segunda-feira, 26 de março de 2012

SIMPLESMENTE LÍDIA...

Tu és o que chamam de dádiva. Tens a mesma calma, segredo que dorme em mim. Guerreira valente, inocente. És começo sem fim. Tu és o que não tem resposta. Mulher vinda do interior, pura  se fez pra voar .Tu tens um olhar infinito, perfume e cheiro da flor. Tu tens um coração tão bonito e para sempre vou te amar. És mágica da natureza. É brisa que pousa no olhar como a abelha que pousa na flor. É dona de uma grandeza que me emociona. Carregas no âmago de teu ser as vicissitudes de uma vida de lutas, mas jamais perdeu a ternura. Tu és espinho que não fura e devagar só faz doer. A vida nos colocou juntos e juntos escrevemos uma bela história de amor. Hoje cada vez que passo a ponte e sigo pela BR 290, pela belíssima paisagem dos arrozais viajo no tempo e procuro aquela menina morena flor de vestidinho de chita, buscando água na cacimba ou colhendo flores do campo ou ainda quem sabe deitada no gramado descobrindo quais figuras estão desenhadas nas nuvens... Sonhavas com um mundo além dos arrozais e assim como tantos saíste do campo e vieste para o campo que era bom.  Cedo, muito cedo provaste pela seriedade que venceria...Quando os olhares se cruzaram foi tiro certeiro e me deu a certeza de que havia encontrado a minha princesa. Flores, cartões e palavras que jamais esquecerei a frase dita numa noite de primavera “Quando te vejo penso tudo e nada falo, me calo, acho que isto é amor”. Me lembro do nosso pequeno universo, o primeiro olhar e o primeiro beijo...  Lidia será para sempre um pedaço de mim e estar ao seu lado me deixa orgulhoso, agradeço a Deus ter cruzado nossas vidas.  A minha Lidia quando se cala fala mais que um pensador. Em meio às provas não desanimou e serviu de exemplo com conselhos sábios e o brilho daqueles que conhecem o Deus de Israel. Em muitas oportunidades ajudou ao invés de ser ajudada.  Diariamente me cobro, bem que eu poderia ser melhor. Hoje aprendi o real sentido da frase do livro dos Livros “Tu serás ossos dos meus ossos e carne da minha carne” O medo da separação ainda que temporária machuca e os porquês roubam o sono e dói o peito. O pior não é quando o coração dói e sim quando ele deixa de amar. Ninguém conhece mais de amor que os desamados, do contrário porque choram tanto a falta de um grande amor?
Lídia é mais que uma esposa; amante e amiga e em todas as dificuldades, muralhas, barreiras você me dizia que depois da poeira um lindo horizonte vai aparecer... Lidia o nosso amor é um jeito antigo de querer é sinfonia de Bethoveen. É poesia de Neruda ou valsa de Chopin.
 Lidia tuas palavras me fizeram de aço e hoje parei para pensar, pensar em você, e podes ter certeza de contar comigo para tudo! E ao longo destes 24 anos às vezes eu sou tão você que tenho saudades de mim!

terça-feira, 20 de março de 2012

SILVIO SANTOS VEM AÍ...

Ele é  o maior e mais completo comunicador do Brasil.
Ele é indiscutivelmente o maior show business do Brasil e da America Latina. É um exemplo de vida, superação e determinação. Estamos falando de Senhor Abravanel ou simplesmente Silvio Santos ou "tio Silvio" como costuma afirmar o Sérgio Rodrigues, grande web designer, campo-bonense que esta construindo história e vencendo lá em São João Batista em Santa Catarina (Grande Sé. Beijão para vocês aí). Uma pesquisa feita em 2011 apontou Silvio como à personalidade mais admirada do Brasil, ganhando de Angelina Jolie, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Bill Gates.  Ele é um exemplo de marketing pessoal tanto que até hoje nem se cogita de que ele venha se aposentar pois existe filas de anunciantes para patrocinar programas comandados pelo homem do Baú. Empresário de visão, Silvio é comparado a Fênix que ressurge das cinzas, quando menos espera lá vem ele com um novo programa, novo quadro que rende milhões. Um exemplo clássico foi à criação da Tele Sena um golaço de vendas e que rendeu lucros fabulosos. Lembro que lá por 1971 a gente morava na Rua Santa Maria a famosa Rua dos Gringos, nas sextas a noite tomávamos banho, roupa limpa e seguíamos pela estrada de chão batido na época para assistirmos no Bar da Delvira (mãe do Celso, do Alcemar e do Marquinhos), juntos do pai e da mãe, o programa Teixeirinha e Mary Teresinha pela TV Gaúcha canal 12, num oferecimento da Marinha Magazine, Totalex (remédio para bichas ou melhor vermes) e Infalivina. Mas nos domingos a gente se reunia para assistir o Silvio Santos e o Show de Calouros. O lamentável é que Silvio Santos nunca recebeu no Brasil o verdadeiro reconhecimento como um dos maiores comunicadores do país, nem sua biografia foi escrita, pelo menos não sei se estão catalogando entrevistas e depoimentos.

