio Confúcio disse: educa a criança de hoje para não ter que punir o adulto de amanhã. Não sei se disse, mas tentei.
* Vitriniar vem do morungavês e quer dizer: olhar, namorar, observar, cubar as vitrines da lojas.