Um Judeu vencedor
Filho de judeus, Silvio Santos nasceu no boêmio bairro da Lapa, região central do Rio de Janeiro. Aos 14 anos já era camelô, junto com o irmão Leon e um sobrinho de Adolpho Bloch. O primeiro tipo de produto que começou a comercializar foi capa para título de eleitor (o Brasil entrava numa fase de redemocratização após a ditadura do Estado Novo). Um fiscal de posturas da prefeitura carioca, percebendo o potencial de voz de Silvio, o convidou a fazer um teste na Rádio Guanabara (atual Rádio Bandeirantes do Rio de Janeiro). Silvio conquistou o primeiro lugar no teste da rádio, ganhando de nomes como Chico Anysio e José Vasconcelos, mas se manteve apenas 1 mês como radialista pois como ambulante ganhava mais. Aos 18 anos serviu ao Exército Brasileiro como pára-quedista, em Deodoro (bairro da Zona Oeste do Rio). Sabendo que a carreira de camelô era incompatível com a de militar, Silvio decidiu ser locutor de uma rádio em Niterói. Percebendo que as viagens das barcas Rio-Niterói eram marcadas pela monotonia, decidiu montar um serviço de alto-falantes nas embarcações. Nos intervalos das músicas, Silvio fazia anúncios de produtos. Nas barcas para a Ilha de Paquetá, os passageiros faziam filas nos bebedouros d'água após dançarem as músicas tocadas por Silvio. Este então teve outra idéia: fez um acordo com a cervejaria Antarctica para vender cerveja e refrigerantes. Na compra, o consumidor ganhava uma cartela de bingo e concorria a prêmios como jarras e quadros. A carreira de Silvio Santos em São Paulo começava a se desenhar após um acidente com a barca aonde atuava. Com a embarcação no estaleiro, Silvio ficou sem poder exercer sua função. E o diretor da Antarctica o convidou a passar um tempo na "Terra da Garoa". Em São Paulo, Silvio começou a trabalhar em bares, apresentando espetáculos e sorteios em caravanas de artistas. Como Silvio Santos tinha um tom de pele muito claro, ficava vermelho com facilidade; por falar bastante, começou a ser apelidado "peru que fala". As caravanas do Peru falante ficaram conhecidas na capital de São Paulo, em cidades do interior e em outros estados. Nesse meio tempo, formou-se técnico em contabilidade.

Apresentador de televisão e empresário
Logo passou à televisão, adaptando o formato dos shows, espetáculos e sorteios que fazia no circo. Seu primeiro programa, Vamos Brincar de Forca, estreou em 1962 e era transmitido pela TV Paulista, à noite. Um grande sucesso. Em 1964, passou a comandar seu programa aos domingos, das 12 às 14h. No decorrer dos anos, o formato seria expandido e aprimorado no Programa Silvio Santos. Paralelamente, Silvio partiu para novos empreendimentos: adquiriu de seu amigo Manuel da Nóbrega o Baú da Felicidade, empresa que vendia baús de presentes de Natal para crianças mediante pagamento em prestações. Depois de reformas no plano de negócios, a empresa ficou conhecida pela venda de carnês e sorteios. Quando a TV Paulista foi incorporada à Rede Globo, Silvio seguiu pagando aluguel pelo seu horário dominical, revendendo o tempo dos anúncios a outras empresas. Na medida em que aumentava o sucesso do Programa Silvio Santos, Silvio tinha ótimos resultados financeiros. Realizava sorteios de carros, móveis e eletrodomésticos, o que motivou a expansão dos negócios do grupo (Móveis Tamakavy, concessionária de veículos Vimave).  Silvio Santos é uma lenda viva e o velho bordão “Quem quer dinheiro????” e os famosos aviãozinhos  são algumas das marcas registradas deste homem que com honestidade, amor, crença no trabalho de equipe e liderança proativa construiu um império de comunicação, num pais que infelizmente ainda não tem memória.... Os comunicadores de hoje, todos sem exceção trazem de alguma forma o estilo do camelô mais famoso do Brasil. Silvio Santos é um brasileiro notável e que merece nosso respeito e reconhecimento. Ele além de excelente empresário é um grande líder nacional e que muito poderia ter contribuído para como o Brasil no campo político.

*Senor Abravanel (Rio de Janeiro, 12 de dezembro de 1930), mais conhecido pelo nome Silvio Santos, é um prestigiado apresentador de televisão e empresário brasileiro. Dono do Grupo Silvio Santos, que inclui empresas como a Liderança Capitalização (administradora da loteria Tele Sena), a Jequiti Cosméticos e o Sistema Brasileiro de Televisão (mais conhecido como SBT), Silvio Santos possui um patrimônio avaliado em aproximadamente R$ 6 bilhões de reais.

quarta-feira, 14 de março de 2012

O RELÓGIO

O relógio desperta e num sobressalto ajeito o esqueleto segundo as orientações da Alice Sander, referência em massoterapia na região, tudo visando proteger as vértebras L-4 e S-5 desgastadas e que invariavelmente me causam dores terríveis. O rádio ligado na Gaúcha AM ouço as primeiras noticias do dia, isto por volta das 5horas e 40 minutos, através do Macedo (Antônio Carlos Macedo) e do Scolla. O mês de março é o mais quente dos últimos 59 anos e Campo Bom continua quente em todos os sentidos, inclusive com intervenções e quartelaços, tudo porque o rei está bravo! Sabe aquele jogador que se a bola não passar por ele, o gol não foi bonito?  Preparo do desjejum enquanto o Koda fiel escudeiro dos Wingert ronrona e bate com a cabeça nas minhas pernas num sinal de carinho, aliás, quando os gatos fazem isto é a forma destes animais incríveis e independentes demonstrarem afeto e amor.  Sigo para a parada da Avenida dos Municípios e logo em seguida já estou rumando para a capital dos gaúchos. No céu não há uma nuvenzinha nem para fazer chá e o mormaço e tempo seco já cedo dão prenúncios de mais um dia extenuante. Aos poucos o pinga-pinga vai lotando e nas imediações de Novo Hamburgo uma senhora que aparenta 70 anos se aproxima do banco onde estou sentado. Imediatamente levanto para dar-lhe o lugar, mas ela recusa e informa que vai descer logo em seguida. Como a mesma está carregando uma bolsa enorme, permaneço sentado em função da insistência, mas ofereço meus préstimos: “A senhora quer colocar sua bolsa aqui no meu colo?”. Sorridente a septuagenária me entrega a bolsa e seguimos a viagem. Próximo a Ginástica de Hamburgo Velho a senhora agradece e avisa que vai descer na próxima parada. Devolvo a bolsa e ela segue não sem antes agradecer e desejar-me um bom dia. Segundos depois percebo um burburinho no corredor do ônibus e para minha surpresa, a senhora retorna e com dedo em riste, passa desferir impropérios a minha pessoa. Transtornada aquela velhinha bondosa e sorridente de minutos antes, me chama de “Vagabundo e ladrão”. Ela afirma que ao verificar a bolsa a carteira contendo cheques, cartão de crédito e dinheiro havia sumido, ou seja, roubaram a carteira da tia. E no colo de quem estava a bolsa? Pensei este é um daqueles dias como diz o filosofo Inácio Brito “Foguinho” grande Britão da Roselândia que se tu abrir uma fábrica de chapéu o pessoal começa nascer sem cabeça. Aos poucos aquela senhora se transformou numa vitima e eu no marginal, pior é que eu me senti o vicitreco do sub-troço do côcô do cavalo do bandido. O clima esquentou quando uma senhora olhando-me com ódio disse: “Porque um homem deste tamanho não vai trabalhar?”, Já um senhor bem idoso sentenciou: “O mundo está perdido, eles não respeitam nem os velhos, de nada adianta o senador Paim fazer o Estatuto dos Idosos” e no fundo do ônibus veio cambaleando um pinguço, todo ônibus que acontece confusão sempre tem um bêbado, já notou? E ele veio tropeçando a disse para a senhora: “Eu já vi este cara e acho que faz parte de uma turma que bate carteira nos buzão. Tem que prender este lacaio” Só não fui linchado porque o motorista avistou uma viatura da Brigada e parou o coletivo. Descemos, eu e a senhora que havia sido roubada. Que vergonha, quantas pessoas de Campo Bom estavam no ônibus e agora? Que vexame. Os brigadianos nos atenderam e ouviram as duas partes, pediram documentos, mas a senhora continuava me ofendendo, chamando-me de ladrão e de outros adjetivos impublicáveis. O soldado pediu calma e perguntou se ela tinha certeza que eu havia roubado a carteira. Ela respondeu que um homem, aquele bêbado que estava dormindo no fundo do coletivo, disse que havia visto e que eu tinha jogado a carteira pela janela numa parada onde os meus comparsas estavam esperando. Pode? Nem o Spielberg teria tanta imaginação (só para lembrar: .... de bêbado não tem dono). Neste momento em plena Victor Hugo Kunz o celular da senhora toca e ela fica vermelha, depois pálida e com um sorrisinho disfarçado observa sem jeito: “Olha minha neta ligou avisando que eu deixei a carteira com dinheiro em casa. Quero pedir desculpas ao senhor”. Ai o Jájá do Morro das Pulgas virou marimbondo, virou galo,  mas como, passo por ladrão, quase sou linchado, estou prestes a ser preso por roubar uma velhinha desamparada e agora só porque ela tem Alzheimer ou sei lá o que, só um pedido de desculpas? Vou falar com o José Roberto Juchem e meter um processinho por calúnia, difamação, danos morais e ganhar uns trocos desta velha, pensei. O brigadiano sentindo a minha revolta intercede e me convence a aceitar as desculpas da senhora. Ela, porém insiste para irmos a sua casa que fica ali perto no Morro dos Papagaios e ao menos tomarmos um café e fazer um lanche. Aceito, afinal quem não comete erros, mas sou um misto de compaixão e revolta. A Brigada nos deu uma carona e ela insiste e os dois policiais também são convidados para participar do lanche. A senhora mora numa casa lindíssima. Após o lanche ela me diz: “Moço vou te dar um presente para tentar amenizar meu fiasco” e sobe a escadaria que leva ao segundo piso da residência ao retornar, no meio da escada ela traz consigo um relógio antiqüíssimo todo folhado a ouro, uma jóia rara e valiosa. Pensei comigo mesmo, vou exigir que ela assine um papel dizendo que me deu o relógio de presente, pois quem garante que ao chegar à rua, ela não entre em surto e diga que roubei o relógio? Mas no meio da escada acontece algo inusitado.... A senhora, o relógio, bem no meio da escada o relógio.... o relógio..., bem nem sei como dizer, mas o relógio.... o relógio desperta e eu acordo deste terrível pesadelo. Que bom foi apenas um sonho...

sexta-feira, 9 de março de 2012

O VENTRÍLOQUO

Morungava sempre foi um recanto de paz e harmonia, onde a pressa é inimiga de seus habitantes. Já escrevi que o filosofo e palestrante Domenico de Masi; italiano autor do celebre livro – O ócio criativo deveria conhecer Morungava um lugar onde dificilmente as pessoas morrem de ataque cardíaco. Neste recanto encantado tive a grata satisfação de passar momentos agradáveis. No sitio do tio Dino nos finais de tarde ficávamos sentados próximo a porteira para ver os tropeiros vindos de Santo Antonio trazendo o gado estrada a fora. A tropa vinha repontada e ao fundo lá para os lados do Passo Caveira o sol como uma abóbada sumia aos poucos, tudo isto contrastando com o céu vermelho anunciando tempo bom para o outro dia, sim porque se você aí da cidade não sabe, mas céu vermelho pela manhã é chuva próxima, e no final de tarde prenuncio de tempo bom, bem como, circulo em volta da lua é chuva em três dias. Por Morungava além de ciganos que vendiam suas panelas, colchas e tentavam “ver a suerte” de algum incauto, também apareciam por lá os mascates que vendiam roupas, pentes, Lancaster, avanço, sombrinhas, guarda-chuva, espelhos e outros cacarecos. Os carreteiros vindos da Data, localidade de Santo Antônio pernoitavam em Morungava. O pouso era certo e a hospitalidade do morungavense era conhecida na região. Recordo que os carreteiros andavam em comitivas de no mínimo três carretas e traziam para comercializar: melado, rapadura, ovos, porcos e galinhas, além de fumo em rolo e cachaça de alambique. À noite soltavam o gado no campo e montavam o acampamento e nós ali próximo ao fogo de chão ouvíamos as histórias que invariavelmente giravam em torno das supostas assombrações ou panelas de ouro enterradas durante a guerra dos farrapos e que se tornaram encantadas. A cuia corria de mão em mão enquanto um dos homens preparava o carreteiro feito de charque. Estes centauros do Rio Grande naquelas noites estreladas faziam história sem saber. Que cartão postal, que pintura, aquilo era a poesia viva! Também aparecia de dois em dois anos um velho circo que não recordo o nome, mas que se instalava próximo ao campo do Morungava. Era na verdade um teatro mambembe, pois o único leão era mais mansão que o Surtão e o pobre só tinha dois dentes, ou seja, o lateral esquerdo e o direito, mas o circo em termos de estrelas era excelente, era um circo mais de cinco estrelas, na verdade se via quase todas as estrelas pelos furos na lona. Mas algo que ficou na história, em determinado momento que apareceu em Morungava um ventríloquo, aqueles sujeitos que utilizam bonecos e com a boca fechada emitem a voz e a gente nem percebe que são eles que estão falando, pensamos que é o boneco tamanho treino e aptidão. Certa feita o tal ventríloquo que diziam tinha vindo de Gramado estava por Morungava e após o almoço saiu para dar umas voltas e conhecer a comunidade. Tarde de verão mormacenta, na estrada que vai para o Cemitério, o ventríloquo encontrou carregando uma carroça cheia de pasto para o gado, Amarolino que na verdade era um solteirão que veio para Morungava e fixou residência na cidade. Tio Maroca como conhecíamos era pau para toda obra, prestava serviços nas fazendolas e sítios e por último comprara uma carroça e fazia pequenos fretes. O ventríloquo mais ladino mascate, viu tio Maroca vindo pela estrada e a seu lado vinha um cachorro e uma cabrita. “O bom dia senhor” começou então um diálogo com o tio Maroca e prosseguiu “Olá, belo cão você tem aí. Importa-se se eu falar com ele? perguntou o ventríloquo”. “ Tio Maroca todo desconfiado disse: -” Cão não fala”. Mas o ventríloquo nem deu bola e perguntou para o cachorro: “Olá cão, com vai ?” E o cão para surpresa de Maroca respondeu:”Bem obrigado” O velho Maroca fica perplexo, mas o ventríloquo continuou: “Esse cara é o seu dono ?”. O cachorro responde: “Sim” E como ele te trata? pergunta o ventríloquo “Muito bem. Todo dia ele me deixa correr livremente, me alimenta e me dá uma boa semana...”, responde o cão. Tio Maroca fica abobado pensando ser o tal homem um encantador, mágico ou ilusionista. Então o ventríloquo diz: “Se importa se eu falar com seu cavalo? Maroca já ficando bravo é curto e grosso (mais grosso que dedão destroncado)  “Cavalo não fala”. Mas o ventríloquo não esta nem aí e pergunta: “Oi cavalo, como vai você? ““ Muito bem!”“, responde o cavalo. “ Esse aí é o seu dono ?” pergunta o ventríloquo “Sim...”, fala o pangaré junto a carroça. “E como ele te trata?” questiona o homem. “O cavalo sob o olhar curioso de tio Maroca “responde”“ Muitíssimo bem. “Cavalgamos regularmente, ele sempre me escova e me deixa na sombra para descansar...”. O velho Maroca atônito ... E o homem o ventríloquo continua: “Se importa se eu falar com sua cabrita ?”, pergunta.  Tio Maroca saltando dos tamancos já vai avisando: “Melhor não....  esta cabrita é muito mentirosa !!!
Trocando pneu de avião no ar
No Morungava nos anos 50 segundo tio Dino me contou havia um sujeito que tinha o apelido de Chico Bitato, vivia pelos galpões, morava de favor em troca de serviços nos sítios e granjas. Homem simples e até certo ponto ingênuo. Um grupo de pessoas se divertia com ele. Diariamente eles chamavam o idiota ao bar onde se reuniam e ofereciam a ele a escolha entre duas moedas: uma grande de 400 REIS e outra menor, de 2.000 REIS.  Ele sempre escolhia a maior e menos valiosa, o que era motivo de risos para todos. Certo dia, um dos membros do grupo chamou-o e lhe perguntou se ainda não havia percebido que a moeda maior valia menos. 'Eu sei' - respondeu assim: 'Ela vale cinco vezes menos, mas no dia que eu escolher a outra, a brincadeira acaba e não vou mais ganhar minha moeda. 'Pode-se tirar várias conclusões dessa pequena narrativa. A primeira:quem parece idiota, nem sempre é. A segunda: quais eram os verdadeiros idiotas da história? A terceira: Se você for ganancioso, acaba estragando sua fonte de renda. A quarta e mais interessante é: a percepção de que podemos estar bem, mesmo quando os outros não têm uma boa opinião a nosso respeito. Portanto, o que importa não é o que pensam de nós, mas sim, quem realmente somos. Moral da História...'O maior prazer de uma pessoa inteligente é bancar o idiota, diante de um idiota que banca o inteligente'. No Morungava os caras são tão ligeiros que trocam pneu de avião no ar... 100% Morungava – Tem que ter concurso!

 Tio Dino avisa: “Fogão do é coisa de fraco”
Tio Dino me enviou por e-mail esta foto que mostra como ele faz suas refeições. Ele diz mais no e-mail “ Fogão é coisa de fraco da cidade”. Se a idéia pegar por aqui?

segunda-feira, 5 de março de 2012

A FAZENDA DA DONA EMERENCIANA

Obra de Luiz Alberto Pont Beheregaray, Berega
Dona Emerenciana velha parteira de campanha se orgulhava de duas coisas, primeiro da profissão, por suas mãos quase 6 mil crianças vieram ao mundo ao longo de quase 70 anos de trabalho sacerdotal. Tia Emerê como era chamada herdou os conhecimentos de sua mãe que também foi parteira. Ela atendia em Morungava mas, também era chamada no Vira Machado, Pega Fogo, Morro da Pedra, Taquara, Morro Negro Maracanã, Gravataí, Glorinha e outras localidades que compõe a Grande Morungava, ou região metropolitana. Chuva, sol, calor, inverno, noite ou dia lá seguia dona Emerenciana para os sítios, fazendolas a ajudar as futuras mamães a trazer seus rebentos ao mundo. A grande maioria dos partos eram pagos com  leite, galinhas, ovos, garapa, ovelhas e até sacos de milho ou querosene. Ela se orgulhava de nunca ter perdido uma mãe num parto. Não raro em noites chuvosas, a velha parteira de campanha seguia no lombo do bainho para mais um parto. Relâmpagos cruzavam o céu, boi-tatá corria nas coxilhas, mas nada impedia a parteira em sua missão. Tia Emerê descendente de bugres conhecia as ervas como poucos – Chá de carqueja para colesterol, erva-bicho para  sarna e outras doenças de pele, marcela para o estomago, de jambolão para diabetes, losna para o fígado, chá de goiabeira para caganeira, caso não funcionasse tinha o velho sabugo, calma aí não é para o que você está pensando, fazia-se chá de sabugo com carvão e a diarréia cedia, conforme a tia Emerê. O segundo motivo de orgulho por parte da parteira era ser brizolista. Na campanha da Legalidade em 1961, Emerê chegou no “Bar do Antonio Porão (Pohren)” na beira da faixa (RS 020), no lombo do cavalo, apetrechada com lenço branco na cabeça lembrando a Hebe Bonafini; Mães da Praça de Maio (Argentina), o lenço maragato no pescoço, vestidão de chita e na cintura atravessado um revólver smith-wesson que pertencera ao Felisberto finado marido de Emerenciana e um facão (não da Adidas) mas era um três listras. Os homens estavam oitavados no balcão ouvindo o Lauro Hagemann do Repórter Esso e posteriormente o próprio Brizola que requisitara a Rádio Guaíba -AM e instalado a mesma nos porões do Palácio Piratini criando assim a Voz da Legalidade “Avante brasileiros de pé Unidos pela liberdade. Marchemos todos juntos com a bandeira que prega a lealdade” A velha parteira mais brava que marimbondo cutucado, observando a inércia dos morungavenses desceu do bainho e perguntou: “Quantos de vocês vão comigo para Porto Alegre, ajudar a defender a Constituição, formar barricadas e ajudar o governador Brizola a evitar que os trogloditas executem o golpe?”. Os homens ficaram atônitos e boquiabertos com a audácia daquela mulher. Como o “macharedo” não se coçava ela gritou: “Se ninguém vai junto eu vou para Porto Alegre seu bando de frouxos, quinta-colunas de uma figa”. explodiu  Emerenciana dando um “pranchaço” de facão em cima do balcão e seguiu pela faixa a cavalo. Chegou a Porto Alegre no clarear do dia, amarrou o bainho na Praça da Matriz, bem na frente do prédio onde hoje funciona o Bar do Darci,  mas não sem antes ter que peitear um brigadiano que não queria permitir que o cavalo ali fosse amarrado. “Eu sou uma patriota e brizolista e estamos em pé de guerra, portanto, vou deixar o bainho aqui e se tu invocar um pouquito más, já  amarro ele dentro no saguão do Palácio. É só duvidar”, avisou tia Emerê. A parteira velha se alistou como voluntária e ficou durante dez dias acampada na frente do Piratini. Na noite em que a Base Aérea de Canoas tinha ordens para bombardear o Palácio, mas acabou não ocorrendo porque os soldados e sargentos furaram os pneus dos aviões e prenderam os graduados. Naquela noite Emerenciana recebeu do governador Brizola um abraço, quando o mesmo conversava com a população na frente do Piratini. Ela contava orgulhosa o que Brizola lhe dissera: “Vamos resistir companheira, nós não vamos dar o primeiro tiro, mas o segundo e o último será dado pelos gaúchos”. O ato  de Emerenciana motivou os morungavenses que se bandearam para a capital e em torno 37 chegaram na frente do Piratini e participaram do maior movimento popular do Brasil. Este movimento derrotou o golpe, ou melhor impediu o golpe por quase quatro anos. Depois de aposentada com 97 janeiros nas costas sinhá Emerê passava os dias sentada na cadeira de balanço que fica na frente da casa ouvindo rádio, lendo ou  manuseando seu Notebook, sim, porque a velha parteira fez um curso e aprendeu a manusear o bicho e até manda os tal emails para suas amigas.  Já doente e carcomida pela idade ela manda chamar o neto e com a voz embargada, melancólica em tom de despedida, pega nas mãos do neto e diz: “- Meu querido, vou morrer em breve, mas quero que você saiba que vou te deixar minha fazenda, os tratores e debulhadoras, os cavalos, vacas, cabras e muitos outros animais, o estábulo e todas as plantações, além de R$ 2.450,00. Cuida de tudo com muito cuidado”, falou sinhá Emerê. O neto não escondendo a surpresa afirma: “Eitaaa vó, eu nem sabia que a senhora tinha uma fazenda. Onde fica?  A velha parteira já fechando os olhos dá um último suspiro antes de morrer e responde:- No orkut...”   100% Morungava – Tem que ter concurso!!